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Direito a quem precisa, numa carreira de defensoria pública

A advogada Jessica Maria Benedetti se formou na melhor universidade do país e decidiu fazer carreira numa das áreas mais carentes do Estado

Jessica Maria Benedetti na biblioteca da Defensoria, em São Paulo: carreira com propósito (Camila Fontana / VOCÊ S/A)
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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2014 às 13h19.

São Paulo - "Eu lhe imploro, não deixe de lutar por mim, não me abandone.” O pedido desesperado veio de um detento chamado Samuel, que solicitava à estudante de direito Jessica Maria Benedetti que intercedesse a seu favor junto ao Poder Judiciário, para que ele fosse transferido de São Paulo para cumprir pena no Ceará, onde estava sua família.

Jessica era estagiária da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. O episódio foi lembrado por Jessica, de 24 anos, no mês passado, em seu discurso de posse na Defensoria. Primeira colocada no concurso público que teve mais de 8.000 inscritos, Jessica fez um discurso em nome dos outros 108 colegas que assumiram a função no mesmo dia que ela.

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Sua fala continha de passagens de letras dos Racionais MC’s a trechos de poemas de Manuel Bandeira e foi publicada no blog de um conhecido juiz. Depois disso, foi parar nas redes sociais e teve mais de 150 compartilhamentos, geralmente acompanhados das palavras “combativo” e “inspirador”.

Filha de uma professora de segundo grau, Jessica estudou em Itu, no interior de São Paulo. Desde menina percebeu que nem todos tinham acesso às mesmas oportunidades. Na adolescência, envolveu-se em atividades sociais em escolas da periferia. A ânsia de fazer de seu trabalho uma ferramenta de mudança fez a estudante escolher o curso de direito.

Quando veio do interior para estudar na Universidade de São Paulo , em 2008, Jessica encontrou na instituição atitudes que, segundo ela, não condiziam com a posição que acreditava que o profissional de direito deveria ocupar na sociedade. O ambiente aristocrático e as discussões por vezes distantes da realidade brasileira fizeram Jessica pensar em abandonar o curso.

Ela passou a participar de diversos grupos de estudo e trabalho em busca de algo com o que se identificasse. Em um desses grupos, acabou redescobrindo o gosto pela carreira. “Semanalmente visitávamos prisões”, diz. Nesses trabalhos, Jessica teve contato com áreas do direito que seriam de vital importância para a carreira de defensora. “A partir daí, minha vida foi uma caminhada para a Defensoria.”

Embora tenha se formado em uma das melhores universidades do país, Jessica não se arrepende de ter optado por seguir uma carreira que é pouco valorizada no direito. “Quando sua profissão está imbuída de um ideal, acho que fica menos doloroso fazer certas concessões”, afirma Jessica.

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