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Brasileiro se rende aos altos e fortes (SUV)

Os SUVs (utilitários-esportivos) ganharam o posto de líder, com 370,5 mil unidades comercializadas até julho

Os SUVs são mais esportivos, mais altos em relação ao chão, com espaço e porta-malas maiores, com mais tecnologia e alguns têm tração nas quatro rodas (FCA/Jeep/Divulgação)

Os SUVs são mais esportivos, mais altos em relação ao chão, com espaço e porta-malas maiores, com mais tecnologia e alguns têm tração nas quatro rodas (FCA/Jeep/Divulgação)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 15 de agosto de 2021 às 18h24.

O mercado brasileiro já teve mais da metade das vendas voltada aos carros compactos, mas, neste ano, os SUVs (utilitários-esportivos) ganharam o posto de líder, com 370,5 mil unidades comercializadas até julho. O volume representa 31 7% do total de automóveis e comerciais leves vendidos no País, 1 ponto porcentual à frente dos antigos líderes, os modelos hatch.

Os SUVs são mais esportivos, mais altos em relação ao chão, com espaço e porta-malas maiores, com mais tecnologia e alguns têm tração nas quatro rodas, atrativos que estão conquistando clientes no mundo todo. Embora sejam mais caros do que modelos tradicionais hatch e sedã, a preferência do brasileiro por esse segmento cresce há 19 anos quase consecutivos.

Nos próximos quatro anos, os SUVs vão ganhar 12,2 pontos porcentuais em participação nas vendas de veículos no País, a maior alta porcentual entre sete dos principais mercados globais. A fatia do segmento vai passar dos 34,1%, previstos para este ano, para 46,3% em 2025, segundo estudo feito com exclusividade para o Estadão pela consultoria KPMG, usando como base dados da LMC Automotive (ver quadro).

Com isso, o País será o número dois no mundo com maior presença de SUVs em suas vendas, atrás dos Estados Unidos, cujo aumento será de 2,1 pontos entre este ano e 2025, quando atingirá fatia de 56,9% de utilitários no mercado local. O Reino Unido estará encostado no Brasil, com 46,2% de participação, seguido por China (43,2%), França (42,1%), Índia (34,9%) e Japão (21,7%).

“Tudo indica que o Brasil vai ser o país dos SUVs”, diz Ricardo Bacellar, responsável pela área automotiva da KPMG do Brasil. Ele ressalta, porém, que pouco mais da metade dos consumidores deverá adquirir outro tipo de carro, seja por não gostar dos utilitários, seja por não ter dinheiro para comprálos, por se tratar de um produto mais premium.

‘Sonho das nanicas’. Foram espaço, conforto e o visual que levaram a analista de sistemas Michelle Pirotello, de 43 anos, a escolher um SUV ao trocar de carro no mês passado. Antes, todos os automóveis que ela teve foram hatch.

“Uso o carro para passear, levar o filho de 10 anos à escola, ir ao supermercado, e nada nesse carro é apertadinho como nos outros”, diz ela, que mora com a família em São Caetano do Sul, no ABC paulista, e adquiriu um Hyundai Creta.

Michelle afirma que o utilitário, por ser mais alto, “é o sonho das nanicas” e que não pretende voltar, “de jeito nenhum”, para modelos hatch. O marido, Alfredo, segundo ela, sempre preferiu os sedãs, “mas agora quer dirigir o meu carro o tempo todo”.

Em uma lista dos 40 SUVs mais vendidos no Brasil publicada pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o Creta está em terceiro lugar neste ano, com 37,8 mil unidades. Nos próximos meses a Hyundai vai lançar a nova geração do modelo. Vão chegar ainda este ano o Pulse, primeiro SUV da Fiat, os Jeep Commander e o Compass híbrido, o Chevrolet Equinox, o Volvo XC40 elétrico, o BMW elétrico ix e o Chery Exeed.

Atualmente, 18 montadoras produzem 33 modelos de SUVs no País, e há ainda os importados trazidos pelas próprias fabricantes e mais 27 marcas. Segundo a Fenabrave, há cerca de 140 utilitários à venda no País a preços que variam de R$ 80 mil a mais de R$ 1 milhão, como o Mercedes-Benz Classe G.

Nova concorrente, a chinesa Great Wall deve chegar ainda este ano, primeiro como importadora e possivelmente como fabricante no futuro. A empresa produz utilitários e picapes e negocia a compra da fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), desativada em dezembro.

Na visão de Bacellar, da KPMG, além de atrativo ao consumidor, o segmento de SUVs é mais lucrativo para a indústria, por isso, muito dinheiro está indo para a inovação dos modelos. É o segmento com maior número de lançamentos neste ano.

Robusto. Acostumado a trafegar por estradas esburacadas, o gerente comercial Jorge Luis Miranda, de 41 anos, também trocou no mês passado seu hatch por um SUV da Jeep, o Renegade. “É alto tem estabilidade, rodas maiores e é confortável”, diz o morador de Recife (PE).

Ele afirma que queria um carro mais robusto para sair com a esposa e os três filhos, confortável para cinco pessoas. Miranda já teve modelos sedã e outro SUV, que precisou vender quando trocou de apartamento. Na lista da Fenabrave, o Renegade é o utilitário mais vendido neste ano, com 47,5 mil unidades.

Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, entidade que representa as montadoras, diz que “os SUVs vieram para ficar porque os consumidores gostam”.

Em sua opinião, os automóveis hatch devem perder espaço no mercado, mas ele ressalta que, atualmente, as estatísticas estão prejudicadas porque há baixa oferta desses modelos em razão da falta de semicondutores para a produção. Itens que chegam vão para modelos de melhor rentabilidade.

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