O que fazer quando o seu networking está dando errado?
Seu investimento em contatos profissionais tem sido inútil? Veja como reverter essa situação, segundo especialistas em networking
Claudia Gasparini
Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 15h00.
Última atualização em 18 de janeiro de 2017 às 17h05.
São Paulo — Networking nunca é um investimento de curto prazo. É preciso ter paciência até que o seu esforço em criar, manter e aprofundar relações com o mercado se traduza em oportunidades profissionais .
Porém, se a sua rede de contatos não dá frutos há algum tempo, é hora de pensar se você não está fazendo algo errado.
Segundo José Augusto Minarelli,presidente da Lens & Minarelli, o principal problema costuma ser o imediatismo. “Networking é uma técnica de obtenção de ajuda e, ao mesmo tempo, uma postura de genuíno interesse pelo outro”, explica. “É preciso incorporar essa mentalidade e praticá-la sempre". Se você busca resultados pontuais, rápidos, dificilmente terá sucesso .
É o caso de uma pessoa que passa anos sem investir em relacionamentos profissionais, porque tem um emprego supostamente estável, e de repente começa a “bombardear” seus contatos quando é demitida.
“Funciona como numa conta corrente: você precisa depositar um pouco todo mês para conseguir fazer um grande saque no fim do ano”, compara Maurício Cardoso, fundador do Clube do Networking.
A boa notícia é que o brasileiro tem tudo para fazer networking de forma competente. A cultura latina favorecea sociabilidade — basta saber usá-la para o bem.“Quando você percebe o impacto dos relacionamentos para a sua carreira, começa a interagir de forma diferente, mais consciente e estratégica”, diz Minarelli.
Em grande parte dos casos, o problema está em não conseguir equilibrar os seus interesses pessoais com a vontade de ajudar os outros. É preciso entender não há oposição entre essas duas iniciativas, mas sim complementaridade.
A seguir, confira o que os especialistas ouvidos por EXAME.com recomendam para quem sente que seu networking não está funcionando como deveria:
1. Reveja sua estratégia digital
O uso desequilibrado de ferramentas de comunicação pode estar por trás do fracasso do seu networking. De acordo com Cardoso, é preciso usar a internet de forma estratégica, sem cair em extremos. Ter um perfil “preguiçoso” no LinkedIn, por exemplo, é tão prejudicial quanto conversar com seus pares exclusivamente pelas redes sociais.
“A internet é essencial para manter a sua rede aquecida, mas também é preciso frequentar eventos e olhar as pessoas nos olhos", diz o fundador do Clube do Networking. O chat online nunca terá as mesmas nuances de uma conversa presencial. O ideal é usar a rede para marcar encontros presenciais —e para manter o vínculo vivo durante os intervalos entre eles.
2. Peça ajuda (as pessoas gostam)
Na cabeça de muita gente, pedir auxílio a um colega de profissão é equivalente a passar um atestado de fraqueza. No entanto, para que o seu networking funcione, é preciso superar a vergonha e criar o hábito de solicitar apoio.
Além de serem inevitáveis, pedidos de ajuda podem criar laços entre pessoas. “O ser humano gosta de ser consultado, requisitado”, diz Minarelli. Quando você solicita o conhecimento de uma pessoa, ela se sente valorizada e tem mais chances de querer ajudar você de outras formas no futuro.
3. Veja com quem você está andando
É possível que você esteja aplicando as melhores técnicas de networking... com as pessoas erradas. Segundo Minarelli, é importante compor a sua rede de forma estratégica — tanto com “pessoas-fim”, isto é, aquelas que tomam a decisão de contratar, quanto com “pessoas-meio”, isto é, que facilitam caminhos e aproximam você das “pessoas-fim”.
Além de cuidar da variedade de perfis que compõem o seu círculo, é importante pensar no “humor” preponderante no seu grupo. “Você tem pares que estão sempre reclamando da carreira ou que estão indo à luta?”, diz Cardoso. “Busque pessoas positivas, dinâmicas, que querem crescer junto com você”.
4. Fale menos e ouça mais
Ter uma comunicação clara e honesta com os seus pares é fundamental para que eles possam ajudar você quando for necessário. Isso significa deixar as suas intenções sempre muito explícitas, sem deixar de prezar pela delicadeza.
Para Minarelli, a melhor forma de fazer isso é pedir conselhos, orientações, informações e sugestões para os outros — mas também demonstrar preocupação com as necessidades alheias.
Parar de falar apenas de si mesmo é a grande premissa dessa lição: embora sejanatural tentar exibir as suas qualidades num encontro profissional, é perigoso transformar a conversa num monólogo. Mostrar interesse pelas ideias, projetos e necessidades do outro fará com que o relacionamento se aprofunde e evolua com o tempo.