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Tecnologia no campo: blockchain otimiza o agronegócio

Essa prática vale também para as grandes empresas, que podem criar gamificações por meio de criptoativos

Aplicações de blockchain está afetando também o agronegócio (imaginima/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 26 de julho de 2022 às 08h10.

Engana-se quem pensa que blockchain, criptoativos e tokens estão apenas ligados a bitcoins, investimentos e mercado financeiro. A blockchain é uma tecnologia descentralizada, que armazena os dados e as transações das criptomoedas de forma criptografada. Já o token significa a representação digital de um ativo – dinheiro, propriedade e investimento. Essa tecnologia chegou também ao campo e promete otimização de processos e muitas melhorias.

A título de oportunidade, podemos citar a criação de tokens lastreados em commodities. Cada um equivale a um quilo de cacau, por exemplo, ou “pensando maior”, podemos tokenizar uma safra inteira e vender de forma antecipada aos investidores. Uma outra possibilidade dessa tecnologia é a modernização da “gorjeta”, em que o consumidor final, por meio de um aplicativo que entrega a rastreabilidade de determinado alimento, pode enviar uma “criptogorjeta” à família de produtores como reconhecimento pelo excelente alimento que chegou à mesa dele (consumidor).

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Essa prática vale também para as grandes empresas, que podem criar gamificações por meio de criptoativos. A ideia é engajar os produtores na participação contínua da cadeia de rastreabilidade por intermédio dos dados do cultivo.

Tudo isso é só o começo das muitas aplicações que o blockchain está trazendo para o agronegócio!

A rastreabilidade, inclusive, é uma obrigação legal para frutas, uma obrigação de

business para alimentos premium e um diferencial competitivo para as commodities. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) prevê que é necessário disponibilizar a data de produção, a variedade de insumos utilizados e identificação e geolocalização da propriedade rural que forneceu a matéria-prima para aquele lote.

Há vários processos de rastreabilidade vigentes no mercado, elevando o custo e inibindo a participação de pequenos produtores na implementação do processo. Mas a tecnologia, cada vez mais, tem reduzido essa barreira de adoção. Existem aplicativos para celular que registram os dados e também plataforma web para acompanhar o rastreio. Assim, o produtor começa a participar da cadeia, beneficiando-se de forma simples e personalizada dos processos sem perder a alta performance das grandes ERPs (software de gerenciamento de negócios).

Uma vez fazendo parte da cadeia de rastreabilidade, o produtor cria grandes oportunidades como, por exemplo, ter informações do consumidor final. Pode também receber recompensas em ativos digitais das grandes empresas por seu engajamento no input de dados na plataforma. Em relação à tokenização de safra, o produtor poderá antecipar a venda e ter tranquilidade para continuar sua lavoura. Ele também pode negociar o melhor preço com intermediários por meio da tecnologia blockchain. A grande corporação, por sua vez, beneficia-se na antecipação de suas ações de acordo com a previsão da colheita, com base nas informações cadastradas pelo produtor.

Volto a dizer: isso tudo já está impactando o agronegócio. Investidores que nunca pensaram na possibilidade de investir no agro agora têm a oportunidade. Produtores, por meio de uma rastreabilidade com a transparência e segurança do blockchain, não necessitam mais de auditorias e certificações caras para validarem a origem do seu alimento, emponderando-os a comercializar sem a presença de vários intermediários, principalmente quando se trata de exportação.

O consumidor final, por sua vez, tem a garantia da origem do alimento, sabendo que não vem de áreas de escravização ou de trabalho infantil, por exemplo. Essa segurança que o blockchain proporciona favorece o desenvolvimento de nichos de mercados de agro na criação de selos de identidade geográfica, agregando valor às produções, bem como apoio às grandes empresas acerca do selo ESG.

Em resumo, o blockchain está ajudando o pequeno produtor a fazer parte das cadeias globais de valor por conta da alta confiança da tecnologia e do baixo custo de utilização, além de gerar oportunidades no seguro de safra, na tokenização, NFTs, no selo ESG, entre outros. A tecnologia de ponta e completamente acessível está contribuindo, e muito, com a digitalização do pequeno produtor, engrandecendo esses profissionais.

*Expedito Belmont é CEO da Btracer e fundador da primeira comissão de Direito Digital e Startups da OAB

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