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Gestão Sustentável: mais uma tragédia anunciada e a urgência da adaptação e da mitigação

No caso das enchentes no Rio Grande do Sul, o cenário foi previsto há pelo menos 10 anos

Vista aérea do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) inundado no centro da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em maio de 2024

 (Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul (SEDAC)/Divulgação)

Vista aérea do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) inundado no centro da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em maio de 2024 (Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul (SEDAC)/Divulgação)

Danilo Maeda
Danilo Maeda

Head da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 8 de maio de 2024 às 17h00.

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O futuro chegou. Esta coluna tem repetido essa frase à exaustão. Não por desejo do autor, mas por imposição dos fatos. Desde que se estabeleceu a discussão sobre mudanças climáticas, cientistas alertam para o fato de que os chamados eventos climáticos extremos se tornariam mais frequentes e mais severos. No caso das enchentes no Rio Grande do Sul, o cenário foi previsto há pelo menos 10 anos, quando um relatório encomendado pela Presidência da República já apontava chuvas acentuadas no Sul do Brasil em decorrência das mudanças climáticas.

O documento “Brasil 2040: cenários e alternativas de adaptação à mudança do clima” foi produzido entre 2014 e 2015 por diversos grupos de pesquisa a partir de modelos climáticos usados pelo IPCC e aponta riscos como elevação do nível do mar, mortes por onda de calor, colapso de hidrelétricas, falta d’água no Sudeste, piora das secas no Nordeste e aumento das chuvas no Sul como consequências das mudanças climáticas produzidas pela ação humana.

O objetivo na época era que o estudo orientasse políticas públicas de adaptação às mudanças climáticas, considerando que seus efeitos seriam em alguma medida inevitáveis, mesmo que as estratégias de mitigação (cortes nas emissões e captura de carbono) avançassem de forma mais acelerada. Muito pouco foi feito e a tragédia atual tornou-se ainda maior.

Como previsto, os desastres ambientais estão mais frequentes e graves, com um aspecto que torna o cenário cruel: Como todo problema que atinge desproporcionalmente os mais pobres, a necessidade de adaptação tem sido negligenciada. A formulação do Fundo de Adaptação destinado a países mais vulneráveis, por exemplo, avança a passos muito lentos. Em um presente no qual a parcela mais pobre já sofre as consequências das mudanças climáticas, o desenvolvimento de infraestruturas resilientes é tratado como um tema do futuro.

Mudar esta situação passa por ações urgentes, de curto prazo, e estruturantes, que permitam abordagens mais sustentáveis para políticas públicas baseadas em evidências. Escrevi isto após outras tragédias climáticas recentes, mas vale repetir: É urgente mapear onde estão e quais são os principais riscos e populações mais expostas às mudanças climáticas e colocar em prática planos de ação específicos para elevar a resiliência dos sistemas e/ou desenvolver estratégias de mitigação e adaptação à nova realidade.

Ao mesmo tempo, é também urgente avançar em políticas públicas de mitigação, que contribuam para o combate às mudanças climáticas. Nesse sentido, o Brasil deve focar no combate ao desmatamento e valorização de seus ativos florestais, com destaque para a regulamentação do mercado de carbono, via Projeto de Lei que está em tramitação no Senado Federal. Os parlamentares têm em mãos a oportunidade e a responsabilidade de tratar o tema com a devida relevância e urgência, de modo a contribuir para evitar novas tragédias futuras.

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