Volume de documentos obtidos pela CPI da Pandemia é recorde (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2021 às 18h28.
Última atualização em 25 de maio de 2021 às 20h09.
Por Alon Feuerwerker*
A Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19 exibe um algo que os adversários sempre tentaram imputar à Operação Lava-Jato: definiu antecipadamente os alvos e vem conduzindo os trabalhos mais de modo a comprovar a hipótese que de desvendar as razões últimas da tragédia sanitária que o SARS-CoV-2 desencadeou no país.
E isso é absolutamente natural.
Claro, pois, diferentemente das investigações da polícia e dos procuradores, CPIs são instrumentos políticos dotados de poder de polícia, e esse tipo de condução é esperado. E existe hoje na comissão uma maioria consolidada contra o governo. Inclusive porque há ali dois parlamentares do Amazonas que precisam dar satisfações aos eleitores sobre o desastre de Manaus.
A CPI escolheu concentrar em dois aspectos. A cloroquina e o atraso na contratação da vacina da Pfizer. São dois filões a explorar para tentar chegar ao objetivo. Se terão sido as melhores escolhas, só o tempo vai dizer. Não bastará à CPI produzir um PowerPoint. Precisará de um tríplex e um sítio. Dois detalhes que renderam dividendos à Lava-Jato no seu tempo. Mesmo que agora estejam a caminho do arquivo.
A CPI precisará achar algo mais material se quiser aumentar a pressão sobre a Procuradoria-Geral da República para esta eventualmente oferecer denúncia contra o presidente da República. Ou sobre o presidente da Câmara dos Deputados, para este aceitar algum pedido de abertura de impeachment.
Hoje o presidente da CPI informou que o volume de documentos já obtidos pela CPI é recorde. Esta é uma frente. Outra, também a exemplo da Lava-Jato, é aumentar a pressão sobre os depoentes para que algum deles diga o que dele esperam os acusadores. Mais uma coisa que precisaremos aguardar para ver se vai funcionar.
*Alon Feuerwerker é analista político da FSB Comunicação
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