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BÚSSOLA LIVE: Diversidade nos conselhos é chave para gestão ESG

Empresas e conselhos de administração precisam abraçar de uma vez por todas a agenda da diversidade e inclusão

Pandemia evidenciou a desigualdade social em diversos níveis, e não há mais espaço para diversity washing. (monkeybusinessimages/Getty Images)

Pandemia evidenciou a desigualdade social em diversos níveis, e não há mais espaço para diversity washing. (monkeybusinessimages/Getty Images)

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Publicado em 23 de setembro de 2021 às 19h33.

Última atualização em 9 de agosto de 2022 às 16h38.

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Seja para gerar um impacto social genuíno ou para ter vantagem competitiva no mercado, empresas e conselhos de administração precisam de uma vez por todas abraçar a agenda da diversidade e inclusão. E a mudança de mentalidade na direção de boas práticas de ESG precisam começar na liderança. Essas foram as principais conclusões da live “Novo perfil dos conselhos empresariais: diversos e atuantes”, realizada pela Bússola, na última quarta-feira, 22.

Participaram do debate Claudia Elisa, conselheira em várias companhias abertas e fechadas e mentora de scale-ups, Jandaraci Araujo, membro da Women in Leadership in Latin America e cofundadora do Conselheira 101, Angela Donaggio, fundadora da Virtuous Company e consultora de governança e diversidade, e Robert Juenemann, sócio-fundador da Robert Juenemann Advocacia Empresarial e Familiar e conselheiro em diversas empresas. A moderação foi feita por Rafael Lisbôa, diretor da Bússola.

As organizações e conselhos ainda estão longe de ter nos seus quadros a pluralidade da sociedade brasileira. Pesquisa realizada pela consultoria de gestão Korn Ferry mostra que a presença feminina nos conselhos corresponde ainda a somente 14%. Além das mulheres, é urgente também ampliar a inclusão de conselheiros negros, LGBTQIA+, PCD e abaixo dos 50 anos, que representam uma minoria nos boards.

“Hoje, 56% das pessoas que entram no mercado de trabalho são mulheres. Temos que entender como isso se transforma em apenas 14% que ocupam posições de liderança”, declara Claudia Elisa Soares.

Para a conselheira e mentora, a pandemia evidenciou a desigualdade social em diversos níveis, e as empresas precisam entender que colaboradores e consumidores demandam que elas façam parte da solução.

Como “órgão imparcial que introduz as conversas difíceis”, os conselhos precisam de visões diversas. “Somente diferentes conversas criam diferentes realidades. As mulheres que conquistaram uma posição nos boards precisam ser agentes transformadores, por meio do questionamento e do estímulo ao debate aberto e franco, e dar vazão ao contraditório”.

Fundadora do Conselheira 101, programa que incentiva a presença de mulheres negras nos conselhos de administração, Jandaraci Araujo complementou o debate reforçando que não há mais lugar para perpetuar a “juniorização” desse grupo, ou seja, a ideia de que mulheres negras não estão preparadas para ocupar posições de alto escalão.

“A demanda é muito maior que programas de trainee. Existem muitos executivos e executivas negros que tem carreiras esplendorosas e são invisibilizados. É preciso trazer grupos minoritários para espaços estratégicos”, diz.

Advogado, conselheiro e membro da comunidade LGBTQIA+, Robert Juenemann ressaltou a falta de preparação dos conselhos para lidar com a diversidade e proporcionar um ambiente de trabalho confortável para todos. Justamente por isso, mais cadeiras precisam ser ocupadas por minorias.

“Temos propriedade para falar sobre um assunto que é nossa vivência e indicar caminhos para iniciativas mais assertivas. As empresas precisam de apoio, conhecimento e humildade para aceitar que precisam de visões diversas. Se isso não mudar, elas não encontrarão colaboradores, consumidores e futuramente terão que fechar as portas”, afirma Juenemann.

Jandaraci complementa que não há mais espaço para diversity washing e greenwashing.

“Estamos em um tempo de total transparência, decorrente das redes sociais, e a nova geração é intolerante à intolerância. Se uma empresa não quer tratar da diversidade, precisa assumir e saber que haverá consequências do ponto de vista de negócio, independente do setor de atuação. Se não agirmos agora, quando será?”.

Para gerar a transformação em prol do social, que respinga em outros aspectos da sigla ESG, os debatedores concordaram que o papel da governança é central. “É sobre transformar retórica em prática. As lideranças precisam cultivar um ambiente acolhedor para os colaboradores e manter relações éticas com fornecedores, clientes, toda a cadeia. No fim, ESG é sobre ética, e o guardião dos valores de uma empresa é conselho”, destacou a consultora Angela Donaggio.

“Não adianta ter lixeiras de reciclagem se o dono da empresa jogar lixo no chão”, afirma Juenemann.

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