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O grito da diversidade deve ser de ação, não mais de discussão

Criar comitês ou se posicionar já não é suficiente. O essencial é criar metas claras, compromissos, direcionamentos, parcerias

(Reprodução/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2021 às 15h00.

Última atualização em 24 de maio de 2021 às 14h14.

Por Jaderson Alencar*

Pare. Se você ainda acha que diversidade é “mimimi”, você está completamente equivocado. E, finalmente e felizmente, isso agora também pode impactar o seu negócio.

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Nos EUA, a contratação de líderes focados na diversidade disparou de um ano para cá, atingindo recordes. Até a Nasdaq, a bolsa de valores eletrônica americana, já solicitou regras relacionadas ao tema. Cresce ainda o movimento de incentivo a veículos liderados por negros, hispânicos, asiáticos, mulheres e pessoas LGBTQI+. A Disney, em um momento histórico, convidou seus anunciantes a colocarem os compromissos de diversidade em seus KPIs de negócio. E não é para menos.

Há uma retratação histórica e social que deve ser imediata. A conta é relativamente simples (porém extremamente complexa em suas nuances): as oportunidades devem ser para todos, mas existe um nivelamento estrutural que acaba privilegiando alguns poucos núcleos da sociedade. Os jobs descriptions já não fazem mais sentido. Eles precisam ser pensados com foco em perfil e representatividade e menos em privilégios acadêmicos, linguísticos e experimentais.

A realidade da comunidade LGBTQ+, dos negros e das pessoas com deficiência é muito diferente. A evasão escolar de travestis e transexuais, por exemplo, é de mais de 80%, por violência física ou verbal. Ainda estamos em um ambiente de trabalho onde mulheres, em cargos similares que homens, ganham menos. Onde negros, que são a grande maioria da população brasileira, não têm oportunidades similares. Não dá para engolir. Não dá.

Assistimos a uma mudança discreta, necessária, mas ainda singela em relação ao universo que precisa ser alcançado. Diversidade é para dentro e para fora. Para todo lugar. Para fora: na publicidade, na comunicação, no cinema, nos prêmios, trazendo representatividade e um olhar de futuro mais igualitário. E para dentro: para gerar oportunidades reais para todos, não direcionadas, e para criar um ambiente de trabalho mais feliz, rentável e engajado, conforme pesquisa da Mckinsey já relata desde o ano passado ( https://mck.co/2Slnx36 ).

Criar comitês ou se posicionar já não é suficiente. O essencial é criar metas claras, compromissos, direcionamentos, parcerias. Já passou da hora de compreender, repensar, contratar, liderar mudanças.

Em um país com tantas mentiras a torto e a direito, não seja você a mentira da diversidade de sua empresa. E não siga sozinho. A diversidade liberta, traz diferentes perspectivas, soma e multiplica na mesma equação. E, neste caso, agir para que ela aconteça se torna um ato de resistência.

E como parte da comunidade LGBTQI+, deixo aqui meu apelo: a hora é de ação, não mais de discussão.

*Jaderson Alencar é sócio-diretor da FSB Comunicação

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