Apesar de algumas dificuldades e de baixa adesão das lideranças, a temática ESG vem crescendo entre as empresas brasileiras (Kalawin / Getty Images) (Kalawin/Getty Images)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 8 de agosto de 2023 às 15h00.
Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 20h43.
Mas antes de você concluir que o autor desta coluna perdeu a razão, quero aproveitar que tenho sua atenção com um título e uma primeira frase propositalmente incompletos e provocativos para complementar com a informação de que as emissões, no caso, são de títulos financeiros com critérios ESG. De acordo com a Moody’s Investors Service, as emissões de dívidas sustentáveis cresceram 7% no mundo todo no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o mercado geral de títulos teve retração de 7%,.
Segundo o relatório, o volume total de emissões ESG (os green, social, sustainable e sustainability-linked bonds) atingiu US$ 526 bilhões nos primeiros seis meses do ano, 55% do estimado inicialmente para o ano de 2023 como um todo (US$ 950 bilhões), o que indica que o mercado de finanças verdes pode superar as expectativas mesmo em um mercado global relativamente pouco ativo.
O crescimento das emissões de títulos de dívida com critérios sociais, ambientais ou de sustentabilidade é relevante e positivo porque sinaliza que o mercado financeiro tem incorporado cada vez mais os critérios ESG em suas avaliações de ativos. Desta forma, o setor funciona como uma alavanca para provocar mudanças importantes na economia real, levando empresas a desenvolver mecanismos de mapeamento, prevenção e gestão de riscos e impactos socioambientais e a criar soluções voltadas para a captura de oportunidades ligadas ao desenvolvimento sustentável.
Em outras palavras, há cada vez mais dinheiro sendo direcionado para financiar a transição para uma economia sustentável, justa e inclusiva.
Como em outros períodos, o mercado com maior participação nas emissões de dívida ligadas a sustentabilidade foi o europeu. De todas as operações registradas no primeiro semestre, 50% aconteceram no continente, que tem sido ativo em discutir regulações e mecanismos de precificação dos impactos ambientais. Mesmo assim, a liderança proporcional das dívidas verdes ficou com a América Latina e Caribe. Aqui, as operações deste tipo representaram 32% do total, enquanto na Europa foram 20% e na Ásia 12%.
A má notícia em meio ao crescimento da utilização de critérios ESG ao redor do mundo é que uma onda contrária que tenta politizar os argumentos favoráveis à agenda como forma de deslegitimar sua utilização ganhou alguma tração no mercado dos EUA. No principal país capitalista do mundo, o volume de títulos verdes no primeiro semestre de 2023 caiu 27,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior (US$ 29 bilhões contra US$ 21 bi). Por lá, os títulos sustentáveis representaram apenas 4% do total do mercado de dívidas no primeiro semestre, uma participação ainda menor que os 5,5% do ano passado.
Para encerrar com viés otimista do início, digamos que se as finanças verdes avançarem na mesma proporção em que precisamos acelerar a agenda 2030, grandes oportunidades de mercado se apresentam no futuro próximo.
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