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Somos seres em 3D! Ou esquecemos a dimensão humana?

Mais de um ano depois do início da pandemia, estamos nos esquecendo de que não somos apenas mente

Ainda são poucas as organizações que promovem oficialmente um turno sem tela (Justin Paget/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2021 às 17h27.

Última atualização em 6 de maio de 2021 às 18h14.

Por Bia Magalhães e Rachel Mello

Live, reunião, capacitação, responda ao questionário de avaliação...oba! um treinamento, mais um, é grátis: vamos? Me esqueci da prova de História do meu filho mais velho, a pequena não quer entrar na aula de Educação Física online. Meu pai foi vacinado, mas minha mãe ainda não. Será que o metrô hoje está cheio? Asma é comorbidade? A CPI vai abalar o mercado? Será que o dólar baixa? Qual a eficácia dessa vacina? Qual é mesmo o prazo pra entregar a declaração de IR?

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Estamos aqui há um ano. Nos fazendo essas e outras tantas perguntas todos os dias. Perdendo o sono, crescendo os medos, sentindo saudades mesmo de coisas que nem vivemos ainda, tristes com tantas vidas perdidas.

E o que faz a Comunicação Interna, de empresas grandes e pequenas, nos órgãos públicos, no terceiro setor? Ainda se agarra ao mantra da motivação e do engajamento. “Não podemos deixar a moral da turma cair!”, repetimos cotidianamente, comunicadores, RH, lideranças. Gamificação, incentivos, mais uma palestra!

Como em tantas áreas de nossas vidas, ainda não fomos capazes de ler de verdade a transformação que a pandemia da covid-19 trouxe para nossas vidas.

Fomos rápidos, com certeza, em migrar o escritório para dentro de casa, em aprender alguns dos milhões de recursos das plataformas de reuniões. Mas apenas digitalizamos nossa forma de trabalhar. Levamos todos os nossos excessos pra dentro de nossas muitas telas. E achamos que podemos ainda mais e mais. “Oba, um curso de Stanford gratuito! É às 20h, mas é uma grande oportunidade!!!”, celebramos. Enlouquecemos.

Como profissionais de comunicação e observadoras das políticas de Comunicação Interna em diferentes organizações do Brasil é isso que temos visto e ouvido. Por todos os lados. A reunião com @ chefe migrou da sala ampla do escritório para um vídeo semanal no Whatsapp. Mas grande parte dos ou das chefes continua sem tempo e sem poder ouvir os times. El@ também não pode perder aquela live do guru da gestão híbrida – é para um grupo seleto, afinal!

Hoje somos pura mente. Nos esquecemos do nosso corpo e, portanto, dos nossos limites. Nossas ideias não têm fronteiras, mas nosso corpo é tátil, falível, tem contornos claros. Nós, os profissionais de Comunicação Interna estamos contribuindo para que todos sejamos partes dessa amnésia coletiva que tem nos custado muito.

Vemos poucas organizações que promovem oficialmente um turno sem tela, com aulas de ioga, tai-chi ou um momento divertido para que os funcionários estejam com seus filhos, alguma alternativa aos pais de crianças pequenas.

Quando estamos todos em 2D, não temos nossa mais importante dimensão, a humana. Se nos dedicássemos a uma análise de risco e do custo que teremos que pagar por isso num futuro próximo, simplesmente pararíamos e repensaríamos nosso fazer.

É hora de um mea-culpa. Passados 13 meses de pandemia e sem um esforço de vacinação em massa organizado e efetivo no Brasil para os próximos meses, temos que repensar nosso ritmo, nossas prioridades, nos lembrarmos que temos uma coluna vertebral que precisa se mexer, que temos filhos ou pais que precisam de nossa atenção, que temos medos que precisam ser acolhidos, que temos outros prazeres que demandam nosso tempo.

Cabe (também) à Comunicação Interna ajudar a levantar essa bandeira.

Dedicamos este artigo a nossa amiga e professora Elizabeth Brandão.

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