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Brad Pitt: vivemos em um mundo violento e temos que filmá-lo

O ator concorre à Palma de Ouro por sua interpretação em "Killing Them Softly"

O ator Brad Pitt: "seria muito pior interpretar um personagem racista, me perturbaria mais do que viver um matador de aluguel" (Valery Hache/AFP)

O ator Brad Pitt: "seria muito pior interpretar um personagem racista, me perturbaria mais do que viver um matador de aluguel" (Valery Hache/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2012 às 09h40.

Cannes - O ator americano Brad Pitt defendeu o uso da violência no cinema para contextualizar melhor sua existência no mundo real, assim como faz "Killing Them Softly" - o filme dirigido pelo neozelandês Andre Dominik e que foi apresentado nesta terça-feira na mostra competitiva do Festival de Cannes.

"Não sei se podemos rodar a violência de uma forma romântica, mas é preciso ilustrar essa realidade", afirmou Pitt em entrevista coletiva. Nesta, tanto ele como Dominik defenderam que os filmes devem mostrar o mundo como é na atualidade.

Com cabelo comprido, muito sorridente e se queixando do horário da coletiva, Pitt se mostrou taxativo ao afirmar que não se sente incomodado em interpretar personagens violentos. "Seria muito pior interpretar um personagem racista, me perturbaria mais do que viver um matador de aluguel", afirmou o ator.

Em seu filme, que é baseado em um livro ambientado nos anos 70, Dominik decidiu atualizar a história e situá-la em um momento mais atual, passando a utilizar a crise econômica como um elemento que condiciona tudo na sociedade, incluindo o pagamento dos matadores de aluguel.

"Senti que era uma história sobre o capitalismo", explicou o diretor, o mesmo de "O Assassinato de Jasse James pelo Covarde Robert Ford", que ressaltou que neste momento todo o mundo está motivado pelo dinheiro.

Nesta busca pelo dinheiro, os personagens fazem o que for preciso para conquistá-lo. "Não entendo o problema que há com a violência nestes momentos, já que o filme explica como sobreviver em um mundo cheio de concorrência".

De acordo com Dominik, as atuais críticas contra a violência em alguns livros infantis, como os clássicos dos irmãos Grimm, são contraditórias. Isso porque, segundo o diretor, a própria sociedade prepara as crianças para viverem em um mundo que é muito mais violento que qualquer ficção.

E justamente essa relação entre violência e crise econômica que reuniu Pitt e Dominik em um novo projeto juntos. "Buscávamos histórias sobre nosso tempo e sobre que somos. Mas, a crise econômica é o que ocupa as capas dos jornais atualmente", ressaltou o ator.


"Vivemos em um país muito dividido, e o filme mostra personagens com opiniões estranhas, diferentes e com as quais o ator não está necessariamente de acordo. Uma apologia do individualismo e do capitalismo poderia ser muito perigosa", completou.

Apesar da violência atual e da presente no filme, Pitt assegura que os "Estados Unidos é um país extraordinário, com muitas dimensões e sentimentos - como a integridade e a justiça. "No entanto, é preciso proteger seus ideais com cuidado, especialmente em países mais poderosos", declara.

E nesta defesa de ideais entra também o equilíbrio entre o cinema comercial e o artístico. "É a eterna batalha entre arte e comércio", afirmou o ator, que considerou que ambos os lados necessitam um do outro para avançar. "Trata-se de uma estreita relação de simbiose que nunca desaparecerá".

Ray Liotta, Scoot McNairy e Ben Mendelson acompanham Pitt neste filme, que, por sua vez, ainda consegue trabalhar alguns toques de comédia e ser pretensioso em seus planos, desfoques e conceitos artísticos.

É uma história que busca mostrar que, com a atual crise econômica, um ato de delinquência pode ocorrer em qualquer parte, um problema real que é refletido no filme.

"Este ano teremos coisas mais negativas que no passado", assinalou Pitt, que se mostrou pessimista ao falar que o panorama é "cada vez mais obscuro".

Aliás, essas palavras poderiam ter sido ditas por seu personagem no filme, Jackie Cogan, que fecha a história com outra ótima frase: "Estados Unidos não é um país, é um negócio".

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