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O emprego dos seus sonhos

Você não precisa e não deve - passar o resto da vida numa empresa que o deixa infeliz e insatisfeito

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h33.

"O emprego ideal existe?" Esta é a pergunta que mais tenho ouvido ao longo dos anos em que coordeno o Guia EXAME As Melhores Empresas para Você Trabalhar. Geralmente, nessas ocasiões, percebo que a pergunta é uma espécie de desabafo. A pessoa quer, na verdade, compartilhar o seu descontentamento com o trabalho e lamentar os rumos que sua carreira tomou. Infelizmente, a maior parte dos profissionais não consegue extrair do emprego o prazer, a satisfação e a realização que eles sempre sonharam conquistar. E o pior é que são capazes de passar o resto da vida insatisfeitas e sem o desejo real de virar esse jogo.

A boa notícia é que o emprego ideal existe, sim. E só há uma maneira de encontrá-lo: conhecendo os seus pontos fortes. A partir daí, sua missão será buscar uma oportunidade naquelas empresas que possibilitem a exploração desses pontos. Trabalhar numa organização que não se enquadra dentro do seu perfil fará com que você coloque em ação somente os pontos fracos. Imagine o que aconteceria com o artilheiro Ronaldinho, da Seleção Brasileira, se o técnico Carlos Alberto Parreira decidisse deslocá-lo do ataque para a lateral esquerda. Seu rendimento certamente não seria o mesmo. Ele até poderia jogar uma ou outra partida bem, mas jamais se aproximaria daquele craque que fez os dois gols da final da Copa do Mundo de 2002 contra a Alemanha. Fora da posição de origem, Ronaldinho não exploraria seus pontos fortes e se transformaria num jogador mediano.

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O mesmo acontece quando trabalhamos numa empresa que não nos permite explorar nossos pontos fortes. Jogamos improvisados. Quebramos o galho. E nos tornamos profissionais medianos, com um salário mediano e uma carreira mediana. Por isso é tão importante a pessoa respeitar o seu perfil profissional e fazer aquilo de que realmente gosta. A essa altura você deve estar se perguntando: Com o desemprego alcançando índices cada vez mais elevados, estaríamos mesmo em condição de escolher? O questionamento é perfeito. Não se encontra o emprego ideal da noite para o dia. E muitas vezes a saída é se resignar e segurar o ímpeto. Se você não trabalha na empresa dos seus sonhos, fique onde está até encontrar o emprego que tanto ambiciona.

Todos temos que honrar nossos compromissos, pagar nossas contas, quitar dívidas. A subsistência é uma prioridade. Portanto, arregace as mangas e trabalhe. Dê o máximo de si, pois seu empregador atual confia no seu taco e lhe paga os salários em dia. Ele merece, portanto, a sua dedicação. O que você não pode fazer é se acomodar nessa situação. Enquanto trabalha, prepare o terreno para encontrar o emprego ideal. Avalie as empresas nas quais deseja trabalhar, estude seus produtos, o mercado e os concorrentes. Procure saber que tipo de profissional essas organizações buscam, como elas recrutam, os cursos que você deve fazer para se capacitar e concorrer à vaga dos seus sonhos. Faça cursos específicos, leia bons livros, prepare-se para futuras entrevistas. Dessa forma, quando surgir a vaga tão esperada, você estará um passo à frente dos seus concorrentes. Suas chances serão maiores.

As boas empresas para trabalhar têm também algumas características comuns, que devem ser observadas na hora de avaliar uma proposta de trabalho. Eis alguns dos aspectos considerados positivos:

  • A empresa tem uma política voltada para a gestão de pessoas;
  • O presidente é uma pessoa acessível e próxima dos funcionários;
  • A organização dá preferência para o recrutamento interno na hora de ocupar uma vaga em aberto e somente quando não encontra o profissional desejado dentro de sua equipe é que parte para o mercado (isso significa que ela valoriza os seus recursos humanos);
  • A comunicação interna flui naturalmente nos mais variados níveis hierárquicos;
  • Os funcionários têm a quem recorrer caso se sintam insatisfeitos ou injustiçados (um ombudsman, uma linha 0800 para denúncias, caixas de sugestões etc.);
  • A empresa ajuda o funcionário a traçar o seu plano de carreira;
  • Não há discriminação por sexo, raça ou idade;
  • A política de premiações contempla todos os níveis hierárquicos, do presidente ao porteiro;
  • A demissão é sempre a última opção da empresa na hora de reduzir os custos. Quando não há outra saída, ela própria procura recolocar seus ex-funcionários no mercado;
  • Os líderes são carismáticos e não usam o medo como forma de impor a autoridade;
  • A companhia desenvolve e estimula os funcionários a participar de programas sociais;
  • O resultado financeiro geralmente é melhor do que a média do mercado (funcionários satisfeitos produzem mais e melhor).

    Mesmo que você não esteja dentro da empresa, há como obter essas informações. Você pode ler artigos e reportagens que a imprensa publica sobre a organização e o mercado em que ela atua, além de entrevistas dadas por seus executivos, consultar o site da empresa para conhecer sua história, falar com funcionários e ex-funcionários, conversar com concorrentes, ler livros sobre a empresa (é comum os fundadores e CEOs de empresas escreverem livros sobre suas trajetórias. O empresário Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, por exemplo, está neste momento escrevendo a sua história). Quanto mais informações você conseguir reunir, mais precisa será sua avaliação sobre a empresa. É importante ressaltar, no entanto, que a busca pelo emprego ideal requer, além de uma estratégia cuidadosamente traçada, uma boa dose de paciência. O processo pode durar um, dois ou até três anos. Mas no final você verá que valeu a pena.

    Extraído do livro "O Emprego Ideal Existe!", da editora Gente

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