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Ritmo frenértico

"Depois de me formar em administração e de fazer um breve estágio no grupo financeiro Icatu, aceitei uma proposta para ingressar na área de finanças corporativas num grande banco internacional. Trabalhei lá quatro anos, um deles em Nova York. Nesse tempo, tive o privilégio de conviver com pessoas determinadas, inteligentes e rápidas. Seu objetivo: vencer […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h32.

"Depois de me formar em administração e de fazer um breve estágio no grupo financeiro Icatu, aceitei uma proposta para ingressar na área de finanças corporativas num grande banco internacional. Trabalhei lá quatro anos, um deles em Nova York. Nesse tempo, tive o privilégio de conviver com pessoas determinadas, inteligentes e rápidas. Seu objetivo: vencer na vida e ganhar muito, muito dinheiro. Acontece que tudo tem um preço e, no caso do mercado financeiro, ele é altíssimo.

Para começar, a carga de trabalho é descomunal. Eu e o pessoal da minha área trabalhávamos em média 15 horas por dia. Mas nem sempre isso era suficiente. Já cheguei a trabalhar 33 horas seguidas. Numa ocasião, dormi no chão do escritório, às 5 da manhã, esperando um fax de Hong Kong. Também me lembro de passar o dia inteiro com uma febre de 40 graus. Estar disponível o tempo todo também faz parte do jogo. Durante o ano em que morei nos Estados Unidos, trabalhei quase todos os fins de semana.

Apesar de toda a pressão, porém, fiz grandes amigos no mercado financeiro. Afinal, com o tempo você percebe que as pessoas não são desumanas. Desumano é o trabalho. Doenças relacionadas ao estresse, comuns nesse meio, são um reflexo disso. Eu mesma sofri com anemia, insônia, falta de ar e dores na coluna antes de pedir demissão, uns dois anos atrás. A experiência no mercado financeiro foi dura e incrível ao mesmo tempo. Aprendi muito e não me arrependo de nada. Quando deixei o banco, a intenção era simplesmente resgatar meus valores e minha qualidade de vida. Precisei de um ano para pensar qual seria meu próximo passo e, sobretudo, para me desintoxicar. Nenhuma proposta de trabalho parecia estar à altura do que eu fazia antes. Isso porque as pessoas em geral perdem o senso da realidade e começam a se achar super-heróis, fortes e invencíveis. Hoje, junto com uma sócia, desenho e comercializo jóias. Administro meus horários e ainda sobra tempo para fazer aulas de dança flamenca e de francês, ginástica e ioga. Outro dia um amigo do banco me ligou e perguntou se eu estava trabalhando muito. Respondi: "Não, estou trabalhando bem". Se eu voltaria para o mercado financeiro algum dia? Só se tivesse de pôr comida na mesa.

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"Depois de me formar em administração e de fazer um breve estágio no grupo financeiro Icatu, aceitei uma proposta para ingressar na área de finanças corporativas num grande banco internacional. Trabalhei lá quatro anos, um deles em Nova York. Nesse tempo, tive o privilégio de conviver com pessoas determinadas, inteligentes e rápidas. Seu objetivo: vencer na vida e ganhar muito, muito dinheiro. Acontece que tudo tem um preço e, no caso do mercado financeiro, ele é altíssimo.

Para começar, a carga de trabalho é descomunal. Eu e o pessoal da minha área trabalhávamos em média 15 horas por dia. Mas nem sempre isso era suficiente. Já cheguei a trabalhar 33 horas seguidas. Numa ocasião, dormi no chão do escritório, às 5 da manhã, esperando um fax de Hong Kong. Também me lembro de passar o dia inteiro com uma febre de 40 graus. Estar disponível o tempo todo também faz parte do jogo. Durante o ano em que morei nos Estados Unidos, trabalhei quase todos os fins de semana.

Apesar de toda a pressão, porém, fiz grandes amigos no mercado financeiro. Afinal, com o tempo você percebe que as pessoas não são desumanas. Desumano é o trabalho. Doenças relacionadas ao estresse, comuns nesse meio, são um reflexo disso. Eu mesma sofri com anemia, insônia, falta de ar e dores na coluna antes de pedir demissão, uns dois anos atrás. A experiência no mercado financeiro foi dura e incrível ao mesmo tempo. Aprendi muito e não me arrependo de nada. Quando deixei o banco, a intenção era simplesmente resgatar meus valores e minha qualidade de vida. Precisei de um ano para pensar qual seria meu próximo passo e, sobretudo, para me desintoxicar. Nenhuma proposta de trabalho parecia estar à altura do que eu fazia antes. Isso porque as pessoas em geral perdem o senso da realidade e começam a se achar super-heróis, fortes e invencíveis. Hoje, junto com uma sócia, desenho e comercializo jóias. Administro meus horários e ainda sobra tempo para fazer aulas de dança flamenca e de francês, ginástica e ioga. Outro dia um amigo do banco me ligou e perguntou se eu estava trabalhando muito. Respondi: "Não, estou trabalhando bem". Se eu voltaria para o mercado financeiro algum dia? Só se tivesse de pôr comida na mesa.

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