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IA Generativa avança e já impacta algumas profissões. Isso é motivo para preocupação?

Confira a opinião de especialista em tecnologia e inovação da Positivo, que analisa de forma realista a trajetória e efeitos da inteligência artificial a curto prazo

"Para os especialistas mais céticos, aquilo que vemos nas ficções futuristas nunca vai acontecer" (AMNART JORNPIBUN/Getty Images)

"Para os especialistas mais céticos, aquilo que vemos nas ficções futuristas nunca vai acontecer" (AMNART JORNPIBUN/Getty Images)

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Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 08h00.

Por Roger Finger*

Que o ChatGPT é, talvez, o grande fenômeno midiático de 2023, e não só na tecnologia, todo mundo já sabe. Agora, o que todos buscam é continuar avançando com a Inteligência Artificial Generativa e explorar todo o seu potencial – ainda um universo a ser vasculhado. Vários estudos e discussões apontam para os cuidados com a rápida aceleração desse processo de automatizar tarefas e até onde isso pode afetar os seres humanos. 

Será que estamos indo por um caminho perigoso demais? Ou será que esse grande boom no ramo da tecnologia veio para contribuir e até resolver problemas crônicos na humanidade?

Existe perigo real no avanço acelerado da inteligência artificial?

No campo da medicina, um estudo muito interessante foi publicado recentemente por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, que selecionaram cerca de 200 perguntas de um fórum online e as levaram para duas avaliações: uma para análise dos médicos e a outra do ChatGPT. Em seguida, outro grupo de profissionais da medicina foi encarregado de avaliar às cegas as respostas de ambos, e o resultado surpreendeu: os apontamentos da IA Generativa foram considerados, de uma forma geral, mais assertivos do que os dos profissionais, sendo mais úteis, de três a quatro vezes mais confiáveis e, pasmem, sete vezes mais empáticos.

Mas o que esse experimento é capaz de concluir? Que os humanos serão sumariamente substituídos pelos robôs? Não é bem esse o ponto. Na verdade, com o aperfeiçoamento da tecnologia, é possível, em uma realidade ainda inexistente, que a IA Generativa ajude a desafogar o sistema de saúde pelo mundo todo. Aqui no Brasil e em alguns outros países, como o Reino Unido, existe um sistema público de saúde sólido e consolidado. Mas principalmente onde essa estrutura gratuita não existe, a tecnologia pode ter um papel ainda mais decisivo no bem-estar coletivo.

IA, na verdade, tem potência para otimizar nossas vidas

Outro estudo, este sobre a economia global e a tecnologia, publicado pela Goldman Sachs em março passado, reforça o papel da IA sobre o conhecimento e desempenho humano. Ao longo dos últimos 10 anos, a tecnologia vem evoluindo de forma surpreendente, já superando as capacidades naturais, sejam em questões simples ou até mesmo as complexas. As máquinas já são capazes de analisar textos e imagens com maior precisão que a média humana. 

Outro dado relevante do estudo: 25% das tarefas de todas as indústrias já podem ser automatizadas. Logo, chegamos a um ponto em que é preciso reconhecer a diferença vital que essas transformações são – e serão – capazes de fazer em nossa sociedade. Em regra, a adoção de toda nova tecnologia costuma começar acelerando algumas coisas que já fizemos – e da forma que costumávamos fazer. Mas a verdadeira revolução se dá em um segundo momento, que é quando se encontram novos usos, formas e/ou aplicações.

Como estão os avanços da indústria e pesquisadores?

Assim como quase tudo que viraliza, a IA Generativa passará por um desgaste. Imagine o fato de diferentes versões de uma mesma história sendo contadas à base de dados: informações certas e erradas, precisas e imprecisas, coesas e confusas, sendo depositadas na base dessa inteligência “artificial”? Pois bem, para a tecnologia, o desafio é tornar a máquina imune às falhas. E essas melhorias vão acontecer, mas é necessário tempo. Atualmente, muitos pesquisadores acadêmicos e da indústria estão trabalhando nesse tema, tentando unir uma técnica madura como os Knowledge Graphs (KG) com os Large Language Models (LLMs) atuais. Ou buscando algo totalmente novo com a IA neuro-simbólica. É a tecnologia em evolução bem na nossa frente.

Ainda no assunto médicos versus tecnologia, o Google, sempre de olho nos avanços e pronto para agir, lançou um chatbot capaz de ser aprovado em um exame para se tornar médico em diversos países. O Med-PaLM, como foi batizado, é um projeto para atuar na área da saúde como suporte aos profissionais humanos. Antes mesmo do “médico-robô”, já haviam lançado o próprio ChatGPT, o Bard, disponibilizado recentemente em português do Brasil.

Tem muita novidade pela frente. Hoje, temos a OpenAI trabalhando no GPT-5 e o próprio Google, com o Gemini. Resta saber o potencial desses avanços e o quanto ainda serão capazes de nos surpreender. Para os especialistas mais céticos, aquilo que vemos nas ficções futuristas nunca vai acontecer. Já outros se arriscam a dizer que em 2030 tudo será bem diferente.

Realisticamente falando, o que está por vir?

Falando no que está por vir, mas em um futuro mais próximo e algo mais realista, até o final do ano deve estar disponível o CoPilot para o pacote Office da Microsoft, que promete transformar a forma como nós usamos ferramentas básicas, como o Word, por exemplo, que busca trazer a tecnologia já vista no ChatGPT e que tanto frisson causou até aqui. Tem também o Google, com o Duet AI para o Workspace, ainda disponível apenas em inglês. O desafio que impera, no entanto, como já citado anteriormente, é capacitar essa funcionalidade para que a tecnologia seja capaz de filtrar e rejeitar as respostas erradas.

A IA Generativa está só começando a dar as suas caras. Assim como toda novidade, ela irá ocupar o seu espaço e algumas funções ficarão obsoletas. Porém, reforço: toda tecnologia tem como primeira ação o encaixe em nosso dia a dia. Assim foi com o PC, a Internet, a nuvem, os smartphones, entre outras então “novidades”. A revolução mesmo só chega quando fizermos algo novo com ela. O avanço da tecnologia abre portas, permite novos caminhos e nós sempre nos adaptamos. E é assim desde sempre.

*Roger Finger é Head de Inovação Tecnológica da Positivo Tecnologia.

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