Como um ambiente saudável pode mudar a vivência de um trabalhador autista
Um ambiente corporativo saudável e acolhedor pode ser um aliado no desenvolvimento da carreira de um trabalhador diagnosticado com TEA
Bússola
Publicado em 13 de maio de 2022 às 16h20.
Por Bússola
Um ambiente corporativo saudável e acolhedor pode ser um aliado no desenvolvimento da carreira de um trabalhador diagnosticado com o transtorno do espectro autista (TEA). Dentro desse contexto, o líder representa um papel fundamental, porque o respeito, a compreensão e o incentivo ao funcionário com autismo são alguns pilares para que a vivência profissional seja positiva.
Um exemplo disso é a história da desenvolvedora de inteligência artificial e big data Viviane Nonato, de 34 anos, autista, mãe solo de duas crianças, a Alice, de 8 anos, que também tem o espectro autista, e o Ítalo, de seis anos. Há um ano e seis meses trabalhando na Fintools, braço de transformação digital da Oliveira Trust (OT),plataforma financeira digital referência em soluções para administração de fundos e serviços fiduciários no Brasil, Vivianeafirma que o ambiente familiar adotado pela companhia a fez crescer nos âmbitos profissional e pessoal.
Ela também reforça que a empatia transformou sua relação com o trabalho, trazendo mais satisfação. “Eu nunca tive um setor de RH (recursos humanos) tão próximo, um chefe preocupado com o bem-estar de todos dentro da empresa. Isso está me fazendo crescer”. A trabalhadora ainda deixa uma reflexão: “Imagina se eu estivesse em um ambiente tóxico que não compreendesse as minhas limitações, por exemplo. É claro que os meus colegas também têm limitações, mas imagina se fosse um lugar que não tivesse essa parte humanizada”.
Com a rotina intensa, dividida entre a função materna e o trabalho, Viviane relata a importância de uma empresa que entenda o seu dia a dia e que também incentive a sua evolução como profissional. “Sem a ajuda e a conscientização que o meu chefe faz, eu não conseguiria conciliar. Então, a OT, na parte de humanização e solidariedade, é muito especial na minha vida”, diz a desenvolvedora.
A trajetória
Nascida e criada no Complexo de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ela começou a trabalhar cedo, fazendo açaí e hambúrguer. Depois, entrou em uma oficina de artes plásticas oferecida por um projeto social local e, ali, pôde colocar em prática a criatividade. Aos 15 anos, Viviane começou a dar aulas para adolescentes e crianças que viviam em Manguinhos.
“Foi muito gratificante, porque trabalhei de forma a colaborar com a minha comunidade. Fizemos trabalhos de mobilização, criando pinturas, mas retratando o lado positivo das comunidades. Nós criávamos telas coloridas de casas e contavámos a nossa história, como surgiu o Complexo de Manguinhos”, diz, se sentindo orgulhosa do trabalho realizado na época.
Mais velha, ela teve o seu primeiro contato com as áreas de design, tecnologia e pesquisa durante um projeto na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A oportunidade estimulou a vontade de se desenvolver no ramo de software. “A arte, a ciência e a tecnologia contribuíram para eu ser o que sou hoje. Isso resultou em um bom caminho. Se não fosse pelos profissionais que seguravam a minha mão, falando que eu posso, eu não estaria aqui agora”, afirma, concluindo sobre a influência que o apoio da equipe traz à vida de um autista no mercado de trabalho.
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