PLAY: quem é o brasileiro por trás do Rei Charles nordestino
O sergipano Levy Wesley conversa com exclusividade com a Bússola Play, direto de Portugal
Bússola
Publicado em 14 de novembro de 2022 às 08h22.
Um rei Charles III simples, humano, sorridente e bem-humorado, que gosta de seus apetrechos reais, mas adora mesmo uma boa conversa. Esse é o personagem que o brasileiro Levy Wesley criou há cerca de dois meses e virou sensação nas redes sociais.
Levy, 33 anos, mora em Portugal desde 2020 e trabalha como ministro de um grupo cristão na cidade de Coimbra, o Extrema. É admirador da dublagem brasileira, mas nunca havia tentado profissionalmente. Não só tentou, despretensiosamente, como acertou em cheio.
“Não foi algo pensado, planejado. Depois da morte da rainha Elisabeth II, viralizou uma cena da proclamação do rei, na qual o Charles assinava um documento e fazia um gesto para os ‘assistentes reais’ tirarem o tinteiro da caneta. Achei cômico o desespero dele e pensei em produzir uma dublagem. Criei pelo celular mesmo uma versão do vídeo e postei no TikTok. Em duas horas, 200 mil pessoas visualizaram. Levei um susto e resolvi dar sequência”.
Atualmente, Levy tem dezenas de vídeos na casa dos milhões de visualizações. No TikTok está com cerca de 500 mil seguidores – além de quase 200 mil no Instagram.
É ele quem faz todas as vozes das peças, sempre curtas. “Os retornos dos seguidores são sempre positivos. As pessoas comentam, muitas vezes, como se fosse um bate-papo com o rei. É bastante divertido. Tenho orgulho de receber mensagens de gente que diz se apegar aos vídeos para superar tristeza, ansiedade, algum momento difícil. Outra reação interessante é que, agora, imaginam o rei com a voz que faço, com o sotaque nordestino”.
O sotaque, aliás, é um ponto de destaque. Nascido em Aracaju, Sergipe, Levy é fã do humor que leva a risadas mesmo na repetição. “Estilo (do mexicano) Chaves, sem palavrão, um humor que brinca com gírias, modos de falar. Nada contra qualquer tipo de humor, mas esse é o que mais me agrada. No caso do Charles, o contraste entre a figura real e o popular, com sotaque nordestino e até falando que gosta de cuscuz com leite, gera um bug na cabeça das pessoas”.
Levy tem na ponta da língua alguns dos grandes nomes da dublagem brasileira: Guilherme Briggs, Márcio Simões e Marco Ribeiro. Desde a adolescência, guardava a vontade de dar voz a um projeto profissionalmente. “O Brasil é referência na dublagem mundial. Trabalhar com arte é algo que sempre me atraiu”.
Hoje, estourado na web, já sofre com as cópias, mas não liga. “Os fakes nem se dão ao trabalho de tirar a marca que coloco nos vídeos, mas resolvi relevar e me concentrar na produção”.
E se algum dia o próprio rei reagir a seus vídeos? “Se chegar até a realeza, Charles vai perceber que é pura diversão e, no fim das contas, uma ‘promoção real’”, afirma Levy.
A matéria-prima dos vídeos ele pega no Youtube. “Enquanto príncipe, ele fazia muito ‘rolê aleatório’, inaugurações, visitas a fábricas. Então, tenho muito material. E espero que continue assim”.
O próximo ano pode guardar uma surpresa aos fãs. Levy planeja visitar a Inglaterra. “Já pensou que legal, no momento da coroação, cobrir para os Stories?”. Seu futuro artístico ainda é focado no rei, sem pensar, por enquanto, em um segundo personagem, até porque o material de Charles parece inesgotável.
Uma ou duas vezes por semana, geralmente à noite, o rei Charles nordestino leva sorriso a centenas de milhares de brasileiros, seja cumprimentando súditos, visitando o Egito ou tomando uma bebida caseira. Mérito deste brasileiro que vive em terras portuguesas e transformou o rei britânico em uma figura carismática.
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