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Neotrust aponta que apenas 3% das compras online são feitas por Pix

Ainda que as transações usando o Pix tenham passado DOC, TED e boleto somados, no e-commerce a taxa de compras por essa nova tecnologia é baixa

No exterior, o papel ainda tem valor, coisa que não se vê mais no Brasil (Rafael Henrique/SOPA/Getty Images)

No exterior, o papel ainda tem valor, coisa que não se vê mais no Brasil (Rafael Henrique/SOPA/Getty Images)

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Publicado em 22 de julho de 2021 às 18h08.

Por Andrea Fernandes*

É muito interessante trabalhar com e-commerce, e especialmente fazer isso durante minha primeira viagem para fora do Brasil durante esta pandemia. Ver a diferença no comportamento de consumo das pessoas, sempre foi uma das minhas paixões. Escrevo esta coluna diretamente da Califórnia, onde vim ver amigos muito especiais e aproveitar do privilégio do “nomad” office. Antes, passei pela Costa Rica, também a convite de amigos, para quarentenar, conhecer um país lindo e ter a minha entrada nos Estados Unidos liberada. Meus dias aqui têm me feito pensar bastante nisso em todas as mudanças que aconteceram.

Quando viajo, sempre tento entender como a economia se comporta para agilizar as coisas. Na Costa Rica, troquei dólares pelo Colón costarriquenho. Também consegui usar meu cartão de crédito, mas o papel reinou.

Fazia muito tempo que não pegava dinheiro em espécie para fazer algo. Essa tem sido a minha realidade, principalmente no último ano... morando em São Paulo, trabalhando em casa e resolvendo basicamente todas as compras em apps e sites.

Na China, a plataforma de mensagens Wechat já faz escola, e, há alguns anos, é um dos principais meios de pagamento no país — é bem mais fácil usar o app que qualquer outra alternativa. O Whatsapp viu a potência e fez igual (o serviço já está disponível aqui no Brasil e deve se tornar bem popular nos próximos meses; recomendo que habilitem).

A geografia do país também pode influenciar bastante no comportamento. Lembro do Julio Pacheco, amigo que trabalha comigo, me contando que, na Islândia, sem cartão de crédito não se vive, já que eventualmente você terá que abastecer seu carro no meio do nada. O posto de combustível é só uma bomba e mais nada. Não tem caixa, não tem conveniência. Só o combustível e uma máquina de cartão.

Agora a surpresa foi aqui na Califórnia. Por incrível que pareça, tenho tido dificuldades com cartão de crédito. Passeando (aliás, esse será o tema de uma coluna futura — vou falar como é a vida pós pandemia aqui), passei por uma lojinha que vendia azeites e balsâmicos num Farmers Market — e quem me conhece sabe da minha paixão por isso. Quando fui pagar com meu cartão (americano, no caso), não deu certo. Compra negada. A Inês, minha amiga que mora aqui, logo perguntou: aceita Apple Pay? Resposta curta e grossa: não.

Deixar os azeites não era uma opção. Lá fui eu passar em casa e pegar meu cartão Itaúzão para pagar minhas compras — e funcionou lindamente (YES, WE CAN!). Depois, fiquei pensando que um IOF alto e uma taxa de câmbio longe do ideal acabou sendo a solução mais fácil que encontrei pra fazer minhas compras. Pior do que pagar o IOF é querer comprar algo e não conseguir.

Aqui, com os gringos, o papel ainda tem muito valor, algo que não vejo mais no Brasil. Os ATMs, ou caixas-eletrônicos, seguem bombando. Um em cada esquina, postos, farmácias ou deli.

No Brasil, eu já comprei brigadeiro com o Pix. O Banco Central divulgou recentemente que as transações usando o Pix já ultrapassaram DOC, TED e boletos somados (YES, WE CAN!).

Só tem um problema nessa informação. A Neotrust tem os dados transacionais de quase todo e-commerce brasileiro — e, para compras online, apenas 3% dos negócios são pagos com a nova tecnologia. O que isso quer dizer? Que tem muito varejista perdendo tempo.

Lembra quando só se falava na importância de estar nas redes sociais e como isso mudava o jogo para empreendedores digitais? Pois bem, a bola da vez é o Pix.

Você tem que estar onde seus clientes estão. Se seu cliente quer dançar valsa, toque valsa. Se seu cliente quer pagar com um QR code e ter a compra aprovada em segundos, ofereça essa opção.

Não adianta ter uma Ferrari e não sair para dar uma volta. Também não adianta ter uma economia baseada no consumo, com moeda forte e muito madura, se a tecnologia não acompanhar.

Podemos fazer melhor.

Yes, we can.

*Andrea Fernandes é CEO do T.Group

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