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Edson Franco: Lições da pandemia

Desafios no pós-pandemia são multiformes e o Brasil tem um longo e urgente caminho até se recuperar

62% dos entrevistados disseram que dão mais valor às pessoas que amam, aponta pesquisa (Eduardo Frazão/Exame)

62% dos entrevistados disseram que dão mais valor às pessoas que amam, aponta pesquisa (Eduardo Frazão/Exame)

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Publicado em 11 de abril de 2022 às 10h06.

Por Edson Franco*

O país tem um longo e urgente caminho até se recuperar da grave crise dos últimos anos, marcada pela pandemia global da covid-19. Os desafios são multiformes e vão desde a velocidade da recuperação econômica, do emprego e reposição da renda, até as tragédias pessoais trazidas pelos distúrbios relacionados à saúde mental, à perda de emprego e daqueles que ainda sofrem o luto pela ausência de familiares e amigos. Todos nós, sem exceção, fomos impactados de alguma forma e tivemos que nos reinventar.

Passados dois anos do início da pandemia, urge fazer uma reflexão profunda dos legados que ficam para a humanidade. Muitas análises vieram a público sob os mais variados aspectos, mudanças nas relações de trabalho, evolução tecnológica e tantos assuntos de cunho social. De maneira mais concreta, para o cidadão brasileiro, quais foram os principais impactos da pandemia? Como ela mexeu com o nosso dia a dia, o que de fato mudou?

Dados de uma pesquisa encomendada pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida — Fenaprevi ao Instituto Datafolha no final de 2021 revelaram que, quando perguntados sobre o que fizeram ou estão fazendo para proteger a si mesmos e a suas famílias de situações adversas como a pandemia, 62% dos entrevistados disseram que dão mais valor às pessoas que amam, 23% passaram a guardar algum dinheiro e 17% afirmaram que contrataram um seguro (8% saúde, 6% seguro de vida e 3% outros).

Por outro lado, após cerca de dois anos de pandemia, 45% disseram que não se sentem preparados para outras situações imprevistas. Diante de uma situação similar à da covid no futuro, deixar a família sem condições de se manter e não ter como pagar tratamento médico estão entre os principais medos dos entrevistados. Sobre o que pensam em fazer para se prevenir, 52% citaram poupar ou investir e 35% fazer seguro ou previdência.

O que a pesquisa evidenciou é que há uma maior preocupação com proteção e planejamento, que não necessariamente se transforma em ação. Corrobora a dificuldade em pensar no amanhã e, daí, derivam uma série de teorias, desde a nossa memória inflacionária e falta de renda disponível, até motivações sociológicas, de ser feliz vivendo o hoje, sem pensar no amanhã.

Vejam que dados interessantes a pesquisa nos revelou: os entrevistados foram perguntados sobre a idade em que gostariam de parar de trabalhar e, em seguida, a idade que acham que vão conseguir parar: 53% gostariam de parar de trabalhar aos 60 anos, porém apenas 28% acham que conseguirão.

Cerca de três em cada dez entrevistados pretendem viver com o dinheiro da aposentadoria do INSS quando pararem de trabalhar; outros 22% planejam ou têm alguma reserva em dinheiro; já 7% planejam viver com o valor pago pela previdência privada, porém, apenas 2% têm plano de previdência.

Da maioria dos entrevistados que pretendem viver com a aposentadoria do INSS após parar de trabalhar, 64% não têm conhecimento do valor que vão receber. Entre os que afirmam saber o valor, 19% acham que vão receber R$ 1 mil por mês.

Tendo em vista que uma das maiores preocupações é com o amparo financeiro em caso de morte prematura, nos deparamos com um resultado curioso: 62% dos que têm seguro de carro não têm seguro de vida. Quando questionados se o seu carro vale mais do que a sua vida, 68% desses disseram que realmente deveriam pensar na proteção financeira de sua família. Esse dado convida a uma reflexão interessante. Sim, devemos nos preocupar em proteger nosso patrimônio, mas essa proteção só será plena quando pensada em sinergia à proteção da renda, considerando os infortúnios aos quais estamos sujeitos ao longo da vida.

As informações obtidas nessa pesquisa confirmaram nossa percepção: os sentimentos de medo e insegurança foram consideravelmente majorados com a pandemia. Mas, como vimos, não se refletiram em atitudes concretas. As explicações são múltiplas e não caberiam neste artigo. Porém, é inegável que evidenciam a necessidade de um profundo debate acerca da importância da proteção à renda como parte de uma temática mais ampla que é a falta de educação financeira da população.

O mercado segurador tem muito a contribuir, tanto em termos da ampla gama de soluções já disponíveis, como difundindo a cultura de proteção e planejamento. Na Fenaprevi trabalharemos incansavelmente para debater esse tema na imprensa, nas mídias sociais e junto aos presidenciáveis, com o objetivo de levar informação de qualidade ao maior número de pessoas possível e influenciar políticas públicas para que o seguro cumpra seu importante papel como instrumento do desenvolvimento econômico e social do país.

Essa é nossa vocação, missão e razão de existir.

*Edson Franco é presidente da Fenaprevi

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