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Fernando Ângelo: a bolha das startups está estourando?

O primeiro semestre deste ano mostrou que as startups precisam se adaptar às novas expectativas dos investidores

Investidores estão mais atentos com os negócios que "param em pé" (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

Investidores estão mais atentos com os negócios que "param em pé" (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

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Publicado em 21 de setembro de 2022 às 10h30.

Última atualização em 21 de setembro de 2022 às 10h41.

Por Fernando Ângelo*

Este ano definitivamente não foi o das startups, principalmente aquelas que contam com investimentos para sobreviver. Segundo dados do estudo Inside Venture Capital, da Distrito, mesmo com o início da pandemia, o investimento em startups brasileiras foi de US$ 1,3 bilhão em 2020 para US$ 5,7 bilhões em 2021. Em uma comparação semestral feita pela KPMG e a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), o investimento em venture capital foi 51,8% menor no primeiro semestre de 2022 em relação a 2021.

Um dos motivos que explicam a queda nos investimentos é o aumento dos juros que levou à "reprecificação" que as startups sofreram no período da pandemia devido à correção da expectativa de crescimento desses negócios.  Além disso, os juros altos dificultam o acesso ao crédito, tanto em empréstimos como também em aportes, pois os fundos e investidores passaram a procurar oportunidades com menos risco de investimento, como a renda fixa, por exemplo.

O resultado foram as reduções expressivas no valuation desses negócios, o que levou, no melhor dos casos, a situações de demissões em massa dos times de muitas startups. Já no pior dos casos, muitos fecharam as portas ou procuraram maneiras de pivotar o negócio, como eu mesmo acabei fazendo.

Em 2020, meu aplicativo de mobilidade urbana tinha alcançado 200 mil passageiros e 70 mil motoristas em 104 cidades do Brasil. Porém, a pandemia e as medidas de isolamento tornaram esse empreendimento algo muito arriscado para os investidores e, em 2021, acabamos ficando sem condições de seguir.

A solução que encontramos foi pivotar o negócio para um setor aquecido pela pandemia, a logística. Acredito que saber quando é preciso abandonar uma ideia e construir algo novo é um diferencial para o empreendedor em momentos de crise. Isso nos ajudou muito a entender a necessidade de uma estratégia cada vez mais completa para enfrentar os riscos e imprevistos que surgem durante a maturação de uma startup.

O primeiro semestre deste ano mostrou que as startups precisam se adaptar às novas expectativas dos investidores. Isso não quer dizer que não deve haver mais espaço para negócios que demandam uma maior análise de médio-longo prazo sobre os recursos necessários para seu crescimento. Por outro lado, mostra que os investidores estão mais atentos com os negócios que ‘param em pé’ mesmo sem a necessidade de investimentos.

*Fernando Ângelo é embaixador da Mobilidade pelo Estadão e atua no setor de logística há mais de dez anos

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