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O mercado financeiro paga bem e tem vagas de sobra

A área de finanças aceita profissionais com graduações diversas, mas a formação técnica precisa ser impecável. A oferta de emprego é alta e os salários são atraentes

Henrique Aguiar, 31 anos, administrador do Banco Espírito Santo: MBA ajudou a melhorar sua empregabilidade (Claudio Rossi/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de março de 2013 às 13h27.

São Paulo - Em 2011, os salários pagos aos profissionais em cargos como gerente financeiro, controller, auditor e analista contábil aumentaram em média 20%, segundo pesquisa da Robert Half, empresa de recrutamento de São Paulo. “Esta é a melhor hora para trabalhar em finanças no Brasil”, diz Daniel Levy, diretor financeiro da Johnson & Johnson para América Latina. O mercado, no entanto, tem sofrido com a falta de mão de obra qualificada.

Para Ricardo Araújo, diretor da HSM Educação, os jovens profissionais de finanças estão chegando ao mercado de trabalho com problemas de formação. “O Brasil tem um déficit de conhecimento de matemática muito forte, o que faz com que muita gente ingresse na graduação sem uma base mínima, e isso precisa ser trabalhado”, diz Ricardo. Essa carência de bons profissionais é uma oportunidade para quem tem facilidade com números e está disposto a investir na educação para atuar na área.

Uma vantagem do setor de finanças é a variedade de caminhos possíveis que um profissional pode traçar em sua carreira. O mercado de capitais é uma das áreas que têm sido muito procuradas por jovens profissionais, atraídos pela perspectiva de boa remuneração variável. “Um bom profissional no setor consegue ganhar de 100 000 a 1 milhão de reais por ano”, diz o administrador Henrique Aguiar, de 31 anos, que começou como operador na Bovespa em 2004 e três anos depois, graças a um MBA em derivativos pela BM&F-Universidade de São Paulo, conseguiu emprego como operador de mesa de derivativos do Banco Espírito Santo de São Paulo.

Mas há outras oportunidades além do mercado de capitais. O brasiliense Marcelo Hamú, de 24 anos, quer se especializar em sustentabilidade na área de finanças. O jovem administrador de empresas acaba de terminar a pós-graduação de 360 horas em gestão com ênfase em finanças pela Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, e já busca uma vaga para o mestrado stricto sensu na Universidade Columbia, em Nova York, com início no segundo semestre de 2012.

“Sustentabilidade não é só plantar árvores, mas colocar o microcrédito na pauta de um grande banco, por exemplo”, diz Marcelo. O curso, que vai levar um ano e meio, custará 150 000 reais entre mensalidades e estadia.

Como em qualquer carreira, não existe uma receita exata de formação acadêmica que leve os financeiros ao sucesso. “São várias as opções, mas há duas regras básicas”, diz Virginia Izabel, coordenadora técnica do programa de especialização em finanças da Fundação Dom Cabral.

“A primeira é que, em finanças, não existe espaço para achismos. A formação técnica precisa ser impecável”, afirma. A segunda é que, independentemente do curso escolhido — da graduação ao MBA —, é preciso colocar a mão no bolso e pagar para fazer um curso bom. “Só assim o profissional terá diferencial”, afirma Virginia.

Vale lembrar que não há uma exigência por graduação específica para atuar em finanças. É muito comum encontrar engenheiros, administradores, estatísticos e economistas nas cadeiras de diretor financeiro. Por isso, o profissional que quer crescer na área precisa ser sincero consigo mesmo e buscar entender os pontos fortes e fracos de sua graduação para programar seus próximos passos no estudo.


Se a graduação foi forte na parte matemática, um bom passo é apostar em pós-graduação em gestão. Já, se a escolha foi administração, a lacuna pode estar em matemática financeira ou controladoria. Se, ainda, foi economia, pode faltar conhecimento em contabilidade e gestão. E isso são apenas alguns exemplos, porque as lacunas variam de caso a caso. “No geral, os cursos de curta duração e as especializações são fundamentais para resolver falhas pontuais de formação”, acrescenta Angela Menezes, professora de MBA de finanças do Insper, em São Paulo.

Depois de cuidar disso, o profissional precisa tomar uma decisão prática: qual é o caminho dentro de finanças que ele deseja trilhar? Se ele já tem uma experiência gerencial e deseja atuar na área corporativa, o melhor passo é um MBA de 480 horas. Se quiser seguir no mercado de capitais, a melhor escolha passa pelas certificações e pelos cursos específicos do setor (veja quadro nesta página).

Quando há planos de dar aula em faculdades no futuro, é preciso buscar o mestrado stricto sensu ou mestrado profissional. “Ninguém está 100% preparado, é preciso se atualizar sempre”, diz André Rodrigues, diretor financeiro da Rhodia para a América Latina e presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP).

Nichos em expansão

Outra maneira de conseguir crescer em finanças, de maneira relativamente rápida, está em se especializar em áreas menos concorridas no setor. Entre elas, uma das mais populares é a gestão de riscos financeiros.

“Após a crise de 2008, muitas empresas passaram a olhar a área de risco com mais carinho, em especial depois de casos famosos como Sadia e Aracruz, que tiveram problemas financeiros sérios por causa de operações com derivativos em 2008”, diz Edison Ticle, diretor financeiro da Minerva, frigorífico paulista. “É, sem dúvida, um setor em alta”, afirma. Outras especializações de finanças relacionadas com o risco que ganham espaço na busca de uma mentalidade corporativa menos aventureira são os setores de auditoria e controladoria.

