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Energia da diversidade

3 perguntas para Clarissa Lins, primeira mulher a comandar o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás

Clarissa Lins, presidente do IBP (Búss/Divulgação)

Clarissa Lins, presidente do IBP (Búss/Divulgação)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 24 de novembro de 2020 às 22h01.

Última atualização em 25 de novembro de 2020 às 10h29.

#EnergiaParaSuperar foi o slogan que o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás) usou em recente e premiada campanha digital para interagir com a sociedade no meio do caos instalado pela pandemia, garantindo que o essencial não iria faltar: a energia para o país continuar a se movimentar. O mote da instituição e do setor na campanha, não por acaso, é também a bandeira do estilo de gestão de Clarissa Lins, economista e primeira mulher a liderar o IBP: conectada com a sociedade, com a ética e com importantes debates do setor, como os que ocorrerão na próxima Rio Oil & Gas, um dos maiores eventos mundiais do setor (01 e 03/12 e 100% online). Clarissa Lins, a seguir, resume em 3 respostas, para o Bússola, alguns de seus desafios atuais.

Você é a voz feminina que representa no país um setor crucial. Como tem sido as questões de gênero para você à frente do IBP?

Clarissa Lins: Há hoje na liderança do IBP diversas mulheres em cargos relevantes. Então essa condição é cada vez mais normal na indústria, muito mais do que já foi em passado recente. Isso decorre da maturidade do Instituto, da indústria e o fato de que mulheres competentes tenham tido oportunidades aqui. Isso vem com o tempo mas também com a nossa postura cada vez mais madura como executivas. Obviamente não há equidade quando se olha o cenário todo. Mas o avanço é real. A transição energética, no nosso caso, também gera uma combinação de talentos e de competências que acho muito fértil. Cada vez mais as empresas precisam não apenas de engenheiros e matemáticos mas também de talentos e competências que tragam esses “soft skills”, características da conduta feminina.

Quais os maiores desafios para as mulheres - agora numa visão mais ampla - em um mundo que debate o tema de forma intensa, em meio à pandemia? O que está colocado para o feminino?

Clarissa Lins: Temos muitos desafios e enormes oportunidades. É o caso de comportamentos que são calcados em empatia, em ser mais generosos com a escuta, colocar as pessoas no centro das decisões. Vejo lideranças despontando com essas características. E, não raro, são femininas. No início da pandemia vimos que os países que lidaram melhor com a questão eram liderados por mulheres. Quando colocamos questões sanitárias, saúde, preocupação com o próximo, com a família e a comunidade, isso traz à tona características femininas. Conseguimos fazer isso aflorar de maneira mais natural.

Você é  especialista em transição energética, logo, diversidade e novas pautas de energia estão no seu cotidiano. Como avalia o andamento dessas duas agendas no setor no Brasil?

Clarissa Lins: Ambas tem um campo fértil para continuar avançando. Na transição energética, temos cada vez mais atores querendo participar da conversa sobre soluções, formas de consumir energia e em descobrir como continuar fazendo o que já faz bem mas com menos intensidade de carbono. A pauta está clara. Temos que avançar e prover energia para uma quantidade cada vez maior de pessoas lidando de maneira responsável e ética com seus impactos. Notadamente em termos de emissão de gases de efeito estufa. E não tem um único modelo para lidar com isso.  Mas cada país e cada empresa tem encontrado sua forma para atuar nesse amplo leque.

Por outro lado, na pauta da diversidade que você menciona, os eventos recentes acenderam a luz sobre a questão racial de uma maneira absolutamente necessária e brutal. Temos um fosso social gigantesco e muito abaixo das expectativas que temos para soluciona-las. As questões de equidade de gênero estão colocadas. E não são fáceis. No mundo corporativo já vejo mais factíveis.

Mas, quando olhamos para as políticas sociais, notadamente na área de educação, não vejo iniciativas reais para solucionar ou acelerar o “widening gap”.  As empresas podem e devem colocar isso em suas pautas. Mas não podem fazer sozinhas. As políticas públicas precisam ser mais incisivas.

*Sócia-diretora Digital&Inovação da FSB Comunicação

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