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Clovis Tramontina: um livro para preservar um legado

Com transição em curso, chairman vê autobiografia como meio de manter viva a chama que levou Tramontina à liderança de mercado

Escrever um livro sobre sua própria trajetória não era uma opção tão óbvia para Clovis, mas o empurrão veio de sua filha, a designer Elisa (Leandro Fonseca/Exame)
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Bússola

Publicado em 22 de dezembro de 2021 às 14h14.

Por Juan Saavedra*

Escrever um livro sobre sua própria trajetória não era exatamente uma opção tão óbvia para Clovis Tramontina, presidente do conselho de administração da gigante que leva o nome de sua família e lidera o segmento de utensílios de cozinha — faturou R$ 8,3 bilhões em 2020, com crescimento de 39% ante 2019, e detém 37% do mercado de panelas no Brasil.

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Em entrevista a esta coluna, Clovis diz que sempre gostou de conhecer as trajetórias de líderes e empreendedores, mas o empurrão que faltava veio mesmo de sua filha, a designer Elisa. “O livro, inteiro em páginas brancas, era um convite para que eu contasse a minha história”, admite.

Outro estímulo veio com a leitura de “O Oitavo Dia”, biografia de Nelson Sirotsky, ex-presidente do grupo RBS. “Em uma oportunidade disse a ele que fiquei com uma 'inveja boa' e que a sua história havia me incentivado a contar a minha também”.

O resultado é "Clovis Tramontina: Paixão, Força e Coragem" (Editora Age, 349 páginas, R$ 58), lançado este ano e disponível nas principais livrarias físicas e online do país.

A obra ganhou corpo com três colaboradoras frequentes: Rosane Fantinelli, diretora do marketing da Tramontina e coordenadora geral do livro; Fátima Torri, jornalista e assessora de imprensa e coordenadora de produção; e Vania Rommel, secretária e principal responsável pelo apoio e pesquisa do livro.

Do início até o lançamento do livro foram quase dois anos de trabalho. “Fátima fez mais de 70 entrevistas e confiei essa missão a ela pela experiência que já tem na área da comunicação e, principalmente, pelo fato de ela conduzir a assessoria de imprensa da Tramontina há mais de 20 anos. Além do conhecimento técnico, a Fátima conhece a marca, assim como me conhece muito bem também”, elogia o empresário.

Na dinâmica ficaram definidos de comum acordo um grupo de entrevistados: amigos, clientes, funcionários mais antigos e familiares. “O processo de trabalho original era seguir os passos do Clovis, desde seu nascimento até o ano de lançamento do livro, passando por todas as fases de sua vida e tendo, sempre, a Tramontina como cenário, como elo entre as histórias”, conta Fátima.

Ela conhecera o biografado no final da década de 80, quando era correspondente da revista Exame. “Entrevistar Clovis era um périplo”, brinca.

Depois de sair da Exame, Fátima mudou de lado do balcão e criou uma agência de comunicação, a Fatto — hoje FTcom. “Fiz toda a apuração e dezenas de entrevistas com o Clovis, presencial ou online”, diz ela. “E o que mais me atraiu foi ir ainda mais fundo naquilo que eu já conhecia desta empresa que não tem concorrência, em modelo de gestão, pelo menos do mundo que conheço”.

A edição do livro ficou com a Age, editora gaúcha que mantém um catálogo de aproximadamente 400 títulos dos dois mil lançados desde sua fundação, em 1976. Não é a primeira obra do gênero — a Age já lançou biografias de outras figuras emblemáticas do Rio Grande do Sul como a do ex-governadores Pedro Simon e a do ex-presidente do Grêmio Fábio Koff.

“Participamos de todo o processo do livro e discutimos no grupo a melhor forma de expressão gráfica e editorial”, diz Maximiliano Ledur, sócio da Age — outras duas mulheres estão nos principais créditos da produção: Paola Manica (capa, projeto gráfico e diagramação) e Letícia Remião (fotografia). Já os textos são de Itamar Mello.

As vendas, segundo Ledur, estão aquecidas nesse final de ano. “São significativas. Melhor do que isso é a constatação de que estão crescendo na medida em que o tempo passa”, aponta Ledur, sem revelar números.

Em função da pandemia, a editora não promoveu uma turnê de divulgação do livro. Mas ainda assim foi possível promover quatro eventos locais — um em Porto Alegre e três em Carlos Barbosa, onde está a sede do conglomerado.
Clovis não esconde que um dos objetivos do livro é deixar um legado para as gerações futuras — seus outros dois filhos, inclusive, atuam na empresa que conta com dez unidades fabris, mais de dez mil funcionários, presença em mais de 120 países e um portfólio de 22 mil itens diferentes.

“A cultura da Tramontina é algo muito valioso para nós e o livro também tem o propósito de mantê-la viva. Esse legado inicia com meus avós, Valentin e Elisa, que passam para meu pai, Ivo, e seu sócio e meu padrinho, Ruy Scomazzon e chega até mim e Eduardo Scomazzon (atual vice-presidente do conselho de administração da Tramontina)”, rememora Clovis, que deixa a presidência para Eduardo Scomazzon — seu filho Marcos assume a vice-presidência. “Eles, com certeza, seguirão este legado”, afirma Clovis, que diz ter se divertido com a produção.

“O que mais me encantou na construção do livro foi reviver momentos históricos que tive com amigos e clientes, principalmente com os clientes. Foi algo que me animou muito”, exclama.

“Vibrei com histórias que vivenciei, negócios que havia feito e conquistas que foram duras. Agora, 30 anos depois, vejo que as coisas não eram assim tão difíceis, ou melhor, eram na época, mas hoje se tornam fáceis, pois foi feita uma construção. Reviver esses fatos durante a execução do livro foi, com certeza, uma das coisas mais emocionantes”, diz.

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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