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"Alemão" ficcionaliza tomada do complexo carioca de favelas em 2010

Com Cauã Reymond no elenco, 'Alemão' estreia nesta quinta-feira (13)

alemão (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de março de 2014 às 07h15.

Diretor paulista que se radicou em Brasília, cidade em que assinou seus filmes mais conhecidos, como "Concepção" (2005) e "Meu Mundo em Perigo" (2007), para depois sair de sua zona de conforto com a comédia "Billi Pig" (2010), José Eduardo Belmonte afasta-se mais ainda de seu território habitual em "Alemão" -um drama ambientado num dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro, que foi palco de uma gigantesca ocupação policial-militar em 2010.

Não é tão difícil, porém, entender o que atraiu Belmonte a este projeto, já que sua obra deixa clara uma identificação com dilemas urbanos e contemporâneos.

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O enredo, ainda que calcado em fatos reais, num filme que recorre a trechos documentais, é ficção. Partindo de uma ideia original do produtor Rodrigo Teixeira, os roteiristas Leonardo Levis e Gabriel Martins focalizam o sufoco de cinco policiais infiltrados no Alemão, no momento em que suas identidades são descobertas -e a ocupação do complexo ainda não foi autorizada.

Os cinco se refugiam numa pizzaria, que é comandada por um deles, Doca (Otávio Müller) -o único cuja identidade ainda não foi exposta. Os outros são Samuel (Caio Blat), Danilo (Gabriel Braga Nunes), Branco (Milhem Cortaz) e Carlinhos (Marcello Melo Jr.).

No subsolo da pizzaria, existe um quase bunker, onde eles estocaram armas para uma emergência, como agora, que estão sendo caçados pelos homens do traficante dono do pedaço, Playboy (Cauã Reymond).

Contando com um elenco experiente, em que se destaca também Antônio Fagundes, como o delegado Valadares, o diretor empenha-se na direção de seus atores.

Mas, desde o começo, o roteiro, assinado por jovens profissionais com pouca experiência, vacila na definição dos personagens e na explanação de seus conflitos internos.

Qual a origem da rixa entre Branco e Danilo? Por que se opta por jogá-los no esconderijo sem nenhum tempo de apresentá-los e permitir ao público identificar-se com eles? Resultado, talvez, de uma produção filmada muito rapidamente -18 dias- em alguns dos cenários reais.

Sendo assim, parece que a ação começa atravessada. E, no seu decorrer, embora enérgico, incorre-se em alguns excessos - por que gritam tanto estes policiais encurralados, ainda por cima com uma sobreposição de música?

Fora isso, perde-se contato com o realismo em detalhes. Não se vê um pacote de droga no quartel-general destes poderosos traficantes. Só armas, com certeza, o detalhe mais pesquisado da produção, inclusive contando com assessoria técnica neste sentido.

Não situando bem as disputas entre os protagonistas, a história perde energia. No trecho final, há um interesse excessivo em relacionar a ficção na tela com acontecimentos reais depois da ocupação. O recurso revela-se um tanto forçado e não encobre os defeitos da ficção, na qual se poderia ter investido mais tempo para afinar sua própria consistência dramática, em vez de procurar apoio num discurso neste final.

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