Como superar os desafios na contratação de pessoas com deficiência?
Profissionais com deficiência lidam com o capacitismo e são apenas 1% dos contratos em regime CLT
Bússola
Publicado em 3 de novembro de 2021 às 16h29.
Em um cenário ainda pandêmico e com inflação crescente, a recente divulgação por parte do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) da redução de um ponto percentual da taxa de desemprego desse trimestre, em relação aos três meses anteriores, não provocou euforia nos 14,1 milhões de desempregados brasileiros, de acordo com o levantamento do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
A dificuldade de conseguir um trabalho é ainda maior para uma parcela considerável desse contingente de desempregados: os profissionais com deficiência. Dados recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) mostram que as pessoas com deficiência que têm emprego formal no Brasil representam apenas 1% dos profissionais contratados em regime CLT. Traduzindo em números: elas são apenas 486 mil entre 46,63 milhões de pessoas com carteira assinada.
Para o profissional com deficiência, o desafio é conseguir um emprego. Para as empresas, promover ambientes inclusivos e igualitários. Algumas já investem em programas internos de atração e desenvolvimento de pessoas com deficiência. É o caso do grupo DPSP, responsável pelas Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo. A empresa criou o programa +Plural, com o lema: “O Respeito é o nosso Princípio Ativo” em que estabelece o compromisso de aumentar ainda mais a diversidade do grupo.
Os interessados em trabalhar no Grupo DPSP podem se inscrever pelos sites da 99Jobs e também pelo portal Oportunidades Especiais, do grupo DPSP. As vagas são atualizadas diariamente.
“Atendemos um público diverso, heterogêneo. Nossos colaboradores refletem essa pluralidade. Um dos nossos focos é a atração e inclusão de colaboradores com deficiência e, para isso, oferecemos formação e oportunidade de desenvolvimento para esses funcionários. Criamos um programa de formação profissional de pessoas com deficiência em parceria com a UDiversidade Corporativa para formar alunos que saíram do curso mais preparados para o mercado de trabalho. Vamos dar início a mais duas turmas até novembro, contemplando mais pessoas”, declara Carla Sauer, diretora de Gente e Gestão do grupo DPSP.
A empresa, que está presente em oito estados, além do Distrito Federal e atualmente conta com quase 1400 lojas e 26 mil funcionários, contratou uma consultoria especializada em diversidade para implantar cursos de capacitação e também organizou a campanha interna “Nos indique a um amigo PcD”.
“A iniciativa surgiu de forma espontânea, em uma reunião em um de nossos centros de distribuição, onde nossos colaboradores com deficiência auditiva pediam para entregar currículos de amigos. Tivemos a ideia de impulsionar as indicações em outras regiões e assim nasceu o ‘Nos Indique a um Amigo PcD’, em que os colaboradores compartilham nossa página de vagas e carreira no LinkedIn”, diz Carla Sauer.
O grupo DPSP promoveu, também, um curso de formação em libras para os funcionários que atuam diretamente com colaboradores ou clientes com deficiência auditiva, para estabelecer uma comunicação mais inclusiva.
“Fiquei muito feliz em aprender a me comunicar melhor com os colegas deficientes auditivos que trabalham no centro de distribuição. Antes a comunicação era muito difícil. Depois das aulas, percebo que eles se sentem mais incluídos e a cada dia aprendo mais um sinal de libras. Posso dizer que o curso mudou meu jeito de pensar a inclusão”, declara Carolina.
O balconista Thiago Maciel, contratado na mesma empresa que Carolina, é deficiente auditivo e fala para à Bússola que isso nunca o impediu de trabalhar junto ao público consumidor.
“Sempre me propus a entregar meu melhor e a somar ao time. O apoio que sempre recebi dos colegas e, em especial do meu gerente, me motiva ainda mais”, diz Thiago.
O sonho de muitos profissionais com deficiência enfrentam o capacitismo, nome dado ao preconceito que atinge pessoas com deficiência, que são julgadas pelo estereótipo de não serem capazes de realizar determinadas tarefas, o que impacta na expectativa de crescimento dentro das empresas.
Fernando Garangau trabalha há 23 anos no grupo DPSP. Começou como funcionário de apoio no centro de distribuição da empresa. Vários cursos e promoções depois, ele ocupa hoje a função de supervisor de logística.
“Sou deficiente auditivo e sempre me senti acolhido e importante para o grupo. Passei por muitos desafios e responsabilidades que me fizeram aprender e crescer cada vez mais. Sinto muito orgulho da minha trajetória e da empresa que sempre me apoiou”, declara Fernando.
Há sete anos no grupo, a analista de pós-vendas Vivian Santos começou como farmacêutica trainee. Passou por várias promoções e conta que a deficiência visual não a atrapalhou na empresa.
“Sempre fui muito bem recebida pelos meus gestores e equipes de trabalho. Nunca senti nenhum tipo de preconceito e sempre fui bem aceita por todos. Meus líderes me incentivam e me desafiam. Tem uma frase que eu gosto muito: “Como as aves, as pessoas são diferentes em seus voos, mas iguais no direito de voar”, afirma Vivian.
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