ESG: empresas comprometidas com sustentabilidade e governança estão ganhando destaque no mercado. (Kadek Bonit Permadi/Getty Images)
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Publicado em 4 de novembro de 2024 às 10h00.
Por Ligia Pinto*
A edição 2024 do B20, braço empresarial da Cúpula do G20, teve o Brasil como anfitrião. O evento com a temática ‘Crescimento Inclusivo para um Futuro Sustentável’ buscou fomentar políticas públicas inclusivas e sustentáveis, estabelecendo sete forças-tarefas e um conselho de ação.
No centro das discussões, temas como combate à pobreza e desigualdade, transição para uma economia de baixo carbono, promoção da inovação, e equidade racial e de gênero indicam um caminho para que governos e empresas adotem práticas verdadeiramente transformadoras.
Nós da Sigma Lithium, empresa liderada por uma mulher e que conta com outras lideranças femininas, fazemos parte de três das forças-tarefas nas quais acreditamos que a nossa contribuição possa fazer a diferença pela nossa reconhecida atuação: diversidade e equidade de gênero; transição energética; e finanças e infraestrutura.
No campo da equidade de gênero e da promoção à diversidade, as conclusões do B20 Brasil reforçaram a necessidade de políticas empresariais e governamentais que promovam a participação das mulheres em cargos de liderança e na economia global.
A recomendação é para que sejam criados mecanismos para incentivar empresas a adotar políticas de diversidade e combater as disparidades salariais, estimulando o desenvolvimento profissional de mulheres e grupos diversos.
Segundo o relatório "Women in the Workplace 2024", da McKinsey, ainda existem oi lacunas expressivas de gênero em promoções e liderança, onde apenas 1 em cada 4 posições executivas é ocupada por mulheres. O estudo aponta que problemas como burnout são comuns entre mulheres líderes – e ainda mais acentuado entre mulheres pretas –, que enfrentam desafios adicionais.
Nesse sentido, o documento do B20 Brasil indica que os países do G20 estabeleçam parâmetros para acompanhar indicadores-chave de desempenho (KPIs) sobre a inclusão de grupos diversos, promovendo equidade de gênero e ampliando o leque de oportunidades para pessoas de diferentes origens e condições sociais.
Outro direcionamento importante é a relevância de oportunidades educacionais e da diligência no uso da inteligência artificial (IA) para promover um mercado de trabalho mais inclusivo. Esse pilar visa preparar minorias e grupos de baixa renda para um mercado profissional em rápida transformação com a digitalização e novas tecnologias.
Entre as vozes femininas no B20 Brasil, as falas de Janaína Gama, co-líder do W20 Brasil, e We'e'ena Tikuna, líder indígena, trouxeram representatividade e uma visão sobre inclusão social e cultural, ressaltando que é imprescindível a participação de mulheres de origens diversas no desenvolvimento econômico.
Já a diretora de negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, que mediou o debate sobre a internacionalização de empresas lideradas por mulheres, apontou o impacto positivo do programa Mulheres e Negócios Internacionais. O programa forma empresárias brasileiras para acessar o mercado global.
Segundo Ana Paula, em 2023, cerca de 2.883 empresas lideradas por mulheres foram beneficiadas pelo programa, que atua em financiamento e redes de networking, facilitando o acesso ao comércio exterior.
Para Paula Bellizia, presidente do conselho de ação Mulheres, Diversidade e Inclusão do B20, a transformação exige dados confiáveis, incentivos à diversidade e à educação ampliada. Para ela, esses são passos essenciais para acelerar a inclusão de mulheres em posições de liderança e criar um mercado de trabalho mais justo.
Na mesma linha, Luiza Trajano destacou a importância de políticas empresariais que promovam ambientes inclusivos onde as mulheres possam crescer em posições estratégicas. Trajano acredita que as empresas precisam adotar um propósito transformador, indo além do lucro, e construir políticas de apoio a mulheres e grupos diversos no Brasil.
Constanza Negri, representante do B20 Brasil, concorda que existe urgência na promoção de maior inclusão e diversidade nos negócios, apontando a importância de políticas que assegurem a representatividade feminina e de grupos diversos.
Entre os principais obstáculos, Negri cita a falta de equidade salarial e a sobrecarga das mulheres com tarefas de cuidado, questões que dificultam a participação plena delas no mercado e no acesso a cargos de liderança.
Com o compromisso de atingir 50% de participação feminina até 2030, o B20 Brasil já alcançou 43% de representação de mulheres, refletindo uma transformação significativa e gradual nos setores de liderança e tomada de decisão.
A inclusão e diversidade no ambiente de negócios são elementos centrais para uma economia que pretende ter como legado ser sustentável e inovadora. Entretanto, é fundamental que haja um compromisso contínuo de empresas e governos para tornar essas metas uma realidade.
A pavimentação de uma economia mais justa e inclusiva é um processo constante de médio e longo prazo, mas primordial para garantir que todos possam contribuir e se beneficiar. O encontro do B20 no Brasil reforçou que a ação é necessária agora para concretizar o discurso, promovendo um futuro mais inclusivo para toda a sociedade.
*Ligia Pinto é VP de Relações Institucionais e Comunicação da Sigma Lithium.
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