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Crise deu rasteira no salário de executivos (mas há uma boa nova)

Consultoria de recrutamento mostra o tamanho do tombo no salário de executivos. Confira também o que recrutadores investigam sobre eles nas entrevistas

Queda: salários caíram 30% para executivos (James Woodson/Thinkstock)

Queda: salários caíram 30% para executivos (James Woodson/Thinkstock)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 22 de agosto de 2017 às 15h00.

Última atualização em 22 de agosto de 2017 às 15h00.

São Paulo – Desde que a economia brasileira começou a sofrer os efeitos da crise, os pacotes de remuneração dos executivos emagreceram. De acordo com os cálculos da equipe da EXEC, consultoria de recrutamento focada no alto escalão, o tombo no salário é de mais 30% de uns dois anos para cá.

“A redução é mais forte no topo do que na média gestão. Antigamente, você via um diretor financeiro com remuneração entre 60 mil reais e 70 mil reais em empresas grandes. Hoje estão reduzindo para 40 mil reais, 50 mil reais. Temos visto isso ocorrer com frequência” diz Carlos Eduardo Altona, sócio da EXEC.

Ele explica que valores de salário, obviamente, variam de acordo com o porte da empresa mas, é possível notar alguns padrões como, por exemplo, o fato de que há executivos mudando de emprego com aumento de salário de apenas 5%. Em tempos de bonança, de acordo com Altona, um diretor não saía de sua cadeira por um salário que não fosse entre 15% ou 20% maior.

Além disso, as empresas deixaram de oferecer garantias de bônus de fim de ano e luvas (bônus de contratação). Esse tipo de atrativo fartamente ofertado antes da crise agora é raro: apenas 10% das posições fechadas pela EXEC têm luvas e demais garantias.

A consultoria tem um volume anual de 350 contratações de executivos de alta gerência. A volta ao patamar salarial pré-crise é uma previsão que Altona faz apenas para 2019. Sem o componente financeiro para seduzir, a atratividade fica por conta dos desafios oferecidos e horizonte de melhores perspectivas. Setores como agronegócio, saúde, tecnologia e bens de consumo se destacam e estão recebendo executivos de outras áreas, de acordo com Altona.

São esses setores, aliás, que trazem a boa notícia de recuperação, ainda que tímida, das contratações. A EXEC registrou um aumento de 25% nas posições efetivadas nos seis primeiros meses de 2017 em relação ao mesmo período do ano passado. Embora 80% das posições sejam de substituição, o movimento de incremento de postos já é notável.

O segundo semestre começou bem. “Até agora, agosto tem sido o melhor mês do ano no que diz respeito à entrada de novas contratações”, diz Altona. Os cargos de alto escalão mais frequentes na EXEC são de diretor comercial, diretor financeiro e de presidente de empresa.

São Paulo e demais capitais respondem por 65% das vagas, e o restante do Brasil 30%. A consultoria também fecha 5% posições em outros países da América Latina.

Este é o perfil executivo mais procurado agora

Os executivos que estão se destacando nos processos seletivos são aqueles que demonstram as características que Altona define como as “competências atuais”. A saber: empreendedorismo, disposição a risco e capacidade de adaptação.

Nas entrevistas, headhunters investigam os diferentes tipos de desafios enfrentados ao longo da carreira. É a partir das escolhas de carreira que um profissional consegue demonstrar se tem atitude empreendedora.

“É um equívoco achar que empreendedorismo está só relacionado a ter ou não negócio próprio”, explica. As apostas feitas por um executivo dizem muito sobre a sua capacidade estratégica e de inovação.

A disposição ao risco - característica que, segundo Jorge Paulo Lemann, é fundamental em grandes feitos de carreira – é também avaliada no contexto da tomada de decisão. De acordo com Altona, os recrutadores querem entender a lógica por trás do risco assumido e os retornos objetivos alcançados pelo executivo.

Por fim, em um cenário em constante transformação, a adaptabilidade é ouro. E, novamente, é a trajetória que revelam essa competência tão valiosa hoje em dia. “Mudanças a cada cinco ou oito anos, se possível para empresas de setores diferentes prova a adaptabilidade”, diz Altona.

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