Andei no Porsche mais rápido do mundo - e cheguei a 220 km/h
Na mesma pista de Interlagos onde Ayrton Senna reinou, pisei no 911 Turbo S, um canhão que atinge 100 km/h em menos de três segundos
Ivan Padilla
Publicado em 13 de agosto de 2020 às 07h00.
Não haveria local mais apropriado que um autódromo para colocar à prova a nova geração do esportivo Porsche 911 Turbo S , modelo de rua de uma das mais cultuadas marcas de carros , que, pelos seus números de desempenho, poderia muito bem ser denominado um superesportivo, sem perigo de se estar cometendo um exagero retórico. Afinal, trata-se de um fato: esse é o Porsche de rua mais rápido do mundo. Mais veloz que isso, só os modelos de competição.
Senão, vejamos: o carro, equipado com motor boxter traseiro 3.8 litros turbo (turbos, na verdade, no plural, porque são dois) e seis cilindros, é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 2,7s (0,2 segundo abaixo que o seu antecessor) e atingir 330 km/h. Melhor chamá-lo de bólido mesmo, não?!
O Porsche Turbo S é realmente uma evolução da espécie. Diria que mudou muito, para continuar sendo o mesmo — o mesmo carro que encanta quem acha que velocidade importa, sim!. A começar pelo motor citado acima, de geometria variável (traduzindo o mecanês: a geometria variável permite que o propulsor opere no máximo da potencialidade, numa faixa de regime mais ampla).
O esportivo, corrigindo, vá lá, o superesportivo está mais largo, traz novos recursos aerodinâmicos, a tração integral foi aperfeiçoada, o chassi foi rebaixado, até a dimensão dos pneus foi repensada. E, a cereja do bolo, o sistema de escapamento esportivo tem flaps ajustáveis, garantia de som diferenciado, nervoso, inquieto. O interior? Bem, basta dizer que o motorista se sente “vestido” pelo carro, em uma indumentária legitimamente esportiva, claro.
Enquanto deslisava pelo traçado de 4.309 metros de Interlagos — fazendo de tudo para não desrespeitar a história daquele palco do automobilismo mundial, por onde desfilaram dezenas, talvez centenas de pilotos vitoriosos, a começar por Ayrton Senna —, pensava comigo mesmo que existe lugar e hora para tudo. Ali, acelerando com tudo, fui vencendo meu medo e pisando fundo, muito fundo. Resultado: 220 km/h. Para mim, um colosso. Mas outros jornalistas fizeram 240 km/h, 250 km/h... paciência.
No cotidiano, a qualidade de vida e o meio ambiente pedem cada vez mais carros racionais, contidos, econômicos, compactos, menos exibidos até, capazes de cumprir com sensatez sua tarefa de levar e buscar pessoas e coisas para cima e para baixo, não causando no entorno ruídos — no sentido figurado e literal.
Terminado o expediente do dia, da semana, chegado o feriado prolongado, programadas as férias, poder dirigir uma máquina dos sonhos é uma terapia e tanto. E, se for em uma pista que permita o piloto se soltar sem pisar antes da hora nos freios, melhor ainda. Acelerar, domar as curvas, testar a própria coragem nas retas, tendo como companhia o — literalmente, aqui — ruído, melhor dizendo, a sinfonia de um belo motor.
O novo Porsche Turbo S deixa a gente assim, meio sensível, meio poético ao volante, a ponto de me fazer encontrar um paralelo daquele momento com os encantadores versos do mestre Carlos Drummond de Andrade: “Eu não devia te dizer, mas essa lua, mas esse conhaque, botam a gente comovido como o diabo”. É quase isso…
Porsche 911 Turbo S
Motor: 3.8 litros biturbo
Câmbio: automático, de oito velocidades
Potência: 650 cv
Torque: 800 Nm
Velocidade: 0 a 100 km/h: 7,7s
máxima: 330 km/h
Preço: a partir de 1.359.000 reais