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10 anos sem Michael Jackson: qual imagem ficará do rei do Pop?

Imagem que restará pode ser a de abusador de menores, ou de astro da música

Em 25 de junho de 2009, morte de Michael Jackson foi abreviada por doses desmedidas de propofol, benzodiazepina e distúrbios psíquicos (Carlo Allegri / Equipa/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de junho de 2019 às 10h14.

Última atualização em 25 de junho de 2019 às 10h15.

Amar ou odiar Michael Jackson parece ter-se tornado uma questão de escolha entre duas narrativas que conseguiram polarizar o maior caso de idolatria do século 20. Aos que o amam: Michael Jackson colocou sozinho a música pop em patamares numéricos nunca atingidos; ergueu, com Quincy Jones, Thriller, o álbum artisticamente mais vitorioso da história; e, flutuando no palco, se tornou o artista mais completo de sua era.

Aos que o odeiam: denúncias de dois homens feitas no documentário Leaving Neverland apontam para prática de pedofilia nos anos 90. Jackson teria seduzido os então garotos Wade Robson e James Safechuck com todo o seu poder magnético de superastro e enganando inclusive suas mães para poder dormir com eles. Tudo na base dos depoimentos de memória e sem direito à defesa, mas com combustão suficiente para incendiar a Terra do Nunca. E então? O que a história faz com esse homem? Apaga Michael do mapa pelo terror que pode ter provocado àquelas vidas ou deixa seu passado decidir sobre o seu futuro?

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O tempo, por enquanto, observa. Michael Jackson, neste dia em que se completam dez anos de sua partida, em dia 25 de junho de 2009, abreviada por doses desmedidas de propofol, benzodiazepina e distúrbios psíquicos que o acompanharam desde a infância em Gary, Indiana, se tornou uma incógnita que terá um veredicto mais preciso apenas por volta de 2029, quando mais dez anos devem garantir o distanciamento histórico necessário para se avaliar os prejuízos das denúncias. Afinal, Michael Jackson, o homem, teria força para derrubar Michael Jackson, o mito?

Ao mesmo tempo que os números caminham bem, com lucros na casa dos US$ 2,5 bilhões desde sua morte, algumas homenagens pisam no freio. A mais sentida deve ser a paralisação de um documentário que vinha sendo produzido para comemorar os 50 anos do Jackson Five, o grupo seminal formado por Jackson e seus irmãos. "O aniversário de 50 anos foi planejado e toda a família participou. Seria uma celebração daquilo que deu início à marca Jackson. E agora, tudo foi perdido nessa confusão", disse Jodi Gomes à agência de notícias Associated Press. Jodi trabalhou na reality serie The Jacksons: A Family Dynasty, de 2009, e na minissérie de 1992, The Jacksons: A American Dream.

Algumas emissoras de rádio também se posicionaram apagando Jackson da programação logo depois da exibição do documentário na HBO. Na Nova Zelândia, foram duas, uma do grupo MediaWorks e a outra sua concorrente, a NZME. Outras três companhias do Canadá fizeram o mesmo. O presidente da MediaWorks, Leon Wratt, declarou: "Michael Jackson não está atualmente em nenhuma playlist das estações de rádio da MediaWorks. Isso é um reflexo do nosso público e de suas preferências - é nosso trabalho garantir que nossas estações de rádio estejam tocando a música que as pessoas queiram ouvir".

As pessoas, contudo, podem querer seguir ouvindo Michael Jackson. Seu sobrinho, Siggy Jackson, que não acredita nas denúncias, disse o seguinte à AP: "Nenhuma mentira destruirá o que nos foi dado como uma bênção de Deus, que era meu tio. Você jamais destruirá o legado dele com uma mentira mesquinha. Ele estará aqui, e mesmo depois que Deus nos chamar para sua casa, esse legado viverá e nunca será destroçado". Eis o enigma Jackson: se sua obra sobreviver a uma acusação que não parece admitir o benefício da dúvida, quanto menos a discussão "crime ou patologia?", nada mais será capaz de destruí-la.

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