Em um cenário de escassez global de profissionais, empresas precisam entender como automatizar processos de contratação (Getty Images)
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Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 10h00.
Por Tiago Amor*
O fim do ano é o grande estresse do RH para diversos setores. Varejo, logística, turismo e outros serviços aceleram contratações temporárias, enquanto gestores correm contra o relógio para integrar centenas e até milhares de novos colaboradores em questão de dias.
Mas 2025 adiciona uma camada inédita de complexidade: a escassez global de talentos deixou de ser tendência e passou a ser realidade mensurável.
Segundo a Korn Ferry (2023), até 2030 faltarão 85 milhões de profissionais no mundo, gerando um impacto econômico de US$ 8,5 trilhões em receitas não realizadas.
Essa pressão estrutural se soma ao aumento sazonal da demanda no último trimestre, tornando a gestão de pessoas ainda mais desafiadora.
Para o RH, isso significa lidar com processos crescentes, picos de contratação e menos profissionais qualificados na base. É nesse ponto que a automação assume papel central no dia a dia da gestão de pessoas.
Contratar temporários sempre foi uma operação complexa. As equipes de RH enfrentam triagens aceleradas, admissões simultâneas, validação de documentos, formalizações legais e treinamentos obrigatórios.
Quando tudo isso é feito manualmente, o prazo se estende, o retrabalho cresce e a integração se torna lenta justamente quando a empresa mais precisa de velocidade.
Em um mercado em que há menos gente disponível e mais empresas disputando os mesmos perfis, a eficiência operacional, antes um diferencial, vira questão de sobrevivência.
As plataformas de automação podem diminuir o trabalho dos profissionais de RH de modo expressivo. Seja para contratações fixas ou temporárias, os gestores que investem em automação podem:
Robôs cruzam dados, validam documentos via OCR (reconhecimento de caracteres, tecnologia que “lê” documentos escaneados e extrai automaticamente as informações), preenchem formulários, geram contratos automaticamente e integram tudo à folha e ao ERP. O que antes exigia equipes inteiras agora pode acontecer em fluxo contínuo.
Sistemas inteligentes disparam trilhas de capacitação, acompanham presença, certificações e obrigatoriedades, garantindo conformidade rápida.
A automação centraliza solicitações de RH, registra cada etapa dos processos, controla SLAs e sinaliza pendências, permitindo que o time priorize atividades críticas e garanta que tarefas urgentes como admissões ocorram dentro do prazo.
Esse avanço é estratégico e coloca as empresas na frente de seus concorrentes. Os resultados ficam mais claros quando olhamos para quem já automatizou seus processos de RH.
Em empresas como a Normatel Engenharia, a pressão por contratações urgentes em obras foi absorvida com hiperautomação e IA: o OCR lê e confere automaticamente documentos admissionais, reduzindo horas de conferência manual e acelerando a entrada de novos colaboradores.
No grupo farmacêutico Servier, formulários em papel deram lugar a fluxos digitais de admissão, benefícios e movimentações de pessoal, com assinaturas eletrônicas, rastreabilidade completa e redução de retrabalho.
Já a Atlantica Hospitality International, com centenas de hotéis pelo Brasil, centralizou em um CSC todos os chamados de RH e cadastros de colaboradores na plataforma de automação, padronizando processos e controlando SLAs.
Com essas automações, esses exemplos mostram como a automação prepara o RH para responder tanto a rotinas contínuas quanto a ciclos de maior demanda, com mais controle sobre documentos, prazos e qualidade das entregas.
Mais do que uma resposta emergencial para picos de fim de ano, a automação deve fazer parte da gestão estratégica de pessoas o ano todo.
Ela permite que o RH sustente operações complexas com times mais enxutos, garanta conformidade em escala, tenha visibilidade em tempo real sobre demandas e prazos e use dados para decidir onde investir tempo e talento humanos.
Em um cenário de escassez global de profissionais, as empresas que conseguirem combinar processos inteligentes e foco no desenvolvimento das pessoas serão justamente as que vão atrair, integrar e reter melhor seus talentos, em dezembro e em todos os outros meses do ano.
*Tiago Amor é CEO da Lecom.