Um Rio cheio de oportunidades
A capital fluminense está buscando profissionais para todos os setores: de energia a construção civil, passando pelo turismo, telecom, TI e varejo
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2013 às 19h36.
São Paulo - O Rio de Janeiro da praia, do sol e do mar voltou a ser o Rio de negócios, investimentos e muito emprego. Depois de um período recente de êxodo de profissionais e empresas, a capital fluminense vive um momento de dinamismo que há alguns anos não se via. Curiosamente, boa parte dessas oportunidades está relacionada a uma das paisagens mais representativas da cidade: o mar.
A descoberta de petróleo na camada do pré-sal reaqueceu o setor de energia do país, principalmente do Rio, que disputa, a peso de ouro, a pouca mão de obra qualificada disponível no mercado com os demais setores da economia, como a construção civil, que tem pela frente as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016.
No topo das carreiras mais procuradas estão eles — os engenheiros, com salários que variam de 5 000 reais a 30 000 reais ou mais. A indústria petroquímica e naval, o mercado financeiro, as empresas de telecom e de TI, assim como o varejo, não ficam atrás e entram na onda do entusiasmo econômico, na concorrência por outros profissionais.
"O Rio tem tudo para ser uma Dubai brasileira", diz Robson Castro, presidente da Agnis Executive Search. Com sede no Rio, a empresa de Robson, especializada em recrutar pessoas mediante a demanda das empresas, prevê recrutar até julho de 2011, somente para o setor de energia, que inclui petróleo, gás natural e biocombustíveis, 30 executivos com salários de 30.000 reais a 50.000 reais, 80 gerentes de nível médio, com salários entre 15 000 reais e 30 000 reais, e 150 especialistas, incluindo engenheiros juniores, advogados e secretárias executivas, com salários entre 8 000 reais e 13 000 reais.
Na construção civil, a previsão é recrutar 15 engenheiros civis, arquitetos, paisagistas e engenheiros de projeto, com salários de 25 000 reais a 35 000 reais e 50 pessoas para cargos administrativos, com ganhos de 10 000 reais a 20 000 reais.
“Só na semana passada, recebi duas ligações de empresas da área de petróleo e gás, uma americana e outra indiana, interessadas em contratar gerentes-gerais para as operações que ambas pretendem montar no Rio”, conta Robson. O Brasil tem 34 empresas internacionais de exploração que são detentoras dos blocos de petróleo licitados pela Agência Nacional do Petróleo.
Exemplos como esse não param por aí. A Passarelli Consultores, que trabalha com seleção de executivos a partir de São Paulo, registrou um aumento de 100% das suas operações no Rio de Janeiro entre 2008 e 2009. De janeiro a junho deste ano, essa participação já se igualava ao total de operações do ano passado.
“A expectativa para o Rio é muito boa. Com a retomada do processo de crescimento, parado por um longo tempo, o reflexo é uma maior busca por profissionais qualificados”, diz a diretora Laís Passarelli. A consultoria em recrutamento Michael Page também sentiu essa evolução. Em 2008, o Rio representava 16% de todos os seus projetos.
Até agosto deste ano, esse número pulou para 23%. Grande parte se deve às empresas prestadoras de serviços que alimentam a cadeia de energia. São companhias de helicóptero, para transporte de funcionários para as plataformas e embarcações, que precisam de pilotos e mecânicos de aviação; montadoras de tubulações submarinas, de tecnologia de perfuração em águas profundas e uma infinidade de outros serviços que buscam técnicos, projetistas e profissionais com perfil comercial para negócios com a Petrobras e outras empresas de energia.
“Nessas empresas, o conhecimento técnico paga mais que os cargos gerenciais”, diz Ricardo Guedes, diretor da consultoria Michael Page. A remuneração pode ser de 30% a 60% maior que em outros setores.
Para ter uma ideia desse potencial, 70% das operadoras de extração e perfuração de petróleo e gás natural do país estão no Rio. E as de biocombustíveis vão no mesmo caminho. Uma das mais novas empresas desse segmento, nascida da parceria entre a Petrobras, a Mitsui e a Camargo Corrêa, tem escritórios na capital fluminense e está com cerca de 50 cargos em aberto, no Rio e em outras cidades.
A PMCC vai oferecer soluções logísticas para o transporte de etanol e operar o primeiro alcoolduto do país de longa distância, escoando inicialmente a produção do interior dos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo para os mercados consumidores do Sudeste e futuramente para o litoral com vistas à exportação.
“Ainda teremos oportunidades profissionais nas áreas executivas e de apoio em engenharia, finanças, construção, saúde e meio ambiente, comercial e outras posições estratégicas muito específicas para o sucesso do negócio”, adianta Reinaldo Barranco, de 42 anos, diretor de RH da PMCC.
Familiarizado com o tema, depois de comandar por sete anos a área de recursos humanos para a América Latina da britânica BG Group e conduzir neste momento o start up da PMCC, prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2011, Reinaldo admite que o setor sofre com a carência de profissionais com expertise técnico.
“No curto prazo, uma das saídas que essas empresas tem de tomar é trazer profissionais de outros países e, em alguns casos, buscar brasileiros que estão lá fora, em multinacionais, atuando em posições similares, prontos para os desafios que o mercado brasileiro oferecerá. E esse profissional é negociado a peso de ouro no mercado”, diz Reinaldo. “Já no médio e longo prazo, o investimento das empresas na formação e no desenvolvimento do expertise nacional será a grande solução para esses setores”, complementa.
Pleno emprego
A taxa de desemprego da cidade está em 5%, o que coloca o Rio num cenário de pleno emprego. No setor financeiro, a grande procura é por profissionais em fusões e aquisições, analistas de crédito e administradores de fundos, muito requisitados pelas butiques de investimento, que administram fortunas.
“Essa é uma área que ganhou fôlego com o aquecimento do mercado e tem atraído principalmente cariocas, que trabalhavam no mercado financeiro paulista e receberam boas propostas para voltar ”, diz William Monteath, diretor de operações da unidade da Robert Half no Rio. Os salários são atraentes.
Um analista recebe cerca de 6 000 reais, um especialista, 8 000 reais e um gerente 14 000 reais. As previsões da Robert Half para 2010 são de recrutar 150 pessoas para o setor de óleo e gás, 90 para construção civil e 70 para telecom, abrangendo áreas de finanças, marketing e vendas, engenheiros e assim por diante.
O comércio é outro setor que tem demandado gente, principalmente para comercialização via internet. “Tem muitas empresas de pequeno varejo se estruturando nessa área”, diz Alexia Franco, diretora da unidade carioca da consultoria de recrutamento Hays. “Oportunidades também não faltam para contadores da área fiscal e tributária”, completa.
Foi pensando nos novos nichos em expansão que Elaine Barbosa Couto Silveira, de 33 anos, resolveu investir na área de telecom.“O celular vai ser cada vez mais o computador pessoal e essa é uma área que tem tudo a ver com tecnologia”, diz Elaine. E, quando se fala em telecom, as oportunidades não estão apenas nas operadoras de telefonia.
Elaine assumiu há quatro meses a diretoria de finanças da Hanzo S/A, uma agregadora de serviços que faz a ponte entre as empresas e as operadoras prestando serviços de SMS personalizados. Mal entrou na área, e Elaine percebeu a dificuldade de recrutar gente, pois o mercado está muito aquecido.
O turismo também tem atraído quem gosta de eventos e esportes e quer aproveitar esse momento de preparação para a Copa e Olimpíada para crescer na carreira.