João Kepler: sobre startups “lagartas” e empresas “borboletas”
Artigo analisa o processo de metamorfose de startups em grandes empresas de sucesso
Mariana Martucci
Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 08h00.
Em algum momento, você já se deu conta de quão estranho é que algo reconhecido como um símbolo universal de graça e beleza — a BORBOLETA — comece a vida parecendo tão diferente, uma LAGARTA? Se você não soubesse deste processo de metamorfose, certamente nunca imaginaria que um ser estava condicionado a se tornar outro.
Assim como as lagartas não parecem capazes de se tornar borboletas, as STARTUPS não parecem capazes de se tornar EMPRESAS enormes.
Trago essa analogia para você entender que, no início das startups, também acontece uma certa metamorfose. Elas começam suas vidas como pequenas e feias startups lutando para se alimentar e sobreviver. Eles sofrem enormes perdas. Eles têm alta rotatividade de colaboradores. Eles lutam para serem acreditadas e conseguir clientes. Seus concorrentes estão constantemente tentando engoli-los ou destruí-los. E esses são apenas alguns dos desafios que enfrentam.
Bem, mesmo diante de tudo que passam, muitas conseguem amadurecer até a idade adulta, aí começam a aparecer e se tornar belas. Serão elogiadas e vistas como símbolos de sucesso empresarial, engenhosidade, inovação, empreendedorismo, persistência e beleza corporativa.
E veja que interessante, continuando com o exemplo, é o fato de que as qualidades que fazem com que as lagartas sejam bem-sucedidas não se parecem com as qualidades que fazem com que as borboletas sejam bem-sucedidas.
Por exemplo, as lagartas precisam comer muita comida e engordar. Eles convertem todo esse alimento na energia necessária durante a fase de metamorfose que as transforma em borboletas.
Portanto, podemos avaliar a chance de uma lagarta se tornar uma borboleta julgando sua circunferência e peso. Por outro lado, essas qualidades não seriam ideais para uma borboleta. O mesmo vale para startups e empresas.
Não podemos avaliar o potencial sucesso de startups usando os mesmos critérios que podemos utilizar para julgar os negócios que elas se tornarão. Ou seja, é preciso ter em mente de forma muito clara que as características de cada fase são importantes e devem ser respeitadas para que uma lagarta não morra antes da hora e tenha a chance de se tornar a borboleta — com todas as características que a define como tal.
O mercado exige, antes de tudo, que processos e etapas sejam vencidos no tempo certo — está é a evolução contínua que toda empresa deve buscar.
Mas essa é a magia desse mundo inovador e da nova economia. As condições de incertezas, cobranças, barreiras, desafios e muitos aprendizados fazem parte natural do processo e da jornada de uma startup. E tudo bem se é assim mesmo.
Com esse texto, quero agradecer o esforço de milhares de startups ainda “lagartas” no Brasil que são empreendedoras que carregam esse país nas costas. E, claro, quero parabenizar as startups que se tornaram belas “borboletas” no mercado.
* João Kepler é escritor, anjo-investidor, conferencista, apresentador de TV, podcaster e Diretor da Bossa Nova Investimentos.
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