Vacina parada? Um prato mais cheio para a oposição na CPI da Covid
Se a cloroquina não render, a falta de imunizante para a segunda dose pode ser caminho fácil para arrastar o governo federal para o relatório final
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2021 às 20h00.
Última atualização em 14 de maio de 2021 às 20h47.
Por Alon Feuerwerker*
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 recebeu de presente por estes dias um novo filão para explorar: a interrupção do fornecimento, pela China, do insumo para a preparação da Coronavac, do Instituto Butantan. O instituto já repassou ao Ministério da Saúde cerca de metade das 100 milhões de doses contratadas, mas agora cresce uma sombra a respeito da outra metade.
Há algum barulho sobre o dito tratamento precoce e sobre a cloroquina, mas é um terreno movediço para a oposição, visto haver largos segmentos da comunidade médica e importantes entidades profissionais que adotam e apoiam essa linha, ainda que sob a capa da autonomia do médico para receitar. E a história da tentativa de alterar a bula da cloroquina pode cair no vazio, porque não chegou a se concretizar.
Já a vacina oferece um chão mais sólido a quem deseja arrastar o governo para o relatório final da CPI. O depoimento do executivo da Pfizer não deixou a administração bem, pois no mínimo ficou a impressão de ter faltado senso de urgência, de prioridade, em toda a tramitação. E agora, se a interrupção do fornecimento de insumo para a Coronavac durar mais do que seria aceitável, abrir-se-á uma nova frente.
E qualquer pesquisa, ou mesmo a simples observação e o simples convívio com as pessoas, revela claramente a adesão popular e social às vacinas como meio de não pegar a doença e esperança de a vida voltar ao normal.
E há um fator negativo adicional. Em vários locais Brasil afora as autoridades acabaram aplicando como primeira dose um imunizante reservado para a segunda. Por isso, pessoas que deveriam estar recebendo a segunda dose para completar o processo de vacinação ficarão a ver navios. Quem pagará o pato político? Em parte, as autoridades locais. Mas uma parcela da conta certamente irá para o governo federal e sua política exterior.
*Alon Feuerwerkeré analista político da FSB Comunicação
Siga Bússola nas redes:Instagram|Linkedin|Twitter|Facebook|Youtube