Falar em conteúdo local é falar em investimento na própria nação (André Ribeiro/Agência Brasil)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 13 de maio de 2024 às 10h00.
Por José Antônio de Figueiredo*
Há cinco anos, uma gigante dos mares elevou o nível do mercado brasileiro de energia e deu o tom da importância do investimento em conteúdo local. Essa é a P-76, uma plataforma de petróleo do tipo FPSO construída pela Techint Engenharia e Construção para a Petrobras. Sua história me lembra uma sinfonia. Como na música, foi preciso harmonia: uma gestão inovadora com melhores práticas, planejamento adequado e a segurança de que uma construção tão significativa para o país pudesse desembarcar nas águas da Bacia de Santos (SP) e atingir, em apenas oito meses, seu primeiro recorde: a produção nominal de 150 mil barris/dia.
Essa gigante não só alcançou mais de 70% de conteúdo local durante sua construção e montagem, como é a plataforma da Petrobras mais eficiente do país na produção de petróleo, com 94% de atingimento deste indicador, conforme ranking da Agência Nacional de Petróleo (ANP) de 2023. Essa conquista foi o resultado de várias atividades realizadas no Brasil, com destaque para a engenharia básica desenvolvida pela própria Petrobras, a engenharia de detalhamento, a eficiente gestão dos contratos das equipes em sintonia e os minuciosos estudos de planejamento integrado e de construtibilidade.
Falar em conteúdo local é falar em investimento na própria nação, com formação de mão de obra especializada e contratação dentro de casa. Do Brasil para o Brasil. A P-76 gerou mais de 5 mil empregos no pico da obra em Pontal do Paraná (PR). Mais de 1.500 profissionais foram formados para atuar na indústria do petróleo, mais de 2 mil empresas brasileiras contratadas e mais de R$ 11,5 milhões em receitas foram gerados para o município durante todo o projeto.
Grande parte desse sucesso se deve ao modelo de contratação. Uma licitação feita por construção de módulos, integração dos mesmos à plataforma e conversão do casco de um antigo petroleiro numa moderna estrutura de plataforma do tipo FPSO viabilizou a participação de estaleiros nacionais, potencializando as possibilidades de aproveitamento da indústria local, trazendo investimentos, gerando novos empregos e impulsionando a economia nacional. Calcula-se que, para cada R$ 1 bilhão investido pela Petrobras na construção de plataformas, são gerados em torno de 26,3 mil empregos diretos e indiretos.
Além dos recordes em produção de petróleo, a plataforma tem um papel vital de reforçar a posição da Petrobras na cadeia de gás natural. Os investimentos na P-76 atendem o aumento da demanda por esse recurso, que inclui também a expansão do setor elétrico, abrindo caminho para a transição energética com fontes de menor intensidade de carbono.
Os FPSOs são alternativa moderna e eficiente para suprir a demanda energética, já que fazem o repasse do óleo diretamente aos navios-tanque, sem precisar de uma instalação de infraestrutura de oleodutos. Hoje, a Petrobras é a maior operadora de FPSOs da indústria mundial e continua investindo em novas plataformas do tipo, como consta no seu Planejamento Estratégico.
A P-76 ressalta o quanto somos capazes de construir e ter uma alta capacidade de produção, grandes práticas de gestão de tecnologias e um excelente desempenho operacional. Com o governo regendo a orquestra, a Petrobras no papel de spalla e as empresas contratadas como instrumentos, tivemos harmonia, melodia e ritmo como numa grande sinfônica chamada Brasil.
*José Antônio de Figueiredo, engenheiro e ex-diretor da Petrobras.
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