Carreira

Concurso para diplomatas: Número de vagas neste ano é o maior desde 2011

Além das cotas, ministério desenvolve outras iniciativas de promoção à diversidade, como cursos e bolsas de estudos

Ministério das Relações Exteriores: Só em 2022, foram 6.464 inscritos para 34 vagas de diplomatas  (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Ministério das Relações Exteriores: Só em 2022, foram 6.464 inscritos para 34 vagas de diplomatas (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Publicado em 2 de julho de 2023 às 06h00.

O concurso para diplomatas é um dos mais concorridos do Brasil e agora já possui data para as provas e a quantidade de vaga definida. Nesta semana, o Itamaraty anunciou o edital do concurso deste ano e a novidade foi que o número de vagas foi ampliado de 30 para 50  – registrando o maior número de vagas para essa carreira desde 2011.

À EXAME, fontes do Itamaraty comentaram que o aumento de vagas foi motivado, entre outros fatores, pela suspensão do concurso em 2020.

A expectativa da alta concorrência e da dificuldade das provas permanece. Só em 2022, foram 6.464 inscritos para 34 vagas, segundo o Ministério das Relações Exteriores.

Um dos grandes desafios do Itamaraty neste ano é promover a diversidade no seu quadro de funcionários. Segundo a embaixadora Glivania Maria de Oliveira, diretora-geral do Instituto Rio Branco. “A promoção da diversidade e da inclusão é uma de nossas prioridades, por entendermos a necessidade premente de tornar o Itamaraty mais representativo da sociedade brasileira."

Como uma dessas iniciativas de inclusão, as 50 vagas serão dividas da seguinte forma: 37 vagas para ampla concorrência, 10 vagas para negros e 3 para pessoas com deficiência.

Veja quais são as iniciativas que o Instituto Rio Branco (escola que forma os diplomatas do Brasil) está promovendo em prol à diversidade e entenda como funciona o processo da carreira diplomática no Brasil.

Desde quando há cotas? Por quê?

Segundo a embaixadora Glivania Maria de Oliveira, diretora-geral do Instituto Rio Branco, de 2011 a 2014, o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata reservou 10% das vagas na primeira fase para pessoas negras. A partir de 2015, o Itamaraty passou a reservar 20% das vagas disponíveis no concurso para pessoas negras. São também reservadas 5% das vagas para pessoas com deficiência.

“As cotas são importantes para ampliar o acesso de pessoas negras à carreira e tornar nosso corpo diplomático mais representativo do Brasil. Trata-se, ademais, de mecanismo que concorre para fortalecer as condições de transposição de desigualdades históricas.”

Para além das cotas, o Itamaraty criou o Programa de Ação Afirmativa, com apoio de várias instituições, que apoia o ingresso de pessoas negras (pretas e pardas) na carreira de diplomata, mediante a concessão de bolsas destinadas ao custeio de estudos preparatórios ao Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD).

Há outros programas de inclusão para diversificar o quadro de diplomatas?

Além das cotas, a embaixadora destaca algumas iniciativas de inclusão adotadas pelo Itamaraty:

  • No contexto das comemorações dos 21 anos de nosso Programa de Ação Afirmativa (PAA) em 2023 dobramos de 30 para 60 o número de bolsas que apoiam pessoas negras a se prepararem para o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática.
  • Foi criado pelo Itamaraty também o prêmio “Milena Oliveira de Medeiros”, que condecorará a aluno cotista negro ou aluna cotista negra com melhor desempenho no Curso de Formação de Diplomatas.
  • Lançamos a campanha de divulgação “Convite à Carreira Diplomática”, na qual diplomatas do Curso de Formação do Instituto Rio Branco visitaram todos os estados brasileiros, de março a junho, para encontros com jovens universitários e de escolas de Ensino Médio. Além de buscar ampliar a representação regional nos quadros do Itamaraty, a iniciativa teve como foco inicial encorajar mulheres a considerarem ingresso na carreira. A proposta foi então ampliada para também motivar pessoas negras, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIA+ e pessoas de perfis diversos a tornarem-se diplomatas.
  • Criamos também o Curso de Promoção da Diversidade e Inclusão, que foi integrado à grade curricular permanente do Curso de Formação de Diplomatas. A nova disciplina contempla módulos afetos a povos indígenas; questões raciais e pessoas negras; pessoas com deficiência; migrantes latino-americanos; movimentos de mulheres; gênero, sexualidades e coletividades LGBTQIA+; e população idosa.

“Pretendemos por meio dessas iniciativas qualificar os diplomatas para o conhecimento de conceitos, leis e temas centrais dos debates nacionais e internacionais sobre a diversidade”, finaliza a embaixadora.

Para onde o diplomata vai, assim que é aprovado?

Após ser aprovado nas três fases do concurso, os diplomatas ingressam no curso de formação no Instituto Rio Branco na classe de terceiro-secretário. Em média, o curso, que é integral, dura três semestres e é realizado em Brasília. Os diplomatas já recebem desde então o salário normal e podem exercer funções na secretaria do Estado. No último semestre começam as aulas com experiência de trabalho, na manhã tem a parte teórica e à tarde trabalham em alguma divisão. Após a formatura no Instituto Rio Branco, os diplomatas podem ser lotados em diferentes áreas do Itamaraty, como em divisões que tratam de temas ambientais, comerciais e culturais.

Quais são as funções de um diplomata?

Podem atuar tanto no Itamaraty, nas embaixadas, nos consulados ou nas representações brasileiras junto a organizações internacionais como a ONU e a OMC. O papel de um diplomata é sempre representar o Brasil fora do país e de se comunicar muito bem com as embaixadas, representar (perante as organizações internacionais), negociar acordos internacionais e informar, levamos instruções e informações às autoridades em Brasília sobre o que acontece no exterior.

Quais são as divisões da carreira de um diplomata?

A carreira de um diplomata pode ser dividida da seguinte forma:

  • Terceiro-secretário
  • Segundo-secretário
  • Primeiro-secretário
  • Conselheiro
  • Ministro de Segunda Classe
  • Ministro de Primeira Classe (Embaixador)

A promoção pode exigir tempo e depende da promoção das outras classes. E como na carreira militar, normalmente chamamos um diplomata pelo cargo: ministro, embaixador, conselheiro ou secretário.

Em quais locais um diplomata pode atuar?

No Brasil, além de Brasília, o diplomata poderá atuar em escritórios na Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e regiões Norte e Nordeste.

Já no exterior, existem vários postos onde um diplomata poderá atuar, como capitais dos países que tem relação e organizações internacionais. Os postos são divididos por A, B, C e D (A costuma ser países desenvolvidos e D países com mais conflitos). Não é possível fazer dois postos iguais seguidos. Em geral, um diplomata fica três anos em um país e depois precisa mudar para outra nação de outra classe ou volta para servir no Brasil.

Inscrições 2023: poderão ser feitas no site iades.com.br com início no dia 06 de julho até 03 de agosto.

Para saber mais sobre a carreira diplomática, acesse: https://www.gov.br/mre/pt-br/instituto-rio-branco/carreira-diplomatica

Acompanhe tudo sobre:ItamaratyConcursosDiplomaciaMinistério das Relações ExterioresDiversidade

Mais de Carreira

Lifelong learning: o segredo para crescer profissionalmente pode estar fora da sua área de atuação

Pedido para cidadania italiana ficará mais caro a partir de janeiro; entenda a nova lei

Brasileiros que se mudaram para Finlândia compartilham uma lição: a vida não é só trabalho

Como usar a técnica de Delphi para tomada de decisões