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Bia Félix: por que o offline é o novo luxo?

Como se conectar aos jovens consumidores da geração Z que estão fugindo do mundo virtual para buscar experiências únicas no mundo real

A geração Z está cada vez mais consciente de seus hábitos online e busca encontrar um equilíbrio saudável entre suas interações digitais e sua vida real (Frazao Studio Latino/Getty Images)

A geração Z está cada vez mais consciente de seus hábitos online e busca encontrar um equilíbrio saudável entre suas interações digitais e sua vida real (Frazao Studio Latino/Getty Images)

Bia Félix
Bia Félix

Influenciadora e Colunista Bússola

Publicado em 9 de maio de 2024 às 10h00.

Última atualização em 9 de maio de 2024 às 16h45.

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Não estar nas redes sociais é hoje um privilégio. Para quem cresceu e viveu antes da internet podia até já ter consciência disso, mas para a geração Z – nascidos depois de 1997 – é algo novo: e que vem pra ficar.

A geração que ouviu a promessa de que o uso das redes aproximaria pessoas, combateria a solidão e criaria intimidades começa a perceber isso tudo, também, no meio digital. E, então, volta-se para o offline para buscar conexões reais. Isso, no entanto, não significa a inteira substituição das experiências online pelas presenciais. Nesse novo cenário, os dois coexistem. As marcas que souberem integrar esses dois mundos, estarão se posicionando à frente da concorrência. 

Nesse texto, trago a razão dessa mudança de comportamento e te digo de que forma sua marca pode adaptar suas estratégias para se conectar efetivamente com a geração Z a partir de agora.

Primeiro, vamos entender o porquê disso ter acontecido.

As redes sociais viraram parte da estratégia de marketing das empresas. O lugar que antes era designado para socialização – daí o nome “sociais” – passa a ser um ambiente digital com um propósito muito mais abrangente que isso: no Instagram, por exemplo, é comum encontrar no próprio feed publicidades, conteúdos com propósito comercial (de venda) e fotos de pessoas que sequer conhecemos, e menos espaço a amigos e familiares (pela forma como o algoritmo atualmente funciona). O uso das redes deixa, aos poucos, de ser um recurso que tem por finalidade a união de pessoas e assemelha-se cada vez mais ao objetivo dos conteúdos que já consumíamos no YouTube ou na TV – por entretenimento.

Pense que, hoje, a maioria dos creators que viraliza não está compartilhando a própria vida, mas sim te entretendo de alguma forma - quer isso envolva isso a vida pessoal dele/dela, quer não. Mais do que nunca, as redes viraram, para os CPFs, uma oportunidade de divulgação da sua "marca pessoal”: um recorte perfeitamente curado de sua vida e de suas habilidades. Nesse jogo, não vence quem é melhor, mas sim quem é mais conhecido. Já para os CNPJs, viu-se uma grande oportunidade das marcas investirem em um conteúdo mais direcionado e eficiente, de modo que, com a estratégia certa de comunicação, a marca é capaz de se comunicar de forma mais assertiva com o seu público, através da sua própria rede social, fazendo uso do marketing de influência e/ou das collabs (colaborações). 

De “Instagramável” para “experiencial” 

O termo "Instagrammable" (instagramável) foi incluído no dicionário dos Estados Unidos em 2018, com a popularização de locais dignos de uma foto para o Instagram: visualmente bonitos e que eram pensados para a foto perfeita. A arquitetura dos estabelecimentos remodelou-se para atender a essa necessidade. Hoje, a arquitetura instagramável aos poucos vai sendo substituída pela arquitetura de experiência, daquilo que não necessariamente pode ser explicado através das telas. É preciso estar ali para sentir e entender. Estabelecimentos que exploram o sensorial, para além do visual, saem na frente nesse sentido.

Ambiente instagramável:

Ambiente experiencial:

Luxo é aquilo que é raro

Desligar-se do mundo virtual é agora considerado um luxo, reservado para os que têm a liberdade de usar a tecnologia por escolha própria, e não por necessidade. Isso não significa, no entanto, que a geração Z deseja parar de usar as redes, pelo menos em um futuro próximo. A consequência disso é que, agora, os momentos offline para os jovens estão se tornando mais intencionais, como um respiro ao mundo hiperconectado. Uma das características dessa geração é a valorização do que é autêntico, real. E nada mais real do que o mundo lá fora. Mais do que nunca, vivemos a economia da experiência.

Qual a oportunidade para as marcas?

Enquanto a digitalização avança, a geração Z está cada vez mais consciente de seus hábitos online e busca encontrar um equilíbrio saudável entre suas interações digitais e sua vida real. Assim como os produtos de luxo se destacam pela exclusividade e pela escassez, as marcas que forem capazes de oferecer experiências offline memoráveis têm grandes chances de conquistar consumidores que valorizam sua privacidade e liberdade.

Com tanto conteúdo ao qual um indivíduo da gen Z é exposto em seu celular, todos os dias, os momentos offline aparecem como um "refúgio” para o ritmo acelerado das redes. 

As marcas que considerarem o uso de estratégias offline podem esperar:

  • A criação de conexões genuínas entre pessoas e, consequentemente, do senso de comunidade ao redor da marca
  • Fãs fiéis, captando os consumidores através da criação de memórias afetivas e do apelo emocional
  • Buzz nas redes sociais. Porque, melhor do que pensar em uma estratégia que integre o online e o offline, é pensar: de que forma isso pode ser interessante o suficiente para que meus consumidores postem organicamente em seus perfis sobre a experiência que tiveram?

O futuro do luxo reside nas experiências. As marcas que compreenderem e se adaptarem a essa mudança serão pioneiras em cativar mentes e corações da próxima geração de consumidores.

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