Comunicação interna é chave para que as organizações alinhem seus discursos e práticas de dentro para fora (ThitareeSarmkasat/Getty Images)
Bússola
Publicado em 10 de setembro de 2021 às 14h23.
Última atualização em 13 de setembro de 2021 às 11h35.
Por Bia Magalhães e Rachel Mello*
Zapeando as redes sociais, uma onda de questionamentos foi compartilhada recentemente, perguntando: “e fora dos stories, você está bem?”. Para além do que é publicado no Instagram, o que se passa conosco na fronteira externa dos filtros, corretores, imagens distorcidas e recortes da realidade? O que é real e o que realmente nos afeta e nos emociona?
Saúde mental é o tema do mês de setembro e a comparação da imagem exposta nas redes sociais com o que se passa na vida das pessoas está sendo cada vez mais debatida. E o foco que tentamos jogar em nossas vidas pessoais, vale também para as organizações? Nas redes sociais, as instituições parecem lindas, ágeis, alegres, mas internamente, no dia a dia de seus funcionários, será que está tudo bem mesmo? O que dados e pesquisas apontam são índices crescentes de burnouts e o que tem sido chamado lá fora de a grande demissão (the great resignation), uma onda de demissões voluntárias que levam das organizações profissionais experientes, maduros, muitas vezes com carreiras consolidadas.
A imagem e a reputação de uma marca contrapostas ao que acontece de fato dentro das organizações é reflexo do bem-estar dos colaboradores, de sua confiança no trabalho, nos colegas, na governança. Não à toa a Nike fechou um de seus escritórios e liberou os funcionários por uma semana para priorizarem a saúde mental.
Ora, se vendem bem-estar, temos que estar alinhados com nosso propósito. Discurso e prática precisam andar juntos, de forma coerente. É o que a gente tem chamado de “reputação de dentro para fora” quando trabalhamos com comunicação interna em algumas organizações.
O que a sua organização vende, promove, implementa e propõe? Isso se reflete nas políticas internas da instituição, empresa, terceiro setor, organização, governo?
Não adianta a empresa ter um belo discurso em suas campanhas, ter frases de impacto no LinkedIn, usar imagens de pessoas sorridentes e confiantes, se bem lá dentro, seus profissionais não estiverem motivados e satisfeitos, vivendo num bom clima organizacional e alinhados com seus valores no dia a dia. Quantas entidades não promovem inovação, à base de hierarquias rígidas, ou falam em sustentabilidade sem qualquer política interna que reflita uma política de ESG? Diz o dito popular, em casa de ferreiro, espeto de pau? Não mais!
A comunicação interna é chave para que as organizações alinhem seus discursos e práticas de dentro para fora.
Ajuda a compreender e identificar as principais necessidades dos funcionários, abrindo frentes de diálogo e espaços de troca, que sejam coerentes com a organização, seus produtos, serviços e propósitos. A comunicação interna é a aliada número um (ou número zero) das áreas de recursos humanos e gestão de pessoas para compartilhar boas práticas, informar, orientar, engajar, motivar, estimular, reconhecer, aprender. Se lá fora falamos de sociedade do conhecimento, um dos grandes desafios das organizações hoje é aprender! E nesse caminho, comunicação é meio, é ferramenta estratégica, mas é mais: é parceria, é geradora de imaginários, alavanca de criação.
Sempre falamos sobre isso aqui na coluna: os colaboradores são importantes influenciadores, porta-vozes e defensores da reputação das marcas. São os primeiros. Não há mais muros entre o interno e o externo. O LinkedIn é uma grande prova disso: o pessoal e o profissional se confundem, se complementam — e vale o mesmo para as outras redes sociais. Tudo está conectado. ON e OFF ao mesmo tempo, junto e misturado.
Se o setembro é amarelo (e quente!), a saúde mental e física de cada um dos profissionais precisa estar refletida dentro e fora da organização. Cuidar das pessoas, além de um ato humano e digno, é parte fundamental da governança do negócio. Não há aprendizagem sem acolhimento.
“Eu visto a cor que eu quero, se há sol eu sou o amarelo”, canta a canção infantil. Bom setembro amarelo a nós! Cuidemos!
*Bia Magalhães é especialista em Comunicação Interna com formação em Comunicação Organizacional. Está na FSB Comunicação há 7 anos atuando em projetos digitais e de comunicação corporativa e Rachel Mello é jornalista, mestre em Comunicação Social e diretora de Planejamento na FSB Comunicação. Mãe da Isabel e torcedora do Atlético Mineiro
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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