Hugo Tadeu: Governança como alavanca fundamental
Muitos executivos visionários entenderam a importância dos riscos ambientais e buscam estruturar a sua matriz de riscos climáticos
Bússola
Publicado em 26 de dezembro de 2021 às 10h41.
Última atualização em 26 de dezembro de 2021 às 10h41.
Por Hugo Tadeu*
A pressão ambiental não é um assunto recente, muito menos uma agenda superficial para céticos. Dados do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas) sugerem mudanças do clima em todo o planeta, com pesquisas sérias realizadas nos últimos dez anos por especialistas das principais universidades mundiais e brasileiras. Como destaque, recomenda-se as publicações do Centro de Energia da UFRJ com sugestões futuras interessantes para o tema.
No entanto, muitos questionadores das pesquisas acadêmicas, somente começaram a entender as mudanças climáticas, após tantos desastres e perdas financeiras concretas. Dados do WEF (World Economic Forum) indicam mais de US$ 6 trilhões relacionados aos custos ambientais para o mundo, sendo US$ 3 trilhões gerados pelas principais empresas listadas na Bolsa de Valores americana, considerando aumento de emissões e poluentes, por exemplo. Como consequência, tem-se mais de US$ 40 trilhões para investimentos potenciais via fundos de Private Equity em soluções ambientais, em busca de negócios inovadores e com amplo uso de tecnologias.
Aliás, não seria necessário apresentar tantos dados para gerar evidências do processo das mudanças climáticas. Bastaria observar o seu entorno. Repare o quanto o clima está diferente no seu dia a dia, com calor mais intenso, chuvas fortes e secas fora do regime usual das estações do clima. Além disso, perceba que os riscos para secas e problemas relacionados aos riscos geológicos e energéticos são crescentes.
Como consequência, muitos executivos visionários entenderam a importância dos riscos ambientais e buscam estruturar a sua matriz de riscos climáticos, mitigando possíveis problemas. Como destaque, uma grande organização brasileira, conseguiu fazer uma gestão de projetos sustentáveis, avaliando uso de dados, responsabilidade social e corporativa, diversidade na gestão de pessoas, novos talentos, uso adequado de recursos energéticos, nova cultura de negócios, inovação e produtos. O resultado dessas iniciativas foi o aumento da percepção de valor no mercado, com valorização das suas ações.
Finalmente, não simplificar a busca por solução de problemas ambientais com startups e de forma isolada deveria ser considerado. Percebe-se uma busca pela ruptura tecnológica, sem aprofundar a governança dos negócios, possíveis investimentos necessários, mudança de equipes e talentos necessários. Vale a reflexão e a devida profundidade.
*Hugo Tadeu é professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral.
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