Botafogo: equipe do astro Honda venceu por 6 a 2 em tarde marcada por protestos (Ricardo Moraes/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 29 de junho de 2020 às 09h47.
Última atualização em 29 de junho de 2020 às 15h57.
O Botafogo e o Vasco venceram e o Fluminense perdeu na quarta rodada da Taça Rio. Estádios vazios, protestos, medidas de prevenção e muitos gols marcaram esse domigo (28). Pelas redes sociais, as equipes também pregaram respeito no Dia do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais).
O primeiro a pisar em campo foi o Botafogo, precisamente, às 11h, para enfrentar a Cabofriense. O alvinegro entrou para jogar, uniformizado com a mensagem “vidas negras importam” estampada na frente da camisa. Mas o que chamou a atenção era a faixa exibida pelos jogadores, “Protocolo bom é o que respeita as vidas”. A frase é uma crítica à Federação de Futebol do Estado Rio de Janeiro (Ferj), que liderou a retomada do Campeonato Carioca em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19).
Dentro das quatro linhas, os botafoguenses golearam, por 6 a 2, o time da Região dos Lagos. Pedro Raul marcou duas vezes, além de Cícero, Bruno Nazário Luis Henrique e Caio Alexandre. Aos dois minutos da partida, os alvinegros pararam a bola e se ajoelharam, repetindo o gesto antirracista que percorre o mundo, desde a morte do norte-americano George Floyd, em 25 de maio, asfixiado pelo joelho de um policial.
A vitória da equipe da estrela solitária coloca o Botafogo na briga pela segunda vaga do Grupo A, já que a primeira foi assegurada pelo Flamengo.
Quem também renasceu na competição foi o Vasco. Na estreia do técnico Ramon Menezes, o Cruz-maltino venceu o Macaé por 3 a 1, em São Januário. Todos os gols vascaínos foram marcados por Germán Cano. “Sempre sonhava poder marcar minha primeira tripleta (três gols), por sorte pude conseguir”, disse o argentino no canal do clube no youtube, já que entrevistas e coletivas, por enquanto, seguem proibidas. O resultado, somado à derrota de Madureira para o Resende (2 a 0), mantém a esperança do Vasco (5 pontos) de chegar às semifinais pelo grupo B. Mas quem está mais perto da vaga é o Volta Redonda (7 pontos), que surpreendeu o líder dessa chave, o Fluminense (9 pontos), com vitória de 3 a 0.
O tricolor não quis jogar no Maracanã, alegando desrespeito aos pacientes de covid-19 sob cuidados médicos no hospital de campanha, montado dentro do complexo esportivo do estádio. O jogo então aconteceu, às 19h, no Estádio Nilton Santos, com direito a faixa de agradecimentos aos profissionais da saúde na entrada do time. No retorno de Fred, o artilheiro não marcou e acabou substituído por Odair Hellmann no intervalo da partida. Quem balançou as redes foi o Voltaço, com Pedrinho e Saulo Mineiro, por duas vezes.
Todas as equipes voltam a jogar na próxima quarta-feira (1º) pela última rodada da Taça Rio.
Para os jogos decisivos da competição, a prefeitura do Rio liberou, em publicação extra do Diário Oficial, a presença de torcedores nas arquibancadas de estádios a partir de 10 de julho. A medida foi tomada menos de dez dias após o Campeonato Carioca de futebol ser reiniciado com portões fechados, e o estado registrar um recorde de novos casos da covid-19 em 24 horas (6.061, no último dia 19). A
decisão vai na contramão do adotado nas principais ligas da Europa, onde o pico da pandemia do novo coronavírus foi em abril. A maior parte das competições por lá foi retomada sem público e assim continua.
A volta da torcida aos estádios terá restrições, como o distanciamento de quatro metros quadrados por pessoa, venda de ingresso online e liberação de apenas um terço da capacidade dos estádios. Conforme a publicação, o planejamento é sujeito a alterações. Se o cronograma for mantido, a final da Taça Rio, segundo turno do torneio estadual, prevista para depois do dia 10, poderá ter presença de torcedores.
A autorização é prevista na fase 3B de flexibilização do isolamento social na cidade. Já a fase 5, começando em 1º de agosto, autorizará a utilização de dois terços da capacidade de público do estádio, mas, também com distanciamento entre torcedores e vendas online.
Na Europa, onde o futebol retornou entre meados de maio e o início de junho, sete das 10 maiores ligas do continente - de acordo com o ranking da União das Federações Europeias de Futebol (UEFA) - retomaram seus campeonatos nacionais após o pico da covid-19, em abril. França, Holanda e Bélgica foram as exceções. Em seis dos países em que a bola voltou a rolar, a determinação foi de portões fechados. Entre eles, Itália e Inglaterra, que estão entre os cinco com mais mortes pelo novo coronavírus.
A exceção entre essas sete ligas foi a Rússia, que permitiu a ocupação de 10% da capacidade dos estádios no retorno. Já na França, apesar de o campeonato local ter sido encerrado, a federação obteve liberação do governo para um público máximo de 5 mil pessoas nas finais das copas nacional, em 24 de julho, e da liga, uma semana depois.