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Seu currículo já é selecionado por robôs. Entenda como isso acontece

O nome do robô é Gaia e é com ele que a Gupy tem selecionado os candidatos para vagas em empresas como a Ambev, Gol e Kraft Heinz

Devo listar todas experiências profissionais no currículo? (foto/Thinkstock)

Devo listar todas experiências profissionais no currículo? (foto/Thinkstock)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 11 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 16 de julho de 2019 às 15h12.

São Paulo - Uma preocupação antiga de quem busca uma vaga de emprego é fazer seu currículo se destacar no meio de uma pilha de papel na mesa do recrutador. Com a introdução da inteligência artificial no RH, fica a dúvida: o robô vai ler seu currículo?

Sim. O seu e de todos os candidatos que inscreverem para as vagas. Segundo Guilherme Dias, diretor de marketing da Gupy, os robôs já conseguem ler currículos e entender muito mais sobre o perfil de candidatos em menos tempo.

“Por mais Black Mirror que o mundo se torne, o robô não vai substituir 100% o recrutador. O olho no olho ainda é fundamental e sempre vai existir a etapa da entrevista, mas nas etapas iniciais do processo, principalmente na triagem de currículos, a inteligência artificial dá mais agilidade”, explica Guilherme.

Antes do currículo ser enviado, a plataforma primeiro precisa ensinar a inteligência artifical, ou a Gaia, como ela foi nomeada, quais são as características mais desejadas para a vaga.

Para isso, as empresas começam escolhendo uma amostra de funcionários que representam o perfil e performance semelhantes ao que procuram entre os candidatos. Esse grupo vai responder na Gupy o teste de perfil, que irá criar a “versão 0” do algoritmo.

Então, após a vaga ser aberta e divulgada, conforme são mandados os currículos, a Gaia entra em ação, lendo o texto e cruzando as informações com a descrição para o cargo.

“Você pode subir o pdf ou preencher nosso formulário, o programa entende o que está escrito, então não adianta escrever apenas palavras-chave ou excel várias vezes. Ele vai entender as habilidades descritas ali e cruzar com as informações que obteve do mapeamento do grupo inicial”, diz o diretor.

O próximo passo de Gaia é criar um ranking dos candidatos, levando em conta o que entendeu dos currículos, teste de perfil e outras etapas escolhidas pela empresa, como um teste de inglês ou teste de lógica. Segundo o diretor de marketing, são mais de 100 características que podem ser identificadas pela IA.

Os recrutadores da empresa terão acesso a essa lista para selecionar os profissionais para entrevistas. Conforme a empresa usa a plataforma e dá o retorno sobre os candidatos que avançam na seleção e são contratados, Gaia aprende mais sobre o perfil ideal para a companhia.

Cada processo e aprendizado é específico para cada empresa que usa a Gupy.

Gaia pode aprender, por exemplo, que o teste de lógica tem pouca relevância para encontrar os melhores funcionários para uma vaga, ajudando a aprimorar o processo em si. “Com o tempo economizado na análise de currículos, o RH pode pensar melhor no processo”, diz o diretor.

Aprender com viés?

O uso de inteligência artificial é uma novidade, mas já trouxe controvérsias. Em 2018, foi revelado que o algoritmo usado pela Amazon aprendeu que as maiores contratações tinham sido de homens, então começou a diferenciar a classificação de candidatos que tivessem termos femininos no currículo.

O algoritmo acabou sendo cancelado.

Para evitar erros como esse, Guilherme Dias conta que o robô usado pela Gupy não avalia o gênero ao analisar o perfil inicial e de aprovados.

“Temos um time de sucesso do cliente que ajuda os gestores da empresa a usar bem a plataforma, para que os líderes e recrutadores tenham a mentalidade certa para usar a tecnologia como aliada. Para isso, temos que escrever a vaga da forma certa, sem termos que possam causar discriminação, como usar termos no masculino para o cargo”, explica.

Se a IA está treinada para ignorar o campo de gênero, ele não irá aprender a distinguir nessa categoria e isso garante a isonomia para qualificar os candidatos.

Para ele, o uso dessa tecnologia para triagem em processos seletivos está só no começo e se tornará cada vez mais eficiente e comum no mercado. “Temos uma jornada longa ainda. No futuro, ainda teremos análise em vídeo e de imagens. O padrão hoje é o texto”, diz.

Outra tendência será uma melhora da experiência para quem tenta as vagas, aumentando o feedback durante o processo.

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