Ei, advogado, já pensou em trabalhar com tecnologia?
Profissionais de várias áreas vêm sendo contratados para apoiar criação de ferramentas especializadas
Bússola
Publicado em 5 de julho de 2022 às 10h16.
Algumas carreiras como a de ciência de dados ou de engenharia de software vêm sendo fortemente impulsionadas pela alta demanda por profissionais das áreas tecnológicas. Mas o fenômeno da transformação digital também está impactando a procura por perfis de áreas tradicionais para ajudar no desenvolvimento de soluções inovadoras em seus campos de atuação. E, segundo um estudo da Finch, os números devem dobrar este ano.
É o caso, por exemplo, de profissionais de direito que estão sendo contratados para apoiar a criação de ferramentas responsáveis pela automatização dos escritórios de advocacia e dos departamentos jurídicos das corporações.
De acordo com Glaucia Lopes, diretora de Tecnologia da Finch, a demanda por profissionais qualificados para atuar na área tecnológica das empresas já é grande e deve aumentar ainda mais com a crescente automatização de processos repetitivos, utilização de robôs e inteligência artificial (IA).
Ainda há muito espaço, segundo ela, para o crescimento da procura por cientistas de dados, analistas de desenvolvimento de sistemas, engenheiros de robótica, especialistas em cibersegurança, engenheiros de dados, engenheiros de machine learning, dentre outras funções especializadas, mas a migração de pessoas de outras áreas de conhecimento também deve mexer com o mercado.
“Em todo o mundo a migração de pessoas de outras áreas para a tecnologia já é uma realidade. O crescimento das oportunidades de vagas na área de tecnologia está acontecendo em duas frentes principais: de um lado, existe a necessidade de mão de obra capacitada para atuar nas áreas de funções técnicas, criando algoritmos e desenvolvendo códigos e, por outro lado, a criação das soluções tecnológicas faz necessário um conhecimento das funções do negócio, que somente quem atua efetivamente pode gerar e, dessa forma, contribuir para ensinar a máquina a responder com mais eficiência e assertividade”, afirma Glaucia.
Este aumento de oportunidades é sentido por empresas como a Finch, que desenvolve soluções automatizadas para negócios de vários setores. Com forte atuação no ambiente jurídico, vem cada vez mais contratando e treinando advogados para integrar seu time de tecnologia e auxiliar a equipe de desenvolvedores.
“Isto porque somente quem conhece o setor é capaz de identificar as reais demandas e orientar a criação de soluções mais alinhadas com as necessidades. No caso do direito, o conhecimento jurídico é necessário para que a área de tecnologia possa desenvolver ferramentas alinhadas e mais assertivas com as necessidades do setor. Por exemplo, um advogado com efetiva atuação na área é muito mais capaz de ensinar o pessoal de tecnologia como os tribunais funcionam”, declara Emília Cappi, diretora Comercial e de Arquitetura de Soluções da Finch.
Um exemplo, dessa conciliação entre a técnica e o conhecimento teórico está na jurimetria, solução na qual a criação dos robôs de análise de dados de processos legais é amparada pela expertise de uma equipe de advogados capazes de dar o tom certo para a automatização das soluções.
Por isso, os processos seletivos para as vagas de especialistas são tão rigorosos que requerem também a atuação de recrutadores em Tecnologia. São caçadores de talentos com domínio das necessidades da área tecnológica e de negócios. Karina Batistuci, diretora da Finch, e também advogada, explica que, de todas as transições de carreira para a área tecnológica, que ocorreram na empresa desde a sua criação, 53% vieram da área jurídica. Para ela, isso mostra que as oportunidades para advogados não vão acabar, mas o bom profissional deve estar atualizado às atuais demandas do mercado que, com certeza, envolvem crescente integração com a tecnologia.
“É mais fácil capacitar um advogado na área tecnológica do que ensinar direito para um profissional de tecnologia. Sabemos que nem todo mundo quer ou é capaz de trabalhar com tecnologia, então, além da análise do perfil do profissional, nosso programa de treinamento interno inclui a capacitação destes profissionais junto aos desenvolvedores”, afirma a executiva.
Além disso, devido ao aumento da procura e a falta de mão de obra qualificada, mesmo com pouca experiência, esses profissionais são contratados rapidamente e os salários são mais altos do que em outros setores. “É uma questão de oportunidade: como a procura é alta e a disponibilidades de pessoal especializado é baixa, as pessoas que decidem mudar de profissão e até mesmo alunos recém-formados ou ainda cursando a faculdade, já estão embarcando na área de tecnologia com excelentes salários”, diz Glaucia.
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