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Empresas adiam compromisso com net zero em 14 anos, indica estudo da EY

Pesquisa da EY aponta que empresas que possuem ações consistentes para enfrentar as mudanças climáticas têm aproximadamente 2 vezes mais chance de capturar valor financeiro superior ao esperado

O estudo aponta que houve um aumento no percentual de empresas que tomam apenas medidas mínimas para o combate às questões climáticas (de 15% para 45%), há também uma diminuição nas ações de redução à emissão de carbono e menos investimentos em sustentabilidade. (Sakorn Sukkasemsakorn/Getty Images)

O estudo aponta que houve um aumento no percentual de empresas que tomam apenas medidas mínimas para o combate às questões climáticas (de 15% para 45%), há também uma diminuição nas ações de redução à emissão de carbono e menos investimentos em sustentabilidade. (Sakorn Sukkasemsakorn/Getty Images)

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Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 08h00.

Segundo pesquisa da EY, que entrevistou 520 CSOs (Chief Sustainability Officers), o avanço na agenda climática precisa acelerar para que a meta estabelecida no Acordo de Paris de 2015 seja cumprida, limitando o aquecimento global a 1,5°C.

Comparando os dados deste ano com os de 2022, a pesquisa EY Sustainable Value Study apontou para a diminuição dos esforços para a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) como um dos principais fatores da aparente desaceleração.

A média de ações a favor da agenda climática por empresa era de 30% e agora se encontra nos 20%. A data para atingir as ambições climáticas aumentou em 14 anos, com ‘ano-meta’ passando de 2036 para 2050. A pesquisa ressalta a importância de eventos como a recém realizada COP 28.

“O estudo mostra as oportunidades onde devemos focar, lembrando que é necessário o compromisso combinado da sociedade civil, governos e iniciativa privada. há mais otimismo dos líderes com a agenda, quando comparado ao ano passado”, afirma Ricardo Assumpção, sócio-líder de sustentabilidade e CSO LATAM da EY. 

O estudo aponta que houve um aumento no percentual de empresas que tomam apenas medidas mínimas para o combate às questões climáticas (de 15% para 45%), há também uma diminuição nas ações de redução à emissão de carbono e menos investimentos em sustentabilidade. Apesar desse cenário, dois terços dos executivos entrevistados sentem que as suas organizações estão fazendo o suficiente para causar um impacto significativo nas mudanças climáticas.

Para Ricardo, “mais do que apenas compromissos, é hora de tomar ações concretas e garantir financiamento para os projetos necessários, principalmente se considerarmos que existe a possibilidade real de o mundo ultrapassar temporariamente o teto de 1,5°C pela primeira vez este ano”. Portanto, a pressão continua forte sobre as empresas para que incorporem sustentabilidade na estratégia corporativa e que existam ferramentas de controle para medir a eficiência das ações que estão em curso. A pesquisa reforça que as empresas que tomam mais medidas para enfrentar as mudanças climáticas criam um valor significativo para os seus negócios, para a sociedade e o planeta no médio e longo prazo”.

Isto também se reflete nos relatórios financeiros das companhias. Segundo o estudo, as empresas que são pioneiras e tomam mais medidas para enfrentar as mudanças climáticas têm 1,8 vez mais probabilidade de reportar um valor financeiro superior ao esperado para suas iniciativas climáticas, em comparação com aquelas que colocam essas iniciativas em segundo plano.

Impulsionadores, exploradores e observadores

Para tangibilizar a análise, a EY definiu alguns parâmetros que separaram as empresas em três estágios: impulsionadores, exploradores e observadores. “Ao todo, medimos o status de 32 ações em cinco áreas principais: medição e relatórios, governança e supervisão, operações e cadeia de suprimentos, clientes e oferta de produtos, e fornecedores e terceiros. Os que são classificados como “Alta ação” se enquadram em impulsionadores, “Média ação”como exploradores e Baixas ações” em observadores”, explica o executivo.

As ações foram classificadas de “concluídas” até “sem planos de execução”. Dentre as 32 ações analisadas, os impulsionadores concluíram, em média, 14, enquanto os exploradores 5 e os observadores apenas uma. E dessa forma, a primeira categoria representa 7% das empresas pesquisadas, enquanto os exploradores representaram 48% da amostra e os observadores 45%.

