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Os mercadores de ilusão que enrolam as empresas

As empresas pagam caro pelo serviço dos gênios corporativos. Mas, na prática, eles trazem muito pouco benefício

Reputação - 21º lugar do mundo (Chip Somodevilla/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2014 às 14h29.

São Paulo Você já deve ter encontrado um deles. Trata- se de um tipo muito conhecido no mundo corporativo. Um sujeito bem-apessoado, vestido de maneira formal, mas com um toque descolado. Em seu currículo , apresenta projetos de suposto sucesso que desenvolveu com vários clientes.

Tem uma formação aparentemente sólida. Faculdades importantes aparecem, mas em geral são cursos rápidos em escolas de grife. O tipo diz que ama a docência e leciona na educação corporativa de instituições com reputação. Demonstra estar antenado com o linguajar da última moda corporativa.

Usa muitas palavras em inglês. De maneira empolada, fala obviedades como se fossem a última descoberta. Conta e reconta casos do mundo corporativo em que ele, sutilmente, é o personagem capaz de salvar empresas de problemas sérios. Cobra caro das empresas e diz estar apto para mudar culturas, resolver problemas de motivação e conduzir indivíduos para alcançar metas .

Tem o poder até mesmo de resolver conflitos de família. É, enfim, um mago que se diz capaz de solucionar problemas facilmente. Impressiona e convence de que é fundamental. A empresa contrata o “consultor-professor-star”.

O resultado todos nós sabemos. Uma das coisas mais complicadas em gestão é lidar com o lado humano. Cultura, poder, personalidade e grupo são assuntos complexos, difíceis de mudar. A intervenção nesses temas é sempre muito delicada. E o pior para a empresa: nesse tipo de consultoria, é bem difícil mensurar o benefício.

Se o consultor é bom de conversa, chega a vender à empresa algo sem substância. Para piorar, dentro de um cenário de incerteza, da necessidade de realizar entregas rápidas e de resolver problemas a jato, os mercadores de ilusão conseguem vender seu peixe facilmente.

Em nosso país, despreza-se o conhecimento científico em nome da prática. Para o senso comum, interessa quem resolve, não quem pensa.

Deve ensinar quem faz, não quem estuda. Na educação executiva, os alunos querem exemplos, casos, receitas de bolo, aulas espetaculares. Querem o espetáculo sem substância. Pensar, jamais.

Cria-se uma dicotomia irreal, afinal, nada mais prático do que uma boa teoria. O resultado é um mundo corporativo inundado por gente falando o óbvio, empresas pagando caro por isso e pouca mudança substancial acontecendo. Infelizmente, não existe milagre.

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São Paulo Você já deve ter encontrado um deles. Trata- se de um tipo muito conhecido no mundo corporativo. Um sujeito bem-apessoado, vestido de maneira formal, mas com um toque descolado. Em seu currículo , apresenta projetos de suposto sucesso que desenvolveu com vários clientes.

Tem uma formação aparentemente sólida. Faculdades importantes aparecem, mas em geral são cursos rápidos em escolas de grife. O tipo diz que ama a docência e leciona na educação corporativa de instituições com reputação. Demonstra estar antenado com o linguajar da última moda corporativa.

Usa muitas palavras em inglês. De maneira empolada, fala obviedades como se fossem a última descoberta. Conta e reconta casos do mundo corporativo em que ele, sutilmente, é o personagem capaz de salvar empresas de problemas sérios. Cobra caro das empresas e diz estar apto para mudar culturas, resolver problemas de motivação e conduzir indivíduos para alcançar metas .

Tem o poder até mesmo de resolver conflitos de família. É, enfim, um mago que se diz capaz de solucionar problemas facilmente. Impressiona e convence de que é fundamental. A empresa contrata o “consultor-professor-star”.

O resultado todos nós sabemos. Uma das coisas mais complicadas em gestão é lidar com o lado humano. Cultura, poder, personalidade e grupo são assuntos complexos, difíceis de mudar. A intervenção nesses temas é sempre muito delicada. E o pior para a empresa: nesse tipo de consultoria, é bem difícil mensurar o benefício.

Se o consultor é bom de conversa, chega a vender à empresa algo sem substância. Para piorar, dentro de um cenário de incerteza, da necessidade de realizar entregas rápidas e de resolver problemas a jato, os mercadores de ilusão conseguem vender seu peixe facilmente.

Em nosso país, despreza-se o conhecimento científico em nome da prática. Para o senso comum, interessa quem resolve, não quem pensa.

Deve ensinar quem faz, não quem estuda. Na educação executiva, os alunos querem exemplos, casos, receitas de bolo, aulas espetaculares. Querem o espetáculo sem substância. Pensar, jamais.

Cria-se uma dicotomia irreal, afinal, nada mais prático do que uma boa teoria. O resultado é um mundo corporativo inundado por gente falando o óbvio, empresas pagando caro por isso e pouca mudança substancial acontecendo. Infelizmente, não existe milagre.

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