Relógios das marcas do grupo Richemont: destaque do salão Watches & Wonders (FHH/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 6 de abril de 2021 às 06h00.
Última atualização em 20 de abril de 2021 às 15h18.
Se tem uma coisa que a pandemia fez para o mercado de relógios de luxo foi unir marcas rivais na maior feira do segmento de todos os tempos. Começa amanhã a Watches & Wonders, organizada pela Fondation de la Haute Horlogerie, em Genebra – Genebra é um modo de dizer, porque as apresentações serão, evidentemente, virtuais.
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Participarão do evento 38 marcas no total, as maiores do segmento, o dobro do ano anterior. Esta é a lista completa: A.Lange & Sohne, Arnold & Son, Baume & Mercier, Bvulgari, Carol F. Bucherer, Cartier, Chanel, Chopard, Chronoswiss, Corum, Ferdinand Berthoud, Greubel Forsey, H.Moser & Cie, Hermès, Hublot, IWC Schaffhausen, Jaeger-LeCoultre, Louis Moinet, Louis Vuitton, Maurice Lacroix, Montblanc, Nomos Glashütte, Oris, Panerai, Patek Philippe, Piaget, Purnell, Rebellion Timepieces, Ressence, Roger Dubuis, Rolex, Speake-Marin, TAG Heuer, Trilobe, Tudor, Ulysse Nardin, Vacheron Constantin e Zenith.
Estarão presentes as marcas de dois dos maiores grupos do setor, Richemont e LVMH, além das manufaturas indepentes. A exceção são as manufaturas do grupo Swatch, com destaque para Omega e Longiness, duas das cinco marcas de alta relojoaria mais vendidas do mundo e que não irão participar. De terça 7 a segunda 13 de abril, serão cerca de 500 apresentações online dos lançamentos do ano para jornalistas e 400 demonstrações para revendedores finais. Estão inscritas 23.000 pessoas no total.
Os ponteiros marcam bilhões
O que está em jogo são as cifras bilionárias desse mercado. Segundo estimativas do banco Morgan Stanley e divulgadas pelo site especializado Monochrome, o mercado de relojoaria de luxo movimentou 34 bilhões de dólares em vendas em 2020. Parece muito, e é mesmo, mas representa uma queda de 22% em relação ao ano anterior, devido principalmente à crise econômica provocada pela pandemia.
Em exportações, quando os relógios saem das manufaturas na Suíça, o valor registrado foi de 17 bilhões de dólares. Esses números não eram vistos desde 2011. De lá para cá esse mercado só cresceu. Também são cifras pouca coisa superiores às registradas em 2008, ano da crise financeira. Em termos de volume, um total de 13,8 milhões de relógios foram exportados em 2020, frente a 20,6 milhões em 2019.
A contração maior foi de relógios mecânicos de entrada ou de quartzo, abaixo de 3 mil dólares, de 36%. Em momentos de crise, grifes consagradas costumam se manter na liderança. Sem surpresas, portanto, a Rolex continua à frente em market share, com 25%. Pela primeira vez, o grupo Rolex, que contempla também a marca Tudor, foi maior do que todo o grupo Swatch.
Segundo o Morgan Stanley, a Rolex movimentou pouco mais de 8 bilhões de dólares em vendas, com cerca de 810.000 relógios vendidos. Portanto,o preço médio de cada relógio foi de cerca de 10.000 dólares. Na sequência estão Omega, com faturamento estimado de 3 bilhões de dólares e 500.000 relógios vendidos, e Cartier, com 2,2 bilhões de dólares e quase meio milhão de unidades comercializadas.
Enquanto isso, em 2020 foram vendidos cerca de 75 milhões de smartwatches, com grande destaque para o Apple Watch – ou seja, cerca de cinco vezes mais do que toda a indústria suíça. Por isso os relógios de entrada sofreram mais. E esse foi um dos motivos para as manufaturas decidirem unir forças em uma feira única agora, a Watches & Wonders.
Divisão no passado
Até 2019, as principais marcas de relógios se dividiam em duas feiras. A SIHH, ou Salon International de la Haute Horlogerie, organizada pela mesma Fondation de la Haute Horlogerie, acontecia em janeiro, em Genebra. Reunia as marcas do grupo Richemont, como Cartier, Montblanc, Panerai e IWC, e algumas independentes. Era relativamente pequena e pautada pelo luxo.
A outra grande feira da indústria da alta relojoaria era a Baselworld. Acontecia na Basileia, também na Suíça, no mês de abril, era maior e mais democrática. Reunia marcas de entrada e também algumas consagradas, como Rolex e Patek Phillipe. Assim, quem acompanhava o setor se deslocava duas vezes ao ano para a Suíça, em janeiro para Genebra e em abril para a Basileia.
Para 2020, uma novidade estava anunciada: a SIHH mudaria de nome para Watches & Wonders e aconteceria em abril, perto da data da Baselworld. Assim, jornalistas e revendedores só precisariam viajar para a Suíça uma vez ano. Já era uma tentativa de unificar, de certa forma, a ação das maiores manufaturas do mundo.
Mas eis que veio a pandemia e tudo mudou. A Watches & Wonders foi realizada às pressas virtualmente. Já Baselworld foi adiada para o começo deste ano e as marcas que participavam de lá fizeram então apresentações virtuais independentes.
Até que aconteceu o que ficou apelidado de “Rolexit”, a saída de cinco grandes maisons da Baselworld para se juntar à Watches & Wonders. São elas a Rolex e sua segunda marca, Tudor, além de Patek Phillipe, Chopard e Chanel. Outras marcas mais aderiram e agora temos esse grande salão unificado.
“Com certeza este evento será o mais badalado de todos os tempos por unir as marcas mais importantes de Basel com o antigo SIHH”, afirma Freddy Rabbat, diretor da operação da TAG Heuer no Brasil. “O resultado será em um acontecimento muito especial e que só será superado no pós-covid-19, quando estivermos todos fisicamente juntos.”
Acompanhe por aqui nos próximos dias a cobertura completa da Watches & Wonders.