O estudo indica também que as metas de redução de carbono são 25% mais altas entre as companhias impulsionadoras do que entre os observadores. Outro fato é que apenas 7% dos observadores pretendem aumentar os investimentos este ano, em comparação com 50% no ano passado, em contrapartida, 76% dos impulsionadores planejam investir mais recursos para cumprir os seus compromissos climáticos.

“Um dos principais desafios que as empresas enfrentam nesse momento é que elas assumiram compromissos climáticos e agora estão buscando formas de cumpri-los. Lembrando que, a partir de 2026, é obrigatório no Brasil o reporte de sustentabilidade para empresas de capital aberto, segundo as regras do ISSB.”, reforça Assumpção. As empresas impulsionadoras conseguem gerar mais valor em diferentes frentes, como financeiro, de colaboradores, para o cliente, sociedade e para o planeta, conforme o gráfico abaixo.

  

O papel determinante do CSO

“O papel do CSO está cada vez mais ligado aos tomadores de decisão estratégica, CEO e CFO, do que apenas uma questão de reputação. Isso já ficou para trás há muito tempo”, afirma o executivo. “Inclusive, isso pode ser visto em números numa análise da EY do Forbes Global 500 que indica que as organizações com um CSO estão mais comprometidas com a sustentabilidade e têm metas de redução de emissões mais ambiciosas (54% x 44% das organizações sem CSO) e reduziram as suas emissões em 3,6% nos últimos três anos (contra um aumento de 5% nas empresas sem CSO)”, completa.

A pesquisa aponta que os CSOs precisam ser agentes de transformação dentro das companhias. Atualmente, esses profissionais enfrentam dificuldades com a colaboração multifuncional da equipe e tem um ritmo lento de progresso. Os CSOs não podem executar a tarefa sozinhos e por isso devem capacitar seus pares no C-level para que seja possível produzir as mudanças necessárias e produzir resultados. “O papel do CSOs está finalmente se tornando estratégico e com capacidade de influenciar toda a companhia”, aponta Assumpção. Estes CSOs transformacionais, com mais recursos e influência organizacional, apresentam melhores progressos na descarbonização, criam mais valor para a companhia e estão mais satisfeitos se comparado ao CSO tradicional. “O índice de CSOs transformacionais ainda é baixo. Apenas 1 a cada 5”, ressalta Ricardo.

Além disso, esses profissionais têm maior poder de influência na estratégia, nos seus pares e no conselho de administração.

Regulamentação

O atual ambiente regulatório complexo também é outro fator que cria pressão sobre as empresas. Porém, o estudo aponta que apenas 22% dos entrevistados pensam nas regulamentações como barreiras às suas iniciativas de sustentabilidade e menos de três em cada 10 consideram que os requisitos regulamentares são prejudiciais à capacidade de possuir uma estratégia com foco no longo prazo. Mais do que isso, a pesquisa revela que algumas organizações estão utilizando as regulamentações para obter vantagem competitiva, uma vez que os relatórios integram questões relacionadas ao planejamento de negócios, financeiro, dados, medição e conexão com o conselho.

 

Emissões de gases do efeito estufa (GEE) do escopo 3

Para manter o aumento da temperatura dentro de 1,5°C até 2099, as emissões globais de CO₂ devem atingir zero até 2034, o que aumenta a urgência de agir em cima do escopo 3. As empresas estão começando a entender de forma mais profunda os seus perfis de emissões de toda a cadeia de valor. “Algumas publicaram análises detalhadas das suas emissões de escopo 3, que podem representar, em média, 75% das emissões totais de uma empresa, de acordo com o CDP (Carbon Disclosure Project). Para os setores alimentar, mineração e da construção, esse número pode representar 90% ou mais”, conta Ricardo.

As empresas ainda estão lutando para entender por onde devem começar para ficarem em conformidade com as emissões de Escopo 3. O estudo indica que 43% mudaram ou estão nas fases finais de mudança para fornecedores com baixas ou nenhumas emissões, enquanto apenas um terço (33%) concluiu ou estão nas fases finais de exigir aos fornecedores que reduzam as suas próprias emissões e apenas 27% estão ajudando os fornecedores a atingir esse objetivo.

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