Máscaras são decisivas para barrar nova variante de covid
A única forma de, pelo menos, atrasar a disseminação da nova variante é com uso de máscaras; por isso não é o momento de flexibilizar
Bússola
Publicado em 20 de dezembro de 2021 às 14h21.
Última atualização em 20 de dezembro de 2021 às 15h22.
Por Marcelo Tokarski*
A grande maioria dos brasileiros continua usando máscaras para se proteger da covid-19, mas uma parcela importante da população deixou de usar a proteção em espaços abertos. E, caso o equipamento deixasse de ser obrigatório, apenas um em cada três brasileiros continuaria utilizando a proteção em quaisquer circunstâncias.
É o que revela pesquisa do Instituto FSB feita com exclusividade para a Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, 95% dos brasileiros dizem seguir usando hoje as máscaras, soma de 55% que seguem se protegendo em qualquer lugar e 40% que dizem usar atualmente apenas em locais fechados.
Apenas 4% dos entrevistados afirmaram não utilizar mais máscaras. O curioso é que esse percentual é baixo entre quem está com o esquema vacinal completo (3%) ou parcial (6%) e maior entre os não vacinados (13%). Ou seja, quem optou, de maneira equivocada, por não se vacinar — e que por isso está bem mais sujeito a contrair a covid-19 — é justamente quem mais deixou de usar a proteção da máscara, o que é uma forte contradição.
Outro dado da pesquisa mostra que metade da população do país (49%) é contrária ao fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, enquanto 39% são favoráveis ao fim da exigência. De novo, o percentual de contrários ao fim da obrigatoriedade é bem maior (52%) entre quem já tomou duas ou até três doses da vacina do que entre os não vacinados (34%).
Quem toma mais cuidado é justamente quem defende que o uso das máscaras continue sendo compulsório. Dentre os 55% que seguem utilizando o equipamento de proteção em locais abertos e fechados, 56% são favoráveis ao uso obrigatório, enquanto apenas 30% são contrários. Já entre quem utiliza a máscara apenas em locais fechados, a proporção é bem diferente: 60% defendem o fim da obrigatoriedade e apenas 26% são contrários. Entre quem já abandonou o uso de máscara, o quadro é ainda pior, são 66% e 25%, respectivamente.
A pesquisa também investigou se as pessoas continuariam ou não usando máscaras caso elas deixassem de ser obrigatórias no Brasil. Os dados mostram uma ampla divisão da sociedade: 28% afirmam que deixariam de usar o equipamento, 36% usariam em algumas situações e 35% afirmaram que continuariam utilizando. Na prática, se o item deixasse de ser obrigatório, apenas um em cada três brasileiros continuaria usando máscaras a todo o tempo.
A pesquisa deveria servir para as autoridades entenderem que não é o momento de flexibilizar o uso de máscaras. O mundo está assustado com a ômicron, variante mais contagiosa que tem feito o número de novos casos crescer vertiginosamente em muitos países da África e da Europa. Enquanto a ciência não descobre se a nova cepa é também mais perigosa e se as vacinas atuais garantem algum grau de proteção, o uso das máscaras é talvez a única forma de pelo menos atrasar a disseminação da variante.
Certificado de vacinação
Outra polêmica que tomou conta do país na última semana é a obrigatoriedade do certificado para que pessoas possam entrar no país ou frequentar determinados estabelecimentos ou eventos. Polêmica que, no entanto, não se reproduz na sociedade em geral. De acordo com a pesquisa CNI/Instituto FSB, dois terços dos brasileiros são favoráveis à exigência do certificado de vacinação, enquanto apenas 22% são contrários.
Mas, infelizmente, essa medida de segurança vem sendo pouco utilizada no país. Do total de entrevistados, apenas 18% disseram que nos últimos três meses precisaram comprovar a vacinação para entrar em algum local, como um restaurante ou um show, por exemplo.
Nossa sorte é que a ampla maioria da população (66% com duas doses e 75% com pelo menos uma) está vacinada, o que tem garantido ao país números razoavelmente controlados na pandemia. Resta saber se o avanço da ômicron colocará ou não em risco essa nossa condição. Sinais de que corremos riscos não param de vir da Europa e da África.
*Marcelo Tokarskié sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.
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