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Três desafios para o crescimento de uma startup e duas soluções

Depois das etapas do early-stage, o empreendedor precisa fazer a ideia escalar com um perfil que requer gestão e estratégia

Desafios do early-stage são diferentes do growth-stage. (Germano Lüders/Exame)

Desafios do early-stage são diferentes do growth-stage. (Germano Lüders/Exame)

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Publicado em 29 de agosto de 2021 às 11h00.

Por Paulo Humaitá*

Em programas de aceleração, acompanhamos de perto uma pessoa sonhadora que, sem ter nada além da sua ideia, consegue validar seu negócio e seguir adiante nas etapas do early-stage, o estágio inicial das startups. Não menos comum, aquelas mesmas pessoas despertam de um sonho em meio a novos desafios. Agora, o empreendedor não precisa mais convencer tanta gente de que a ideia é boa, mas fazer essa ideia escalar com um perfil que requer mais gestão e estratégia. Afinal, os desafios do early-stage são bem diferentes dos desafios do growth-stage, fase de crescimento ou tração.

Desafio 1: Popularidade x Crescimento

Muitas vezes, seja internamente, com o time, ou externamente, com os demais parceiros, é preciso escolher entre manter a popularidade ou tomar decisões difíceis para crescer ainda mais o negócio, ou seja, aumentar o impacto da sua missão. Em alguns momentos, tomar decisões impopulares pode ter um custo.

Alguns membros do seu time podem começar a pensar que aquele propósito todo do começo já não é mais o mesmo. Pode ser que seus principais clientes demorem para compreender um novo posicionamento de marca. Ao longo do tempo, essas decisões são mais complexas. O número de decisões diárias de alto impacto no negócio que fundadores precisam tomar é pelo menos cinco vezes superior no growth-stage do que no early-stage.

Desafio 2: Contratação não é só sobre a empolgação pelo propósito

Para empreendedores que realmente desejam crescer um negócio, a sensação em ver um time crescendo em qualidade e tamanho, é algo inexplicável. Sei que as novas contratações de pessoal no growth-stage são menos sensíveis do que no early-stage, principalmente porque, se você errar nas primeiras contratações, provavelmente não vai ter fôlego financeiro para continuar. Porém, este também é um grande risco para o growth-stage, pois é necessário profissionalizar um pouco mais o seu processo de recrutamento e seleção.

Os fundadores da empresa sabem exatamente o que estou falando: trazer pessoas para dentro da mesma forma que você fazia nos primeiros meses da startup não vai rolar!

Desafio 3: Bom empreendedor, mau gestor?

Na fase de growth, cresce também a insegurança. Em não raros momentos, você olha para dentro e se pergunta: “Será que sou a pessoa certa para crescer esse negócio?”.

As dúvidas dos primeiros dias aparecem no início do growth-stage, mas com uma nova roupagem e ainda mais afiadas. Um caminho que muitos tomam é ignorar tudo isso, mas sem aperfeiçoar um autoconhecimento para identificar áreas de melhoria. Outro caminho é ouvir todas essas vozes internas e se perder no processo.

Mas como minimizar o impacto desses desafios? As duas soluções abaixo são transversais, ou seja, cada uma delas ajuda diretamente os 3 desafios listados acima.

Solução 1: Forme um time estratégico

Na Bluefields, temos um conselho consultivo desde antes da nossa fundação e que se formalizou desde o dia um. Muitos empreendedores são contrários a um conselho, dizendo que atrasam a rapidez de uma startup. Posso dizer com experiência de causa, com cinco anos trabalhando dessa forma: o conselho até pode reduzir, de certa forma, a velocidade, porém, mais importante que isso, ele aumenta exponencialmente a agilidade.

O que adianta você ser mais veloz em direções erradas? Quantas vezes o nosso conselho nos orientou a tomar decisões contrárias do que eu achava e, no fim das contas, chegamos antes nos nossos objetivos de uma forma mais ágil e mais sábia.

Mesmo com um conselho consultivo, até agora nunca uma decisão única estratégica aqui da empresa foi tomada unilateralmente. Uma startup em growth-stage com um conselho de peso tem ganhos em produtividade, desafiam a ambição (ou a falta dela) no cumprimento da sua missão, uma saudável prestação de contas e tantas outras coisas.

Solução 2: Capriche na experiência do colaborador

Há tempos as pessoas já não são chamadas de recursos humanos. Pessoas estão na essência de uma startup, afinal, não existe uma senhora startup. Startup é um conjunto de pessoas tentando fazer a diferença no mundo através da inovação. Quando começamos a entender toda a jornada de colaboradores por aqui, aprendemos que não existe um framework único. Ou seja, a jornada de um colaborador na sua empresa será completamente diferente da jornada do seu concorrente.

Portanto, a experiência do colaborador é o que existe de mais estratégico no growth-stage. Sua startup só vai conseguir superar as novas dores de crescimento se você tiver efetividade em trazer novos talentos e na retenção dos atuais o máximo possível na organização.

Uma boa estratégia de experiência do colaborador começa ainda antes do onboarding. Ao usar táticas de marca, você consegue atingir talentos que ainda nem pensam em trabalhar na sua startup, que vocês ainda nem conhecem, mas que já fazem parte da sua jornada de growth. Claro, uma boa experiência do colaborador garante que pessoas tenham uma boa experiência com a sua cultura e valores durante toda jornada de colaboração e se mantenham conectadas após esse período, o que chamamos por aqui de “jornada do sempre”.

Espero que o combo conselho mais experiência do colaborador possa te ajudar nessa jornada do growth-stage. Afinal, não é crescer de qualquer jeito, mas nas direções corretas e gerando impacto por meio das pessoas ao longo da jornada.

*Paulo Humaitá é CEO da Bluefields

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