O amadurecimento do mercado de capitais no país também consolida o espaço da área de relação com investidores. Bem no topo da pirâmide, a área exige profissional com formação impecável em finanças, além de ótimo conhecimento de idiomas. “Para os interessados, ter anos de experiência gerencial e um ótimo MBA é importante, dentro ou fora do Brasil. No fundo, é o profissional que vai precisar reunir argumentos para convencer o investidor a colocar seu dinheiro na empresa”, afirma Virginia Izabel, da Dom Cabral.

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Para Ricardo Araújo, diretor da HSM Educação, os jovens profissionais de finanças estão chegando ao mercado de trabalho com problemas de formação. “O Brasil tem um déficit de conhecimento de matemática muito forte, o que faz com que muita gente ingresse na graduação sem uma base mínima, e isso precisa ser trabalhado”, diz Ricardo. Essa carência de bons profissionais é uma oportunidade para quem tem facilidade com números e está disposto a investir na educação para atuar na área.

Uma vantagem do setor de finanças é a variedade de caminhos possíveis que um profissional pode traçar em sua carreira. O mercado de capitais é uma das áreas que têm sido muito procuradas por jovens profissionais, atraídos pela perspectiva de boa remuneração variável. “Um bom profissional no setor consegue ganhar de 100 000 a 1 milhão de reais por ano”, diz o administrador Henrique Aguiar, de 31 anos, que começou como operador na Bovespa em 2004 e três anos depois, graças a um MBA em derivativos pela BM&F-Universidade de São Paulo, conseguiu emprego como operador de mesa de derivativos do Banco Espírito Santo de São Paulo.

Mas há outras oportunidades além do mercado de capitais. O brasiliense Marcelo Hamú, de 24 anos, quer se especializar em sustentabilidade na área de finanças. O jovem administrador de empresas acaba de terminar a pós-graduação de 360 horas em gestão com ênfase em finanças pela Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, e já busca uma vaga para o mestrado stricto sensu na Universidade Columbia, em Nova York, com início no segundo semestre de 2012.

“Sustentabilidade não é só plantar árvores, mas colocar o microcrédito na pauta de um grande banco, por exemplo”, diz Marcelo. O curso, que vai levar um ano e meio, custará 150 000 reais entre mensalidades e estadia.

Como em qualquer carreira, não existe uma receita exata de formação acadêmica que leve os financeiros ao sucesso. “São várias as opções, mas há duas regras básicas”, diz Virginia Izabel, coordenadora técnica do programa de especialização em finanças da Fundação Dom Cabral.

“A primeira é que, em finanças, não existe espaço para achismos. A formação técnica precisa ser impecável”, afirma. A segunda é que, independentemente do curso escolhido — da graduação ao MBA —, é preciso colocar a mão no bolso e pagar para fazer um curso bom. “Só assim o profissional terá diferencial”, afirma Virginia.

Vale lembrar que não há uma exigência por graduação específica para atuar em finanças. É muito comum encontrar engenheiros, administradores, estatísticos e economistas nas cadeiras de diretor financeiro. Por isso, o profissional que quer crescer na área precisa ser sincero consigo mesmo e buscar entender os pontos fortes e fracos de sua graduação para programar seus próximos passos no estudo.


Se a graduação foi forte na parte matemática, um bom passo é apostar em pós-graduação em gestão. Já, se a escolha foi administração, a lacuna pode estar em matemática financeira ou controladoria. Se, ainda, foi economia, pode faltar conhecimento em contabilidade e gestão. E isso são apenas alguns exemplos, porque as lacunas variam de caso a caso. “No geral, os cursos de curta duração e as especializações são fundamentais para resolver falhas pontuais de formação”, acrescenta Angela Menezes, professora de MBA de finanças do Insper, em São Paulo.

Depois de cuidar disso, o profissional precisa tomar uma decisão prática: qual é o caminho dentro de finanças que ele deseja trilhar? Se ele já tem uma experiência gerencial e deseja atuar na área corporativa, o melhor passo é um MBA de 480 horas. Se quiser seguir no mercado de capitais, a melhor escolha passa pelas certificações e pelos cursos específicos do setor (veja quadro nesta página).

Quando há planos de dar aula em faculdades no futuro, é preciso buscar o mestrado stricto sensu ou mestrado profissional. “Ninguém está 100% preparado, é preciso se atualizar sempre”, diz André Rodrigues, diretor financeiro da Rhodia para a América Latina e presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP).

Nichos em expansão

Outra maneira de conseguir crescer em finanças, de maneira relativamente rápida, está em se especializar em áreas menos concorridas no setor. Entre elas, uma das mais populares é a gestão de riscos financeiros.

“Após a crise de 2008, muitas empresas passaram a olhar a área de risco com mais carinho, em especial depois de casos famosos como Sadia e Aracruz, que tiveram problemas financeiros sérios por causa de operações com derivativos em 2008”, diz Edison Ticle, diretor financeiro da Minerva, frigorífico paulista. “É, sem dúvida, um setor em alta”, afirma. Outras especializações de finanças relacionadas com o risco que ganham espaço na busca de uma mentalidade corporativa menos aventureira são os setores de auditoria e controladoria.

O amadurecimento do mercado de capitais no país também consolida o espaço da área de relação com investidores. Bem no topo da pirâmide, a área exige profissional com formação impecável em finanças, além de ótimo conhecimento de idiomas. “Para os interessados, ter anos de experiência gerencial e um ótimo MBA é importante, dentro ou fora do Brasil. No fundo, é o profissional que vai precisar reunir argumentos para convencer o investidor a colocar seu dinheiro na empresa”, afirma Virginia Izabel, da Dom Cabral.

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