Carreira

Cresce o mercado para os geólogos

Empresas de mineração, petróleo e gás estão contratando geólogos, mas a ascensão profissional depende de constante qualificação técnica

Plataforma: Indústria do petróleo atrai geólogos, mas especialização é preciso (Mikhail Mordasov/AFP)

Plataforma: Indústria do petróleo atrai geólogos, mas especialização é preciso (Mikhail Mordasov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 11h20.

São Paulo - A exploração de novas minas e o crescimento do setor de petróleo no brasil fizeram aumentar a procura por geólogos no último ano. o problema é que o profissional que o mercado busca — experiente e dono de conhecimento técnico aprofundado — não existe em número suficiente.

"A grande questão é que é necessária muita especialização", diz Adriana caixeta, gerente de recrutamento da Michael Page do Rio de Janeiro.

Por causa disso, não funciona com geólogos a estratégia de pescar recém-formados e colocá-los para aprender na prática, tão comum em outras profissões. Como resultado, os mais procurados e cobrados têm entre 30 e 35 anos. "Eles se formaram há dez anos, têm experiência no mercado e já partiram para uma especialização acadêmica", diz Adriana.

Para se manter valorizado, o geólogo deve melhorar a formação, se possível no exterior. "Para cada terreno há um tipo de tecnologia diferente de exploração e por isso é importante ficar por dentro do que acontece na europa, nos Estados Unidos e, principalmente, no Iriente Médio", afirma bruno Fonseca, líder da área de óleo e gás da empresa de recrutamento hays.

"Você nunca pode parar de estudar. Mestrado, doutorado, pós-doutorado, troca de experiência com profissionais de outros países e constante conexão com as tecnologias estrangeiras são fundamentais para permanecer competitivo", diz Rogério Santos, professor de geofísica de petróleo na Universidade Federal Fluminense (UFF) e consultor técnico da Petrobras. "Por isso, nesse mercado, é importante trabalhar em uma empresa que invista na formação de seus profissionais."

Com perfil bastante técnico, reservado e mais individualista, o geólogo que deseja aproveitar o momento e encaminhar sua carreira precisa estar conectado. "Esse é um mercado de relacionamento. os profissionais dificilmente se candidatam a alguma vaga. A maioria das contratações é fechada por meio de indicação", diz Adriana, da Michael Page.


A boa notícia é que o campo de trabalho é tão restrito que praticamente todo mundo se conhece. "O geólogo hoje tem de conhecer as pessoas da área que possam indicálo para oportunidades que aparecem", conta Adriana.

Para quem está entrando no mercado, Rogério prevê dificuldade em conseguir o primeiro emprego e a competição com alguns profissionais estrangeiros mais preparados, que, fugindo da crise na Europa e nos Estados Unidos, têm buscado emprego no Brasil.

"Não adianta se iludir achando que está pronto e parar no tempo. A concorrência é muito pesada", afirma Rogério, que vê a capacidade de absorver tantas informações como o principal trunfo da geração mais nova de geólogos. Luana Medeiros, de 28 anos, se formou há cinco pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Depois de oito meses de formada, sem conhecer ninguém e com um currículo de uma folha, resolveu ir para o Rio de Janeiro, por conta própria, bater na porta das empresas. "O início é complicado. Ninguém o conhece, você não tem uma área específica de atuação. Mas descobri que as companhias sempre querem contratar alguém para treinar", diz.

Após muita procura, Luana encontrou uma vaga na PGP, consultoria que prestava serviço e em seguida foi comprada pela Vale.

Trabalhou por três anos em diferentes projetos, fez sua primeira viagem ao exterior e diversos cursos no Brasil, até ser indicada para a Queiroz Galvão Petróleo, no Rio de Janeiro. "O mundo da geologia é muito pequeno, as pessoas vivem pedindo indicação umas às outras", diz. A decisão de sair da Vale foi calculada. "Eu queria migrar para uma operadora de petróleo."

Há sete meses no novo emprego, Luana já fez três cursos de análise de risco e petrofísica e pretende começar o mestrado ainda no primeiro semestre. "Estou me sentindo atrasada. Na geologia, os cursos que fiz são equivalentes a uma graduação, todo mundo já fez", brinca.

Certa da área em que pretende se especializar e ciente da velocidade que esse mercado demanda para os profissionais mais jovens, ela já pensa nos passos que precisa dar adiante. "Esse é o meu caminho. Agora é correr."

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