Vivência dos efeitos da pandemia leva mais brasileiros ao check-up
Entre médicos e empresas do setor, existe preocupação com surtos de outras doenças que possam ter ficado desassistidas
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2021 às 18h46.
Última atualização em 29 de abril de 2021 às 09h59.
Em meio à maior crise sanitária do último século, profissionais da saúde pública e privada focaram nos cuidados necessários para atender os pacientes com covid-19. Porém, é preciso estar atento para que outras condições crônicas ou cotidianas não sejam negligenciadas, causando, no pós-pandemia, o agravamento e surtos de doenças já conhecidas.Algumas enfermidades registraram crescimento desde a chegada do coronavírus, como efeito colateral dessa nova realidade. São dores desses novos tempos que têm desafiado a saúde física e mental de cada um de nós.
Certamente, o setor mais impactado por este período é o da saúde. Sistemas público e privado tiveram de se reinventar rapidamente, para enfrentar desafios inéditos.E, na busca de respostas ao inimigo comum, a troca tem sido fundamental para vencer a doença, em uma guerra que já dura mais de um ano e tirou a vida de quase 400 mil brasileiros. Daí a importância da parceria entre governos, rede particular, empreendedores do setor, profissionais de saúde e comunidade científica dentro e fora do Brasil.
Alguns avanços chegaram para que pudesse haver uma resposta rápida a essa demanda urgente. Entre elas, a aceleração digital nos serviços de saúde, a ampliação da telemedicina, a valorização da prevenção, a importância da informação, a otimização dos recursos, a atração de novos investidores para o setor e a maior integração entre as redes pública e privada.
Para falar sobre estas mudanças e tentar entender qual será o cenário após a pandemia, a Bússola convidouRenato Velloso, CEO do dr.consulta; Gustavo Meirelles, diretor médico do Grupo Alliar; Pedro Baches Jorge, diretor Clínico e fundador da Clínica SO.U; e Pedro Faria, sócio da SK Tarpon,investidora do Zenklub, para um webinar, transmitido hoje, 28. A conversa foi conduzida pelo jornalista Rafael Lisbôa, diretor da Bússola.
“Foi um período de reinvenção. O propósito da clínica deu uma guinada e isso foi o mais importante. Além de atender o Brasil inteiro, do jeito que a gente faz, via presencial ou telemedicina, passmos a desenvolver um serviço de conteúdo voltado para a prática de esportes, voltado para a parte ortopédica e de saúde e bem-estar”, afirma Pedro Baches Jorge. O médico diz, ainda, que, com o isolamento social, houve o surgimento de queixas diferentes das usuais, em parte causadas por problemas posturais do home office e ganho de peso, entre outros.
Após a consolidação como principal plataforma de prestação de serviços na área psicológica, Pedro Faria conta que, na Zenklub, já havia um estudo anterior ao surto da covid-19 para investimento na área de saúde mental. “O que a pandemia fez de fato foi confirmar alguns dos pilares, que agora ficaram mais claros. Um ponto que é muito interessante de se ver é desmistificação da questão da saúde mental e emocional. De certa forma, o tema ainda carrega um estigma, naturalmente difícil para as pessoas que estão querendo um apoio”, afirma.
Falando do novo normal e da possibilidade de surtos de outras enfermidades no pós-covid, Renato Velloso, acredita que as pessoas estão mudando o comportamento em relação à saúde. “A cultura do brasileiro é ir ao médico no último momento. E eu acho que isso a pandemia veio para mudar. As pessoas estão vendo que quem está sofrendo mais com a covid são aquelas pessoas que têm alguma comorbidade. Isso a gente percebe claramente no dr.consulta. Procedimentos como check-ups e visitas de recorrência e visitas de retorno em pacientes crônicos estão se intensificando bastante."
A mesma percepção teve Gustavo Meirelles, que contou que no início da pandemia havia um receio muito grande de contaminação e, com isso, a diminuição na busca por serviços de saúde. Mas isso mudou com o tempo. “As pessoas foram percebendo que precisavam de um atendimento médico. Também estamos percebendo um aumento da procura, de exames de checkup e ambulatoriais. Fica um legado positivo da pandemia, e aí, repetindo, uma preocupação maior com a saúde por parte de todos.”
Os participantes ainda falaram sobre o uso da telemedicina, os efeitos da covid-19 a longo prazo e como enxergam o futuro da saúde no pós-pandemia.
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