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A alfaiataria inspirada no mundo do skate da Dod

Marca de Jubba Sam, com calças e camisas largas, vai terminar o ano com faturamento de R$ 5 milhões

Jubba Sam em sua loja: roupas do lazer para o trabalho (Leandro Fonseca /Exame)

Jubba Sam em sua loja: roupas do lazer para o trabalho (Leandro Fonseca /Exame)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 21 de dezembro de 2025 às 07h00.

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Convencionou-se nas últimas décadas a associar a alfaiataria a uma modelagem justa. Se o costume estivesse folgado, faltava alinhamento. Quanto mais pano, menos elegância. Em anos mais recentes, as normas ficaram mais relaxadas. Os paletós, também.

Nesse contexto, tem feito muito sucesso a alfaiataria da marca Dod. Mesmo no auge da ditadura da modelagem slim, Juares Tenório, o Jubba Sam, questionava os padrões rígidos da moda. Em 2020 ele fundou a marca Dod. E no fim de 2021 abriu a única loja até hoje da marca, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.

Jubba criou a marca a partir de quase uma necessidade pessoal: criar calças sob medida que traduzissem seu repertório estético, mais ligado à rua do que às passarelas então. O próprio nome da marca traduz essa intenção. Dod é uma corruptela de dude, gíria americana que em nada lembra a sobriedade associada à alfaiataria.

Na Dod, as calças de modelagem bastante ampla chegam a ter bocas de 30 centímetros. “Quando as pessoas entendem que podem experimentar estéticas diferentes, independentemente do corpo ou da idade, tudo evolui”, diz Jubba. O amplo, aqui, não é tendência passageira, mas consequência de uma busca por conforto e liberdade. “Depois que você descobre o conforto, dificilmente se rende a outras imposições.”

Da rua ao varejo

O interesse pela moda veio cedo, influenciado pela vivência no skate. Foi a partir das ruas que Jubba começou a construir uma identidade visual própria, fora do padrão dos anos 2000. O refinamento desse estilo aconteceu quando ele passou a trabalhar no varejo de moda no Brasil, em um período de consolidação de marcas nacionais.

Jubba passou por marcas como Fórum, Zoomp, Ellus, Iódice e Osklen. A experiência entre linguagens distintas, do jeanswear à moda autoral, trouxe a ele repertório técnico, mas também visão comercial. Hoje, o propósito da marca é criar roupas capazes de transitar por diferentes ambientes, do lazer ao trabalho, sem perder a identidade.

Celebridades como clientes

Segundo Jubba, a Dod não fala com um público etário específico, e sim com pessoas que entendem a imagem como instrumento de expressão. Entre seus clientes estão nomes da música, do cinema e da televisão, como Emicida, Luedji Luna, Liniker, Baco Exu do Blues, Bella Campos, Leandro Lima e Jotapê.

A Dod já trabalhou em colaborações com marcas como Vans, Rimowa, Lacoste, Stance, Swarovski e Levi’s. Os resultados atestam a aceitação da proposta. A marca projeta aumento de faturamento entre 30% e 40% em relação a 2024, depois de um crescimento de cerca de 20% no último ano. O faturamento estimado para 2025 é de R$ 5,5 milhões.

“Nossos custos são elevados, mas conseguimos praticar preços justos”, afirma. A prioridade, segundo ele, é transformar discurso em produto real, sem comprometer qualidade ou valores. No site, a calça parte de R$ 1.690. O custo de uma peça sob medida é mais alto.

Entre os projetos em gestação está uma Dod itinerante, com lojas sobre rodas montadas em pontos estratégicos da cidade. Jubba também planeja uma linha com peças de entrada, talvez novas lojas físicas e, quem sabe, entrar no mercado internacional.

A moda funciona por ciclos. Nos anos 1980, a geração yuppie aderiu a paletós com ombreiras e calças largas. A Dod não tem a pretensão de reinventar a alfaiataria. Apenas devolvê-la às pessoas.

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