O que é logística reversa que será tendência entre as marcas em 2022
Empresas devem adequar seus processos produtivos, promovendo maior aproveitamento dos materiais reinseridos na cadeia produtiva
Bússola
Publicado em 19 de janeiro de 2022 às 19h33.
Por Sergio de Carvalho Mauricio*
As marcas estão sempre em busca de como agradar seus consumidores e, nos últimos anos, a sustentabilidade e a preocupação com o meio ambiente têm sido colocados em pauta. De acordo com um estudo realizado pela Dentsu International e pela Microsoft Advertising, realizado em 2021, 91% das pessoas querem que as marcas demonstrem que estão fazendo escolhas positivas sobre o planeta. O levantamento feito pela Economist Intelligence Unit (EIU), a pedido da WWF, aponta que as pesquisas na internet por produtos sustentáveis tiveram crescimento de 71% nos últimos cinco anos.
Quando se trata de logística reversa, por exemplo, a população está cada vez mais consciente dos problemas ambientais causados pelo descarte inadequado dos resíduos sólidos e as empresas que demonstrarem maior compromisso com a implantação de soluções se destacarão em relação aos concorrentes.
É comum que o mercado consumidor favoreça empresas que atuam de maneira ecológica e que possuem certificação pelos órgãos fiscalizadores, como é o exemplo do ISO 14000, constituído por uma série de normas que determinam diretrizes para garantir que determinada empresa pratique a gestão ambiental.
Para atender a Lei nº 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), as empresas devem adequar seus processos produtivos, promovendo maior aproveitamento dos materiais reinseridos na cadeia produtiva.
Para que isso seja possível, é necessário buscar novas tecnologias que permitam a manutenção da qualidade, da capacidade produtiva e propiciem redução dos custos. A redução no consumo de matérias-primas virgens também contribui para a redução do consumo energético e essas vantagens já são consideradas nos estudos para implantação da Indústria 4.0.
Logística Reversa
Esse termo é utilizado desde a década de 1990, quando as empresas passaram a preocupar-se com a utilização dos recursos naturais e com o retorno de produtos descartados pelos consumidores. A logística reversa é caracterizada por um conjunto de ações, procedimentos e infraestrutura destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos.
Também é possível proporcionar outra destinação final ambientalmente adequada, tendo como principal objetivo reinserir os resíduos ou materiais do pós-consumo em novos ciclos produtivos. Ela representa uma importante etapa do processo de Economia Circular.
A logística reversa contribui para a preservação do meio-ambiente, garantindo uma destinação final ambientalmente adequada aos produtos pós-consumo, evitando que sejam descartados no meio-ambiente (rios, praias, terrenos abandonados, praças públicas etc.).
Dessa forma, além de evitar contaminações ambientais, tão nocivas à saúde da população, promove o aumento da vida útil dos aterros sanitários e a redução dos lixões, reduzindo custos na gestão pública dos resíduos sólidos.
Além disso, contribui para a proteção da saúde pública, redução no consumo de matérias primas ou recursos não renováveis, além do impacto no pilar social da sustentabilidade, ao promover a geração de empregos através de novas atividades relacionadas à coleta, transporte e reciclagem dos produtos recebidos e da revalorização dos resíduos.
Aplicando nos negócios
Há várias entidades gestoras de logística reversa para diferentes produtos. Na ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos) gerencia-se a logística reversa de eletroeletrônicos para 53 associadas (fabricantes e importadores). Para isso, foram implantados mais de 3 mil pontos de recebimento que atendem mais de 1.200 municípios em todo o território nacional.
A partir do recebimento dos produtos descartados pelos cidadãos, é realizado o transporte, consolidação dos produtos e feito o encaminhamento para os parceiros, que realizam a manufatura reversa, permitindo a reinserção dos materiais na cadeia produtiva. Todo o processo é rastreável e ao final é emitido o certificado de destinação final.
Os fabricantes devem atuar, primeiramente divulgando a necessidade do descarte correto dos produtos após o final da vida útil e adequar seus processos para receber insumos reciclados, o que muitas vezes requer o investimento em tecnologia e inovação. Por fim, devem optar entre o processo individual ou coletivo e, nesse caso, precisam buscar a entidade gestora que poderá auxiliar nessa jornada.
Os prestadores de serviços que fazem parte dessa cadeia, como transportadores, cooperativas, empresas de manufatura reversa e muitos outros, são partes interessadas também. Minha recomendação é que todas essas empresas busquem o trabalho colaborativo com os sistemas de logística reversa existentes.
Com o trabalho conjunto, vamos acelerar a conscientização e, consequentemente, o descarte correto. O meio ambiente e as futuras gerações agradecem!
*Sergio de Carvalho Mauricio é presidente da ABREE – Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos
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