Sabemos que nem tudo são flores, mas tudo é semente para sensibilizar em prol da natureza (LEREXIS/Getty Images)
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Publicado em 26 de agosto de 2024 às 13h00.
Por Raquel Coutinho, COO da Humora*
Em um contexto global marcado por desafios climáticos cada vez mais urgentes e sendo vivenciados por todos nós, a cannabis surge como uma alternativa positiva, com diversas aplicações ecológicas, redução de danos e benefícios à saúde das pessoas e do planeta.
A cannabis, especialmente o cânhamo, é uma planta de crescimento rápido, que tem demonstrado alta capacidade de sequestrar carbono, podendo ser ferramenta poderosa na luta contra a crise climática.
Pesquisadores americanos do centro de pesquisas Hudson Carbon demonstraram que o cânhamo pode capturar até 16 toneladas de dióxido de carbono do ar anualmente, enquanto outras espécies vegetais absorvem cerca de 6 toneladas.
Ou seja, a maconha pode ajudar a controlar o aquecimento global e, consequentemente, reduzir a crise climática.
Do ponto de vista industrial, essa planta pode ser utilizada para produção de bioplásticos, insumos à indústria têxtil, materiais de construção e tantas outras aplicações.
Produtos derivados do cânhamo são biodegradáveis e também podem ser considerados uma alternativa sustentável ao plástico, tão presente e comumente usado, mas ainda alvo de pouca reflexão.
O cânhamo também demanda pouca água para seu cultivo. Para se ter ideia, cerca de 1 kg de cânhamo utiliza 2,9 mil litros de água, enquanto 1 kg de algodão necessita de cerca de 10 mil litros.
A planta apresenta uma resiliência natural, exigindo pouca ou nenhuma utilização de pesticidas, fungicidas ou herbicidas, consequentemente, reduzindo assim a carga de químicos no meio ambiente.
Além disso, a cannabis ainda pode beneficiar significativamente a saúde do solo. Pesquisas da Dalhousie University sugerem que o plantio contribui para a melhoria da estrutura e fertilidade do solo, ajudando a prevenir erosão e estimulando a retenção de nutrientes.
Tais propriedades tornam a cannabis uma cultura próspera para práticas agrícolas sustentáveis, ajudando a manter a produtividade e a biodiversidade do solo.
Sabemos que nem tudo são flores, mas tudo é semente para sensibilizar em prol da natureza. Há de se considerar que sempre há impacto em tudo que fazemos, alguns benéficos, outros nem tanto. Hoje, muitas vezes cultivada indoor, a cannabis pode ter um impacto no consumo energético.
A alternativa do cultivo ao ar livre sofre com questões de legalização, principalmente no Brasil, e ainda poderia requerer tratamento contra as consideradas ”pragas", para não falar sobre o consumo de água. A sustentabilidade é pilar essencial na discussão de qualquer cultura.
A emergente indústria da cannabis pode se tornar uma alternativa bioeconômica, e extrapolar os limites de seu próprio setor, podendo promover uma verdadeira revolução verde em diversos setores.
Para além da promessa, o olhar para o potencial de fazer algo diferente e sustentável dentro de sua própria indústria é fundamental. Além disso, investimentos e pesquisas são necessários para melhor avaliação, para que possamos melhorar a percepção pública sobre a planta em relação à saúde das pessoas e do planeta.
O futuro deve ser verde, e a cannabis é uma parte importantíssima dele.
*Raquel Coutinho, COO da Humora, é formada em Comunicação Social pela Universidade de São Paulo (USP), com MBA em Gestão de Projetos pela USP/ESALQ. Trabalhou por 11 anos na maior empresa da indústria florestal brasileira, Suzano SA, onde liderou projetos socioambientais e comunicação.
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